Interior

Corumbá aposta nos cruzeiros fluviais durante a Piracema

Circuito MS

7:50 03/12/2018

[Via Campo Grande News]

Sem um plano de turismo que contemple outros atrativos em uma região tão rica em biodiversidade, Corumbá sofre uma estagnação em sua economia por conta da proibição da temporada da pesca esportiva, de novembro a fevereiro. A cidade não oferecia, até a iniciativa de operadoras locais, um roteiro alternativo para o turista na baixa temporada, com reflexos em toda a cadeia, desde o borracheiro, ao taxista, rede hoteleira, restaurantes, etc.

Nesse período de fim de ano e durante as férias escolares, um programa em família pode ser realizado no Pantanal: é o cruzeiro fluvial, de quatro a cinco dias, que inclui passeio pelo Rio Paraguai, flutuação nos banhados e contemplação da natureza na Estrada-Parque. Dois barcos-hotéis de luxo estão operando no período, desde o ano passado, atraindo cada vez mais grupos de várias regiões do País. O ecoturismo está chegando à Capital do Pantanal!

No passado, os cruzeiros fluviais não tiveram sucesso na região, devido ao custo da viagem, roteiros não atrativos e marketing malfeito. E também uma dose de desinteresse dos empresários, que preferiam manter as embarcações (de pesca) nos estaleiros para manutenção do que se aventurar em um turismo que só não dava certo em Corumbá. Hoje, a pesca ainda é o carro-chefe, mas essa tendência está mudando – e para melhor.

 

Embarcações oferecem conforto, navegando por uma região encantadora (Foto: Divulgação)Embarcações oferecem conforto, navegando por uma região encantadora (Foto: Divulgação)

Um novo turismo – Conhecer Corumbá já é uma viagem superinteressante, pela sua riqueza história. A cidade tem pelo menos 15 pontos turísticos urbanos, entre equipamentos religiosos e patrimoniais, como o Forte Junqueira, que fica na beira do Paraguai. O passeio fluvial nas águas calmas desse rio é um de leite, natureza se apresentando, revoada de pássaros e a oportunidade de ver uma onça-pintada, hoje comum na Estrada-Parque, onde o safari é feito em carro aberto.

A empresária Joice Santana, 46, colocou pela primeira vez, em 2015, uma de suas embarcações nas águas em plena piracema, captando clientes não-pescadores para uma viagem pelos encantos do Pantanal. Ela realizou sete viagens em 2017 e nesse ano fechou 14 até agora. “A cidade precisa abraçar esse novo turismo, é nossa vocação como cidade natureza”, diz ela. “As pessoas que fazem esse passeio se apaixonam pelo lugar.”

Defensora da pesca esportiva com cota zero, Joice aposta no cruzeiro fluvial para a baixa temporada –período em que nos demais destinos turísticos no Brasil e no mundo é de alta. Ela organizou um roteiro que inclui uma visita ao centro histórico da cidade e à Bolívia, passeios de bote pelo Rio Paraguai e safari ecológico e cavalgada na Estrada-Parque, unidade de conservação localizada no Pantanal da Nhecolândia com ótima estrutura de serviços.

Passeios incluem safaria pela Estrada-Parque, com boas estradas e serviços (Foto: Divulgação)Passeios incluem safaria pela Estrada-Parque, com boas estradas e serviços (Foto: Divulgação)

Réveillon no Amolar – A viagem é feita no Kayama, embarcação de luxo com três pavimentos, 25 cabines panorâmicas para 50 pessoas, ar-condicionado, sala de cinema, piscinas, elevador e auditório. O pacote, com apartamento duplo e tudo incluso, custa R$ 2.990,00, com desconto de 30% para o turista do Estado. “É uma viagem por água e terra, um turismo que está crescendo porque temos o que mostrar, desde a gastronomia à fauna exuberante”, diz a empresária.

Outra rota que está atraindo os amantes da natureza é a Serra do Amolar, ao Norte de Corumbá, uma morraria cercada por água, ambientes intocáveis e uma concentração de reservas que somam mais de 300 mil hectares, incluindo o Parque Nacional do Pantanal. Essa viagem de quatro dias é organizada pela operadora Peralta Cruise utilizando uma antiga embarcação de pesca esportiva totalmente reformada, com 10 cabines para 20 pessoas.

De 28 de dezembro a 2 de janeiro, o Peralta Cruise leva um seleto grupo ao Amolar para um fim de ano inesquecível, com direito a uma celebração especial no réveillon. O cruzeiro percorre uma das regiões mais fantásticas do bioma e chega ao Porto Índio, distante 350 km de rio de Corumbá, um destacamento militar situado na fronteira com a Bolívia. Ao lado, fica a reserva dos índios guató, os “canoeiros do Pantanal”. O pacote inclui jantares temáticos, passeios de caiaque e cavalo, visita a uma fazenda da região, trilhas e safaria fotográfico.

O Amolar é uma das regiões de maior biodiversidade do Pantanal, segundo o Ministério do Meio Ambiente, e há alguns anos deixou de ser apenas um dos locais preferidos de pescadores amadores. O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) transformou as unidades de conservação Acurizal, na divisa com Mato Grosso, e Eliezer Batista – ambas com pistas de pouso para pequenas aeronaves – em pousadas. Trilhas e morrarias são os atrativos desse lugar selvagem.

Vitória-régia é encontrada nas lagoas que margeiam o Paraguai, no Amolar (Foto: Divulgação)Vitória-régia é encontrada nas lagoas que margeiam o Paraguai, no Amolar (Foto: Divulgação)

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