Bacias e barragens são soluções para enchentes, diz especialista
9:25 24/01/2022
Sistema de drenagem atual necessita de investimento contínuo para funcionar corretamente
Enchentes e inundações em Campo Grande podem ser resolvidas com investimento na construção de barragens, reservatórios de contenção (os famosos piscinões) e bacias de amortecimento, aponta o engenheiro ambiental e especialista em drenagem urbana doutor Leandro Bais.
Segundo o especialista, o sistema atual de drenagem não está preparado para grandes eventos chuvosos e necessita de investimentos para controle e amortecimento dessas ondas de cheia que ocorrem nos córregos.
“Temos córregos em boas condições e que recebem manutenção recorrente. Mesmo assim, ainda é necessário um investimento em estruturas que controlam as enchentes nas áreas urbanas, adaptando as calhas dos rios para o escoamento das grandes cheias, como acontece atualmente no Rio Anhanduí, mas, principalmente, construindo estruturas para controle de inundações, como barragens e adaptações em seus canais”, explica Bais.
O especialista ainda esclarece que já existem barragens espalhadas por regiões de Campo Grande, como nos córregos Sóter e Prosa, mas a Capital necessita de mais, visto que a cidade continua crescendo.
“Embora Campo Grande possua algumas barragens espalhadas, para uma cidade como a nossa, é necessário maior investimento neste tipo de solução e de forma mais continuada, uma vez que a cidade continua crescendo e cada vez mais áreas são impermeabilizadas em nossas bacias hidrográficas, aumentando o escoamento das chuvas e reduzindo a infiltração de água da chuva no solo”, esclarece o especialista.
No fim do ano passado, em entrevista ao Correio do Estado, o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, disse estar em conversa com empresas privadas com o objetivo de ajudar a financiar investimento de R$ 120 milhões para a construção de sete barragens de contenção nos córregos Segredo e Imbirussu.
Conforme o secretário, seriam quatro barragens no Córrego Segredo e três no Córrego Imbirussu, com a mesma funcionalidade das cinco construídas no Córrego Sóter.
Questionado sobre a possibilidade de as enchentes piorarem com o passar dos anos, Bais informa que o Plano Diretor de Drenagem do município prevê situações adversas de enchentes que já existiam antes mesmo do plano e se precavê com medidas para evitar que o problema aumente.
Ou seja, o documento institui medidas para que a situação das inundações da Capital não piore.
“Esse Plano Diretor faz com que todo novo empreendimento que acontece em Campo Grande, pode ser uma casa residencial ou pode ser um grande mercado, tenha que cuidar da água da chuva dentro da sua área, então, se você constrói um mercado na Capital hoje, você precisa ter um reservatório de detenção. Então, por mais que a construção impermeabilize o solo, ela não aumenta a vazão de água que vai para os rios de Campo Grande. Dessa forma, por mais que a cidade expanda, a gente não vai ter aumento da vazão dos rios. O problema é que, antes de o plano existir, já tínhamos inundações, resolvemos um problema que seria não deixar piorar, mas ainda temos que lidar com o que já existia”, pontuou.
O Plano Diretor de Drenagem Urbana de Campo Grande foi publicado em 10 de julho de 2015 e é considerado novo e atualizado em relação às situações do município.
MEDIDA
Na Capital, existe a lei complementar n° 341/2018, referente ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental do município de Campo Grande (PDDUA), que cria o Índice de Relevância Ambiental (IRA), medida que é um parâmetro urbanístico ambiental de uso e ocupação do solo que visa à qualificação da vida urbana, por meio do incentivo à implantação de dispositivos de controle de drenagem combinado ao plantio e à manutenção de cobertura vegetal nos terrenos do município.
O projeto visa incentivar a criação de pontos onde a água possa infiltrar o solo.
A iniciativa ainda não está em vigor, mas, assim que publicada, será aplicada a todos os novos empreendimentos, públicos ou privados, na aprovação do licenciamento urbanístico e ambiental, realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur).
Caso façam ampliações ou regulamentações, empreendimentos antigos também terão de se adaptar à norma.
OBRAS
O secretário Rudi Fiorese detalhou à reportagem do Correio do Estado que durante esta gestão foi feito investimento para a construção de uma bacia de contenção na Praça das Águas, além de uma bacia de contenção na Vila Nasser e no Nova Lima.
“Nesta gestão foram feitos investimentos em bacias, e a função delas é reduzir o pico de vazão de água. Porque você retém e vai soltando a água depois, lentamente”, enfatiza.
Além das que já foram construídas, o governo municipal está na fase final de licitação de mais uma, informou o titular da Sisep.
“Estamos na fase final de licitação de uma bacia de contenção no Córrego Réveillon, ali nas proximidades da Avenida Hiroshima e a [Avenida] Mato Grosso. Isso vai ajudar a evitar o alagamento que temos próximo ao shopping”.
Para conter o alagamento na rotatória da Avenida Rachid Neder com a Avenida Ernesto Geisel, há a possibilidade do início da construção de uma barragem no Córrego Segredo ainda este ano, revelou o Fiorese.
Já para o Córrego Imbirussu, o secretário disse já ter os recursos assegurados para a construção de uma bacia de contenção na região da Vila Nasser.
Via Correio do Estado MS
Comente esta notícia
compartilhar