Prédio na família há mais de 50 anos, hoje é endereço para o sonho de Rogério
9:50 03/10/2018
[Via Campo Grande News]
Por muito tempo, quem passava pelo bairro Amambaí teve a chance de se encantar com a vista da janela do carro ou do ônibus, mesmo que por poucos segundo. Do lado direito, uma casa aparentemente simples chamava atenção pelo jardim oriental cheio de vida.
Se o tempo deixasse, era possível descobrir o lago artificial com cascata, em contraste com o movimento intenso dos carros. Quem se aproximasse um pouco mais, via até as carpas, aqueles peixes coloridos bem característicos do Japão.
Depois da morte de dona Luiza, o Jardim Oriental também desapareceu, mas serviu de inspiração para o filho largar a Odontologia e abrir uma loja de aquários.
O prédio e a casa foram construídos por Jorge e Luíza Miyashiro. Até hoje pertencem à mesma família que mora no bairro há mais de 50 anos. O amor de dona Luiza pelo Amambai era tanto, que ela jamais pensou em sair dali. Em um dia de sorte, era possível vê-la pelo portão cuidando do jardim construído pelo filho Rogério, para a mãe que adorava plantas.
Conhecida pelos vizinhos pela gentileza e simpatia de quem adorava conversar com quem quer fosse, Luíza nunca se importou com os curiosos que paravam para perguntar do jardim, pedir para ver mais de perto e até tirar fotos.
Rogério, que sempre gostou de peixes, montou o primeiro aquário aos 10 anos de idade, aos 22 anos, chegou a ter 7 aquários dos quais cuidava sozinho da manutenção e da saúde dos peixes, “As pessoas tratam peixes e aquários como se fossem a mesma coisa: objetos descartáveis. Mas eles também são seres vivos que merecem cuidado e respeito. Nos meus aquários a preocupação é que eles tenham qualidade de vida”, conta.
Por sempre ter admirado o pai, um dos primeiros cirurgiões dentistas com registro no Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso do Sul, Rogério seguiu a mesma profissão. Até que o hobby da infância voltou à tona e virou negócio.
Infeliz no consultório, o presente para a mãe foi também a inspiração para montar a loja, especializada em aquários que hoje ocupa o prédio ao lado da casa.
Decidido, Rogério foi para o Japão em 2001, onde trabalhou por 8 anos juntando dinheiro para investir na empresa que atualmente é a principal fonte de renda dele e da esposa Luciana.
Ao voltar, Rogério transformou o prédio da família na moradia de centenas de peixinhos coloridos dos mais variados tamanhos. Discreto e em contraste com os altos prédios em volta, está o segundo jardim oriental construído por ele, com 4 metros de largura por 3 metros de comprimento, a pequena floresta verde é menor que o jardim da mãe e está escondido nos fundos da loja, formando um paraíso cheio de vida em um cenário urbano.
Imagino que se esse texto fosse escrito há dois anos, na primeira vez que passei pela rua com o jardim oriental, a história seria muito mais rica.
Agora, tudo o que me vem à mente é a imagem do jardim que não está mais lá. Por muito tempo, foi uma cena rotineira na volta para casa e hoje é o retrato da ausência do verde, ausência da senhora japonesa tão querida pelos vizinhos e recomeço para os sonhos do filho, que assim como a mãe, não pretende deixar o bairro.
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