Papo de Uber vai muito além do trânsito e irmandade tem até pontos de encontro
11:20 05/10/2018
[Via Campo Grande News]
Com uma rotina bem diferente da do resto das pessoas, os motoristas de aplicativos estão por todos os bairros da cidade e, se não fosse pelos passageiros que carregam, passariam quase que todo o tempo sozinhos. Mas os grupos de bate-papo formados por eles dão uma forcinha para que a troca de informações pela internet e, claro, novas amizades. E a relação não fica só em nível virtual. Eles dão o exemplo e costumam encontrem para trocar essas ideias pessoalmente. Nestes momentos o colega vira amigo e o trabalho é a pauta principal dos cafés da manhã e almoços juntos.
Seja na Padaria Salomão, no bairro Amambaí, seja no Cerv Já para tomar um refrigerante, ou até mesmo no Lava-Jato do Moisés, no bairro Universitário, onde além de lavar os carros rola o almoça, tudo é combinado por meio dos grupos de Whatsapp ou pelos aplicativos mais específicos para transporte. “Geralmente acontece de o movimento estar mais fraco e um de nós sugerir uma pausa. Falamos nossa localização, convidamos os amigos, e nos encontramos”, explica Patricia Reis, que dirige há um ano e oito meses e participa de diversos grupos, como o Uber Rosa e Motorista Brasil.
Os encontros são também possibilidade de mexer vendas e uma rendinha extra. “Tem uma amiga que leva uma roupa pra vender, a outra leva café, o outro oferece seus serviços como corretor de imóveis, cada um aproveita para mexer seu outro trabalho, já que muitos de nós fazer Uber para complementar a renda”.
Mas nem sempre os pontos escolhidos para uma pausa no corre corre são os “de sempre”. Especialistas em promoções pela cidade, os motoristas sabem também daquele restaurante novo que abriu que tem o almoço bem baratinho, por exemplo. “Preço de gasolina nem se fala, é o tempo todo atualizando qual o posto mais barato. A gente também troca sobre serviços para veículos, assistência, falamos como está o movimento do dia, se teve algum passageiro complicado, se está saindo mais no dinheiro ou no cartão, é tudo isso e mais um pouco os temas que rondam nossos encontros”.
A amizade vai além do volante e dos papos sobre a rotina dos motoristas. “A gente se torna uma verdadeira irmandade, posso dizer assim. Se meu pneu fura, por exemplo, tenho pra quem correr, pedindo ajuda. Já sofri uma tentativa de estupro e foram meu amigos de aplicativo que me salvaram, então vejo que formamos uma corrente positiva de amizade”.
Até mesmo comemoração de aniversário acontece entre a “família Uber”. Na foto, o motorista Adão comemora ao lado de outros motoristas, já que na maior parte do tempo os dias passam muito mais dentro do carro do que de casa.
E assim como Patricia, Eduardo Monteiro também viu sua vida social mudar depois que entrou para o trabalho “itinerante”. Há quase dois anos atrás do volante e do perfil que precisa de classificação do usuário, ele diz que encontra parceria também dos passageiros.
“Meu número de amigos aumentou muito. E a gente conta com amizade tanto de outros motoristas quanto de passageiros. As vezes pegamos o passageiro, ele acaba gostando da viagem, da conversa, e acontece uma aproximação natural. As vezes é do mesmo bairro que o seu e a frequência de viagens é constante”, pontua ele.
Eduardo explica ainda que, na internet, os motoristas se dividem em grupos, e nos encontros pessoais rola uma mistura desses grupos específicos. “No meu grupo por exemplo tem 50 pessoas”, explica ele.
Danny Brandão acrescenta que o tempo dos encontros é curto, mas são nesses “alguns minutos” que relaxam de todo o estresse do trânsito e conseguem interagir com “esses parceiros que nos socorrem em qualquer situação”.
Ela, que se viu desempregada depois de um golpe de seu ex patrão em uma empresa de RH (Recursos Humanos), e pouco tempo depois também descobriu que estava grávida, encontrou no Uber a solução que a princípio seria momentânea, para sua vida financeira. Hoje, um ano e três meses depois, ela continua como motorista, justamente pela flexibilidade de horários que o emprego permite.
“Tenho dois filhos pequenos.Era, na época, minha única opção, e é um trabalho que, pra mim, a maior vantagem é o fato que eu posso fazer os meus horários”, conta ela, que também vê nos colegas outra grande vantagem: “São pessoas especiais com as quais me preocupo e eles comigo”.
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