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Sem aulas, transporte escolar está à beira da falência

Circuito MS

11:53 01/06/2020

Bruno Henrique/Correio do Estado

A pandemia do novo coronavírus afetou a economia de diversos setores, mas no que diz respeito ao transporte escolar, a forte crise está deixando a categoria a beira da falência. Sem aulas há mais de dois meses na rede pública e privada de Campo Grande, os serviços estão parados e proprietários de vans escolares — atualmente são 220 — cogitam até a venda de veículos e a mudança de profissão.

Com o não pagamento de grande parte dos contratos fechados neste ano, as quebras de contrato chegaram até a Defensoria Pública. Após reunião com o defensor Núcleo do Consumidor da Defensoria Homero Lupo Medeiros com a categoria, ficou acordado desde o último dia 22 de maio, 36 empresas do sindicato teriam que aplicar o desconto de 50% nas mensalidades.

Mesmo com o desconto, a crise atual não deixa perspectiva aos trabalhadores devido à incerteza da volta às aulas, segundo informou o presidente do Sindicato dos Transportadores Escolares de Mato Grosso Sul (Sintems), Rodrigo Aranda Armoa. A previsão é que a suspensão conforme decreto municipal termine no dia 30 de junho, mas prazo poderá ser prorrogado se assim definir o Executivo por conta da pandemia.

“Nós estamos vivendo praticamente da empatia de alguns pais que estão pagando a metade das mensalidades, foi feito um acordo na Defensoria Pública e aquelas pessoas que tem empatia, confiam no nosso trabalho e se colocam no lugar do próximo estão mantendo o pagamento, mas das vans que temos aqui, 30 proprietários não estão tendo como manter sem renda suficiente, eu como pai de família, estou procurando emprego em outro lugar, sou condutor há 12 anos e isso é um ato de desespero”, disse Armoa.

Para a categoria, se as aulas voltassem gradualmente, seria uma das ‘saídas’ para evitar a falência já que a queda faturamento foi de 75%. “A preocupação é a falência, devagar e aos poucos as aulas presenciais poderiam estar voltando aos poucos, mas é uma determinação, a gente não sabe o que de fato vai acontecer, se vai voltar ou não, existe essa proposta, mas não tem nada certo”, explicou.

Para tentar diminuir os danos aos trabalhadores da categoria, a prefeitura autorizou os motoristas utilizarem suas vans para outros serviços como atividade de fretamento e transporte de mercadorias, desde atendam as medidas do decreto, adequando as atividades enquanto vigorar o Estado de Calamidade Pública.

Sobre a medida, o presidente do sindicato contou que a ação não deu muito certo, uma vez que empresas que utilizam desse trabalho reduziram funcionários e não estão contratando. “É difícil as empresas fazerem parcerias, já que também estão cortando custos, ou prefere fretamentos menores, o que iria nos ajudar seria atividade de lotação de passageiros assim como acontece em grandes cidades como o Rio de Janeiro, não estamos pedindo algo definitivo, estamos pedindo algo emergencial”, contou.

A crise na área do transporte escolar deixou o motorista André Vicente Cruz, de 46 anos, que trabalha na área há 8 ano bastante preocupado. “Está bem complicado, a maioria dos pais não está, pagando, conforme acordo, estou com as contas atrasadas porque minha prioridade é comer, tenho família, nunca, aconteceu algo como esse, estou totalmente parado, todos os dias vou procurar por outro serviço”, disse.

André disse que não pensa em se desfazer do veículo, uma vez que tem esperança das aulas voltarem logo. “Até onde der eu quero continuar trabalhando com esse tipo de transporte, eu investi bastante, eu e minha esposa estamos calculando voltar às aulas em agosto, mas se não voltar aí sei como vai ser, espero que dê tudo certo”, finalizou.

Via Correio do Estado

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