Saúde

60% dos infectados com Covid-19 não tiveram sintomas “típicos”, diz estudo

Circuito MS

14:04 15/02/2021

Os resultados mais recentes do estudo inglês React (Real-Time Assessment of Community Transmission, Análise em Tempo Real de Transmissão Comunitária), conduzido pelo Imperial College em Londres, apontam que o conjunto de sintomas típicos ligados à Covid-19 é mais amplo do que se imaginava.

Atualmente, o governo inglês recomenda que qualquer pessoa apresentando ao menos um dos quatro sintomas “clássicos” da doença faça um teste. São eles: perda de olfato, perda de paladar, febre e tosse persistente.

Entretanto, 60% das pessoas infectadas que estão sendo acompanhadas pelo estudo não apresentaram nenhum destes sintomas na semana anterior a um resultado positivo no teste.

No total 1.147.374 pessoas, com idades entre 5 a mais de 55 anos, participam do React. Deste total, 6.451 foram diagnosticadas com Covid-19. Ou seja, 3.881 não tiveram nenhum dos sintomas típicos da doença.

Uma análise de casos entre junho de 2020 a janeiro de 2021 mostra que além dos sintomas clássicos, quatro outros são fortemente associados a casos da doença: calafrios, perda de apetite, dores de cabeça e dores musculares.

A pesquisa demonstrou uma correlação entre estes sintomas, sozinhos ou combinados com um sintoma clássico, e casos de Covid-19. Quanto mais sintomas combinados, maior a probabilidade de um resultado positivo.

Os sintomas também variaram de acordo com a faixa etária. Calafrios foram reportados por todas as idades, e dores de cabeça são mais comuns entre crianças e jovens de 5 a 17 anos.

A perda de apetite foi mais comum a partir dos 18 anos, e dores musculares entre os 18 e 54 anos. Além disso, a probabilidade de crianças e jovens de 5 a 17 anos terem febre, tosse persistente e perda de apetite é menor em comparação aos adultos.

Metade dos casos sintomáticos não são detectados

Os pesquisadores estimam que a estratégia atual de testes do governo inglês consegue detectar apenas cerca de 50% dos casos sintomáticos no país. Mas se os novos sintomas fossem considerados no critério, esse total subiria para 75%.

Segundo o Professor Paul Elliott, direto do programa React no Imperial College, “estas novas constatações sugerem que muitas pessoas com Covid-19 não serão testadas – portanto, não irão se isolar – já que seus sintomas não correspondem aos usados nas orientações de saúde pública para ajudar a identificar os doentes”.

“Entendemos que existe uma necessidade de critérios claros de teste, e que a inclusão de vários sintomas que são comumente encontrados em outras doenças, como a gripe sazonal, pode fazer com que pessoas se isolem sem necessidade”, explica.

“Espero que nossa descoberta dos sintomas mais informativos signifique que o programa de testes poderá tirar vantagem das evidências mais recentes, ajudando a identificar mais pessoas infectadas”, complementa Elliott.

O programa também identificou variação nos sintomas entre os pacientes infectados com a “variante inglesa” do coronavírus, que foi identificada pela primeira vez em Kent, no sudeste do país. A estimativa é que 86% dos casos de Covid-19 detectados em janeiro na Inglaterra seja causada pela nova variante, e não pelo vírus original.

Analisando os sintomas mais reportados em janeiro, e comparando-os com os dados de novembro e dezembro de 2020, os pesquisadores determinaram que mudança ou perda do olfato foi menos comum nos pacientes. Entretanto, o número de relatos de tosse persistente aumentou.

Via Olhar Digital

Comente esta notícia