Remédio derivado de fungo se mostra eficaz contra câncer em ensaios clínicos
14:17 18/10/2021
Uma parceria entre a Universidade de Oxford e a empresa biofarmacêutica NuCana descobriu que o medicamento quimioterápico NUC-7738, derivado de um fungo do Himalaia, tem uma potência 40 vezes maior para matar células com câncer do que seu composto original.
De acordo com um estudo, publicado pela Clinical Cancer Research, a nova droga também tem bem menos efeitos colaterais tóxicos.
O análogo de nucleosídeo de ocorrência natural conhecido como Cordycepin (também chamado de 3′-desoxiadenosina) é encontrado no fungo Cordyceps sinensis, do Himalaia, e tem sido usado na medicina tradicional chinesa há centenas de anos para tratar câncer e outras doenças inflamatórias.
No entanto, de acordo com o site Medical Xpress, o elemento se decompõe rapidamente na corrente sanguínea, de modo que uma quantidade mínima dele chega até o tumor. A fim de melhorar sua potência e avaliar clinicamente suas aplicações como droga contra o câncer, a empresa biofarmacêutica NuCana desenvolveu Cordycepin em uma terapia clínica , usando sua tecnologia ProTide para criar um medicamento de quimioterapia com eficácia bastante melhorada.
Uma vez no organismo, o Cordycepin requer transporte para as células cancerosas por um transmissor de nucleosídeo (hENT1), deve ser convertido no metabólito anticâncer ativo conhecido como 3′-dATP por uma enzima de fosforilação (ADK), e é rapidamente decomposto no sangue por uma enzima chamada ADA.
Medicamento usa tecnologia nova para combater o câncer
Juntos, esses mecanismos de resistência associados ao transporte, ativação e degradação resultam na entrega insuficiente de metabólito anticâncer para o tumor. NuCana utilizou a nova tecnologia ProTide para projetar uma terapia que pode contornar esses mecanismos de resistência e gerar altos níveis do metabólito anticâncer ativo, 3′-dATP, dentro das células cancerosas.
A tecnologia ProTide é uma abordagem nova para a entrega de drogas quimioterápicas às células cancerosas que age ligando pequenos grupos químicos a análogos de nucleosídeos como a Cordycepin, que são metabolizados posteriormente, ao atingirem as células cancerosas do paciente, liberando a droga ativada.
Tal tecnologia já foi usada com sucesso nos medicamentos antivirais aprovados pela FDA (agência reguladora dos EUA equivalente à nossa Anvisa) Remsidivir e Sofusbuvir para tratar diferentes infecções virais, como hepatite C, Ebola e Covid-19.
Os resultados do estudo sugerem que, ao superar os principais mecanismos de resistência ao câncer, o NUC-7738 tem maior atividade citotóxica do que a Cordycepin contra uma variedade de células doentes.
Pesquisadores de Oxford e seus colaboradores em Edimburgo e Newcastle estão agora avaliando o NUC-7738 no ensaio clínico de Fase 1 NuTide: 701, que testa a droga em pacientes com tumores sólidos avançados que eram resistentes ao tratamento convencional.
Segundo os primeiros resultados do estudo, o NUC-7738 é bem tolerado pelos pacientes e mostra sinais encorajadores de atividade anticâncer.
Outros ensaios clínicos de Fase 2 deste medicamento estão sendo planejados em parceria com a NuCana, para aumentar o número crescente de medicamentos contra o câncer com tecnologia ProTide que estão sendo desenvolvidos para tratar diversos tipos da doença.
Via Olhar Digital
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