Saúde

Parto humanizado ganha força entre as mães

Circuito MS

19:52 03/02/2022

Cesariana, normal ou humanizado? Após a notícia de uma gravidez, esta é a primeira pergunta que um casal faz ao trazer ao mundo uma nova vida

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A primeira dúvida traz uma inquietação que o teste resolve. Teste feito e com o resultado positivo, chega a hora de administrar a gangorra emocional, e hormonal, para a segunda dúvida: “Como eu vou parir?”.

Sendo ou não o filho primogênito, a sensação de pane é certeira e repleta de interrogações em torno da decisão. Ao descobrir a gravidez, muitas mulheres ficam em dúvida sobre qual o melhor parto e as principais diferenças entre eles.

Entre os tipos mais comuns estão o parto cesáreo e o normal. Entretanto, atualmente, o humanizado, embora pouco conhecido, tem sido opção recorrente entre as mulheres.

Com o objetivo de prestar auxílio às futuras parturientes, as ginecologistas Marisa Brunherotti, responsável pelo Laboratório de Estratégias em Promoção da Saúde (LabLEP’S) da Universidade de Franca (Unifran), e Elisabete Dair, docente do curso de Medicina da instituição paulista, elencam a seguir as principais diferenças entre as três opções.

PARTO HUMANIZADO

O parto humanizado engloba vários aspectos, mas principalmente relaciona-se à participação da gestante de forma ativa e consciente para as decisões e intervenções realizadas durante o período de trabalho de parto.

“É importante que a gestante, durante o pré-natal, tenha acesso a todas as informações possíveis sobre o parto para que possa realizar as decisões conscientemente. Os desejos da gestante são considerados, tendo como objetivo evitar muitas intervenções e que o bebê possa nascer da maneira mais natural possível, sem experiências traumatizantes, e geralmente há um envolvimento da família”, explica Elisabete Dair.

Marisa Brunherotti enfatiza ainda que o parto humanizado é um processo que envolve empatia, respeito às questões culturais e dignidade para a proteção física e emocional da mãe e do bebê.

“A experiência do parto deve ser compartilhada entre a família e a equipe de saúde para que os direitos materno-infantis sejam garantidos”, afirma a médica.

PARTO NORMAL

Já o parto normal é feito por via vaginal, e a mulher entra em trabalho de parto de modo espontâneo ou induzido. O parto normal tem fases, sendo elas a insinuação fetal, a descida, o desprendimento fetal e, em seguida, a saída da placenta.

“Esta deve ser a primeira opção para o nascimento do feto, mas a decisão envolve diversos fatores, como a saúde e o bem-estar do bebê, a presença de doenças preexistentes ou alterações que surgiram durante a gestação. O tamanho do bebê também deve ser considerado, além do desejo materno”, orienta Elisabete Dair.

Outro ponto a se considerar nesta opção é a episiotomia. Segundo a dra. Elisabete, trata-se de uma incisão realizada na região médio-lateral da vulva durante o parto.

“Atualmente, a episiotomia só é realizada com o consentimento materno, quando o feto é muito grande e acaba demorando para nascer por causa do períneo”, explica.

Marisa Brunherotti aponta ainda que, nesta escolha, a gestante deve buscar informações referentes ao processo de gestação que possibilitem o seu preparo físico e psicológico para o momento do parto, no bom popular, a chamada “boa hora”.

Segundo a especialista, o parto normal tem os benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Por exemplo, menores riscos de infecção, recuperação física mais rápida para a mãe, amamentação facilitada nas primeiras horas, entre outros.

CESÁREA

A cesariana é uma forma de parto cirúrgico em que é realizada uma incisão na região abdominal ou pélvica. A ginecologista Elisabete Dair explica que essa opção é indicada, geralmente, quando há risco materno ou fetal.

“Fetos muito grandes, posições fetais anômalas ou mesmo quando há cirurgias uterinas prévias que podem levar ao risco de ruptura uterina durante as contrações do trabalho de parto são alguns exemplos em que a cesárea é indicada”, orienta a médica.

“Para o parto cesáreo, é necessária a indicação clínica e a consideração acerca da vontade da gestante sobre o tipo de parto. É muito importante a introdução precoce da educação reprodutiva, para que gere o empoderamento e a consciência sobre as decisões de parto de forma segura e protetiva para a mãe e o bebê”, ressalta Marisa Brunherotti.

RISCOS E CUIDADOS

Para a drª. Elisabete, entre os principais riscos durante o parto e o pós-parto estão os sangramentos e as infecções.

Os cuidados posteriores também envolvem medidas de prevenção ou mesmo de diagnóstico precoce de possíveis doenças.

“Na primeira hora após o parto, o risco de sangramento é maior; desta forma, é necessária uma vigilância maior nesse período. Outro ponto importante é o estímulo precoce à amamentação. Deve-se estimular a realização de caminhadas, assim que permitido, para evitar fenômenos tromboembólicos. A cicatriz de cesárea, ou mesmo a episiotomia, deve ser mantida limpa e seca”, recomenda a especialista.

A dra. Marisa destaca também que, a partir do autocuidado e de uma boa orientação da equipe de saúde envolvida, os riscos do pós-parto tendem a diminuir consideravelmente.

“É importante a rede de apoio, que proporciona condições para a mãe cuidar do seu bebê e ser cuidada”, afirma a médica.

As especialistas, que atuam como professoras da Unifran, ressaltam que atualmente há necessidade de empoderamento dos parceiros quando se refere à via de nascimento do bebê, para que possam, com segurança e confiança, vivenciar o momento do parto.

“A saúde materno-infantil é protegida com o seguimento adequado do pré-natal ao pós-parto”, diz dra. Marisa.

“No Brasil, é assegurado à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada na gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis”, complementa a dra. Elisabete.

Via Correio do Estado MS

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