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Moradores da Capital e interior ainda precisam lidar com a falta de acessibilidade

Circuito MS

14:02 08/03/2021

avenida calogeras acessibilidade - Calógeras - Naiara Camargo de Oliveira
Apenas alguns pontos específicos da Capital, que foram modernizados, possuem transitabilidade correta

Pessoas com deficiência (PcD) que andam pelas ruas de Campo Grande precisam conviver com a inacessibilidade. Deficientes visuais e deficientes físicos relatam enfrentar dificuldades diariamente nas vias da capital.

Indivíduos com deficiência visual precisam lidar com desníveis e buracos em ruas e calçadas, rampas inadequadas ou até mesmo inexistentes, travessias sem a devida sinalização e ausência de pisos táteis, guias, sistemas sonoros e placas em Braille.

Já pessoas com deficiência física correm o risco de bater de frente com ruas e calçadas desniveladas e emburacadas, rampas indignas e falta de elevadores adequados.

A avenida Calógeras, entre a Maracaju e Dom Aquino, na região central da cidade, encontra-se em situação desonrosa para o público com deficiência.

Calçadas estão em péssimo estado, com buracos, rachaduras, desníveis e até vegetações nascendo. Algumas estão sem pisos táteis e esquinas não possuem rampas.

Mirella Ballatore Holland Tosta, artesã e aposentada, possui uma doença rara conhecida como “ossos de cristal”. É presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de Mato Grosso do Sul (AMDEFMS). Além disso, luta em defesa da acessibilidade e direitos.

Ela conta que já caiu no Centro da Capital, em uma calçada irregular na Rui Barbosa entre a Sete de Setembro e Quinze de Novembro, há cerca de 25 anos. “Eu já era cuidadosa e, desde então, fiquei mais cuidadosa ainda”, narra.

Além disso, revela que uma rampa pode ser mais arriscada do que um degrau. “Mal feita, com inclinação errada e com declive errado. Não pode ser qualquer tipo de rampa” .

Ballatore pontua que a acessibilidade, seja em Campo Grande, no interior ou no resto do país, não é pontual e sim uma regra. “Avançamos muito em Campo Grande, mas ainda há muito a ser feito, tanto pelos órgãos públicos, quanto pela sociedade civil. Estamos lutando e estamos avançando. Mas é uma luta constante”, complementa.

Por outro lado

Após obras do Reviva Campo Grande na rua 14 de Julho, Centro da Capital, a acessibilidade é exemplo.

Sinais sonoros, rampas adequeadas e acessíveis, pisos táteis, travessias sinalizadoras e calçadas espaçadas são encontradas nesta rua, que é o berço do comércio do município.

O Correio do Estado entrou em contato com a Secretaria de Infraestrutura de Campo Grande para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Interior

A falta de acessibilidade não é encontrada apenas em Campo Grande. Cidades do interior também lidam com o mesmo problema, não apenas em ruas ou calçadas, mas também em veículos.

Inácia Paixão do Nascimento é moradora do Recanto dos Pintados, uma habitação próxima ao município de Rochedo, e, eventualmente visita a capital. Ela teve paralisia infantil e tem as duas pernas comprometidas.

No dia 26 de fevereiro, teve que pagar R$150,00 em um táxi que faz o trajeto de sua casa até Campo Grande, pois a van que faz o transporte não tem condições para deslocar pessoas com necessidades específicas. O itinerário Rochedo-Campo Grande, de van, custa R$20,00.

“A dificuldade é embarcar na van daqui. Os degraus são super altos para mim. As calçadas de Rochedo são altas e não possuem rebaixamento”, conta.

Lei

De acordo com a Constituição Federal de 1988, é lei a inclusão e acesso à acessibilidade de pessoas que possuem algum grau de deficiência.

PcD têm o pleno direito à(ao):

  • Saúde, lazer, educação, alimentação, trabalho, moradia, transporte, segurança e esporte
  • Igualdade de oportunidades
  • Igualdade entre homens e mulheres
  • Acessibilidade
  • Inclusão e participação plena e efetiva na sociedade
  • Dignidade
  • Autonomia individual
  • Liberdade de fazer suas próprias escolhas
  • Respeito
  • Cotas e vagas destinadas à esse grupo
  • Atendimento preferencial

Via Correio do Estado

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