No século XVIII, em 1717, três pescadores no Rio Paraíba do Sul, região do Vale do Paraíba, no que hoje seria Guaratinguetá (SP), encontraram uma imagem que descobririam ser de Nossa Senhora Aparecida. A história milagrosa da virgem Maria que deu aos famintos peixe, vira hoje símbolo de um pedido por mais atenção aos pobres e marginalizados.

Os fiéis tomam as ruas de Campo Grande neste sábado (12), dia nacional dessa santa que é a Padroeira do Brasil. Especialmente os devotos da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida na Avenida Tamandaré, onde aproximadamente 500 pessoas percorrem ruas da região. Devotos também são vistos, nessa manhã, na Vila Albuquerque e Avenida Guaicurus, e outros bairros da cidade.

Na Avenida Tamandaré, bebês de colo e idosos dividiam o espaço guiados pelas palavras do Padre Jair Máximo. Inspirado pelos pedidos frequentes do Papa Francisco, ele clama por mais atenção aos marginalizados. A caminhada começou por volta das 7h10. A estrutura de louvor tem carro de som, e imagem de Nossa Senhora elevada em altar, enquanto as pessoas cantam, rezam e evocam mensagens de amor, fé e paz.

Por quem mais precisa – “Vamos pedir pros nossos governantes. Que Nossa Senhora interceda por nosso país, que acabe com a ganância, com a corrupção, com a injustiça. Ela que sempre esteve ao lado dos pobres. Que olhem para os que sofrem, para os que têm fome, para os marginalizados, pelos esquecidos, para que esse país possa prosperar de vez”. Essa foi uma das mensagens do Padre ao conduzir os devotos.

O líder religioso explica que o povo brasileiro, católico em sua maioria, tem neste dia 12 um dia “muito particular”. “É o dia que celebramos a mãe de Deus. Além disso, é um dia de reza, de pedido pela realidade do nosso país. Somos um país tão rico e próspero, mas ainda temos muitos irmãos passando inúmeras necessidades”.

“É um dia de interceder pelo nosso país. Que tenhamos em Nossa Senhora um exemplo de quem lutou, venceu as dificuldades e manteve a esperança. Que nós busquemos em Deus a força para manter a esperança por dias melhores”, comentou.

Lídio da Costa participa dessa celebração há 66 anos e veio, do Aero Rancho, com os netos de seis meses e três anos. O de três, Joaquim Miguel, no colo do avô, e vestido com asinhas de anjo, já disse, com poucas palavras, gostar desse dia.

“Desde pequeno, nas minhas primeiras lembras, ia na igreja, na missa, fazia passeata, transferi essa fé pra toda família”, disse ele. O neto já acompanha o avô pela terceira vez, disse Lidio, orgulhoso. “O sentimento é de gratidão, só agradeço Nossa Senhora, tenho esperança de que atenda quem precisa”, completou.

Ari Fialho, 75, afirma que o momento nunca foi tão necessário. “Temos atravessado tempos difíceis, em todos os aspectos. As pessoas não têm amado, não têm sido pacientes e compreensivas. Isso gera reflexos negativos na sociedade como um todo. O mundo precisa de mais humanidade, amar mais e amar sem interesse”, comentou.

A memória mais antiga desse devoto do Rio Grande do Sul com Nossa Senhora Aparecida remonta aos seis anos de idade. “Vim pra cá, mas a mudança não abalou minha fé, já busquei uma comunidade. Minha vida é muito melhor assim”.