Saúde

Solução para a saúde da Capital esbarra no interior, afirma secretário

Circuito MS

11:35 20/06/2019

[Via Campo Grande News]

A solução para a superlotação dos hospitais de Campo Grande passa pela reestruturação da gestão nas unidades da rede estadual de Saúde, incluindo o Hospital Regional Rosa Pedrossian. A afirmação é do secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, ao reconhecer que o HR ainda é palco de “problemas bastantes ruins” que vêm sendo enfrentados e para os quais há, ainda, estudos sobre um novo modelo de gestão para a unidade.

Nesta semana, o Campo Grande News confirmou que a SES avalia, junto com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) alugar leitos na rede privada para atenuar a falta de vagas na rede pública. Geraldo afirma que as tratativas devem ser desencadeadas na semana que vem, ao mesmo tempo em que será amadurecido projeto para a construção de um hospital municipal.

O secretário confirmou que a solução dos problemas da Capital passam pela implementação do projeto de regionalização da Saúde –que visa a reforçar o sistema nas sede cidades consideradas polos. Logo no início do ano, porém, já houve dificuldades quanto a formatação do sistema de OSs (organizações sociais) em Ponta Porã, assumido por outra instituição do tipo, e de Dourados, onde o Hospital Geral de Cirurgias passará a outra entidade. Paralelamente, foram necessários mais aportes para o Hospital Regional de Coxim. As três cidades são centros regionais de Saúde.

“Enfrentamos problemas em hospitais regionais, nos quais estamos mediando e procurando ajudar no que for possível”, disse Geraldo, segundo quem “se resolver o problema no interior, logicamente se resolve também na Capital”. O secretário afirma que as experiências com OSs seguem em análise em todo o país, devendo pautar também a próxima reunião do Conass (Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde, da qual ele é um dos vices-presidentes).

“É uma preocupação de todos os secretários de Estado de Saúde, que vão discutir qual de fato é a modelagem que melhor podemos ofertar, as experiências de gestão que podemos construir para os hospitais próprios nos Estados”, explicou.

HR – O secretário afirma que, desde que assumiu o cargo em janeiro, buscou alternativas para reestruturar a rede no Estado, com a assinatura de diferentes Proadi-SUS (Programas de Aprimoramento de Administração do Sistema Único de Saúde), consultando também grandes hospitais como o Alberto Einstein, Fundação Oswaldo Cruz e o Sírio-Libanês –este último, desde janeiro, participa do projeto de um plano de recuperação do Hospital Regional Rosa Pedrossian, que passa pela governança aos serviços de urgência e emergência.

O HR é apontado como um dos gargalos do setor de saúde, com constantes denúncias, agravadas em 2018, quando a falta de medicamentos e má qualidade de serviços prestados a pacientes –como a lavanderia e alimentação. Os fatos motivaram investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul e, com a troca de gestão da SES, houve também substituição do corpo diretor do hospital (hoje comandado pelo médico Márcio Eduardo de Souza Pereira), enfatizando a participação de servidores do local.

Apesar das mudanças, o secretário admite que “ainda há problemas, e problemas bastantes ruins” no HR, “que impedem o hospital de cumprir seu papel enquanto referência na média e alta complexidade. Temos uma equipe nova, oriunda do próprio quadro, que procuramos resgatar para que a solução passe, necessariamente, pelos servidores efetivos”.

Ele afirma ter sido traçado um plano emergencial para conter as mazelas no HR, mas que ainda há um caminho a ser percorrido para resolver “toda a complexidade dos problemas, que são crônicos e se arrastam há mais de décadas”. A solução, frisou, passa por novas formas de governança hospitalar.

“É uma realidade nacional, na qual todas as Secretarias de Saúde dos Estados apontam dificuldades na gestão de hospitais próprios”. Alternativas apresentadas por outros Estados, como a profissionalização da gerência –com uma mescla de comando público e funcionamento privado– estão entre as opções. “Queremos fazer um amplo debate para ver qual o melhor meio para reconstruir o Hospital Regional, de forma que ele ocupe seu papel de referência para a saúde pública. Não dá para ter um gasto enorme com recurso público naquele hospital e ter um resultado muito aquém do esperado”.

Especialidades – Geraldo informou, ainda, que o Estado mantém investimentos programados para a regionalização, que incluem a conclusão do Hospital Regional de Três Lagoas, até o fim deste ano, “dando um hospital de referência para 12 municípios daquela região”, e de Dourados, “que, apesar de alguns contratempos na evolução da obra, esperamos que sejam superados e o terminemos daqui a dois anos”.

As obras, prosseguiu, ainda incluem o Centro de Diagnóstico e Imagem de Dourados, do qual se espera a conclusão da licitação para oferecer exames de alta complexidade em uma região de 33 municípios. Ele ainda citou obras na Santa Casa de Corumbá e no Hospital Marechal Rondon, de Jardim, “e em várias cidades de médio porte houve reformas e ampliação de hospitais”.

O redimensionamento da rede ainda inclui melhorias na rede de hemodiálise em Naviraí e Três Lagoas, e na possibilidade de abertura do serviço em outras cidades. Geraldo afirmou, ainda, que há a necessidade de “discutir urgentemente a questão da oncologia (tratamento de pacientes de câncer) em Mato Grosso do Sul, na qual há falhas. Há muita participação de Campo Grande e exagero em alguns tratamentos, com mais equipamentos do que às vezes necessita em um local, enquanto no interior está desguarnecido”.

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