Depois de quase 5 anos de espera, Petrobras fecha venda da UFN-3
7:50 02/08/2019
[Via Campo Grande News]
Agosto, mês que desperta comentários sobre “nunca passar”, começou bem para os planos do governo de Mato Grosso do Sul em relação à economia. O Campo Grande News apurou que a Petrobras, em comunicação ao Estado, confirmou que oficializa ainda neste mês o acordo de compra e venda ao grupo russo Acron da UFN-3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) 3, em Três Lagoas, município a 338 quilômetros de Campo Grande. O negócio é bastante esperado, para tirar do “limbo” o projeto, parado desde 2014, apesar de estar com mais de 80% das obras prontos.
A confirmação menos de duas semanas depois de reunião de dirigentes da empresa com representantes do governo do Estado e da Prefeitura de Três Lagoas, cidade que preparou-se para receber a indústria com grande expectativa e há quase 5 anos convive com o canteiro de obras parado. Ali, chegaram a trabalhar mais de três mil pessoas.
Durante a reunião no dia 18 de julho, foi apresentado o cronograma para a concretização do negócio, avaliado em R$ 8,2 bilhões, incluindo os planos para retomada dos trabalhos e de investimentos a serem realizados. Foi tratado, ainda, o repasse ao grupo russo dos incentivos fiscais estaduais que haviam sido pactuados com a Petrobras.
Como costuma ocorrer em negócios desse porte, ninguém fala até o mercado ser comunicado oficialmente. Normalmente, isso ocorre com a publicação do chamado “fato relevante”, em jornais de grande circulação.
Celebração – Embora não comente oficialmente, governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB) comemorou hoje pela manhã o fechamento da compra e venda da fábrica parada em Três Lagoas. Durante agenda de lançamento da programação dos 120 anos de Campo Grande, ele citou os avanços em contatos com outros países. “Recebi nos últimos dez dias, embaixador da China, da Tailândia, recebemos os russos que estão comprando a UFN3”.
A obra da UFN-3 foi paralisada em dezembro de 2014, com 83% do empreendimento concluído, quando a Petrobras rescindiu o contrato com o consórcio responsável pela obra sob alegação de descumprimento de cláusulas. A fábrica acabou incluída no plano de reestruturação e recapitalização da estatal, sendo considerada um ativo passível de ser negociado.
O aval para a venda ocorreu em junho, depois de o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizar a negociação de subsidiárias de empresas públicas ou sociedades de economia mista sem autorização do Congresso ou licitação. A negociação com a Acron se arrastava desde o ano passado, aguardando a liberação judicial para avançar.
Capacidade – A UFN-3 foi projetada para comportar a fabricação de 70 mil toneladas de amônia e 1,22 mil toneladas de ureia granulada ao ano. Estima-se que, sozinha, a planta vai gerar mil empregos diretos e outros 10 mil indiretos. A Acron, segundo já divulgado, tem planos de US$ 1 bilhão na compra da fábrica e mais R$ 5 bilhões para sua conclusão, com a retomada das obras no primeiro semestre do ano que vem e início das operações até 2024 para produção de fertilizantes de múltiplos nutrientes e químicos.
Em julho, os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Rússia, Vladimir Puttin, fecharam acordo que visa o fornecimento de 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural –a ser transportado por Mato Grosso do Sul– para a unidade da Acron a partir de 2023. O combustível será extraído pela YPFB (Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos), estatal do setor no país vizinho, que terá também 12% da fábrica de Três Lagoas, em uma participação que poderá chegar a 30%.
Existe a previsão de que a Petrobras divulgue hoje seu balanço mais recente e a venda de ativos, como é o caso da fábrica, pode estar incluído. Procurada, a empresa não se manifestou ainda sobre a pergunta da reportagem em relação à confirmação do negócio.
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