Troca de gasolina por gás veicular proporciona 44% de economia
11:57 22/03/2022
Conversão e regularização pode levar investimento inicial próximo dos R$ 7 mil e se pagar em 18 meses, quando há circulação acima de 1.000 km por mês
O mega-aumento no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras no começo deste mês levou motoristas a buscar alternativas. Para economizar, a troca para o gás natural veicular (GNV) pode ser um bom negócio. Tudo depende da quilometragem percorrida durante o mês.
Em uma expectativa realista, um veículo que consome um litro de gasolina para percorrer 10 quilômetros economizaria 44% com o GNV.
No entanto, a principal conta que deve ser feita é o prazo de retorno do investimento.
Sócia-proprietária da GNV Tech, um dos quatro estabelecimentos de Campo Grande autorizado a fazer a conversão em automóveis, Dalila Duarte afirma que o principal grupo de clientes é o de motoristas de aplicativo.
“Se você anda 200 km por dia, o investimento se paga em quatro ou cinco meses”, disse.
Em um cenário diferente, rodando 1.000 km mensais, seria necessário 18 meses para reaver o valor.
Com preço médio para conversão na casa dos R$ 5,3 mil e encargos e taxas que custam R$ 1.500, muitos proprietários acabam se assustando com o investimento.
“Tenho recebido muitas consultas por orçamento, mas, para ser sincera, isso não se converteu em trabalho”, revelou a empresária.
Gerente de atendimento da Sertec Gás, Mário Márcio de Freitas corrobora o panorama apresentado por Dalila.
“Essa mudança não se concretizou em trabalho porque o GNV também sofreu aumento no último reajuste. O etanol também subiu, mas agora eles custam basicamente o mesmo”, relatou.
“E o preço [da instalação] pode aumentar caso a pessoa escolha um botijão maior, mas, por outro lado, há perda de espaço no porta-malas, então, é preciso avaliar isso”, afirmou o gerente de atendimento.
Esse é o caso do motorista de aplicativo Aurimar Lima. Ele diz que já considerou fazer a conversão, mas os altos custos e a falta de acessibilidade o afastaram da ideia.
“Não quis porque retira o espaço no porta-malas e, como muitos clientes precisam carregar bagagens e compras, se o porta-malas não for grande, fica inviável”, revelou Lima.
O motorista também teve de deixar de trabalhar por causa do aumento dos combustíveis. “Como aumentou demais e o app não repassou o valor nas corridas, achei melhor sair”, justificou.
Contas e custos
Quem percorre 1.000 quilômetros no mês desembolsa R$ 700 de gasolina para encher o tanque, contra R$ 391 de gás natural – economia de 44%.
Em termos de autonomia o custo para cada real gasto com o combustível fóssil se converte em 1,44 km rodado. No caso do GNV, essa autonomia salta para 2,55 km por real gasto.
Essa conta é influenciada também pela quilometragem por litro de gasolina que o carro apresenta. Quanto menor essa razão, mais econômico tende a ser o GNV. Usando o mesmo cenário, um veículo que faz mais de 12 km por litro demora cinco meses a mais para ter o investimento pago.
A economia quando comparado o enchimento do tanque de combustível com o do botijão ficaria em torno de R$ 21 para um automóvel que faz 10 quilômetros por litro.
Com um botijão de 30 litros, o menor disponível, capaz de ser preenchido com 7,4 metros cúbicos de GNV, é possível andar 20 km a mais do que com o equivalente em gasolina.
Em março de 2021, essa vantagem econômica era maior.
O preço do gás veicular custava em média R$ 3,55 em Mato Grosso do Sul, 24,5% a menos do que o preço médio atual de R$ 4,69, de acordo com o sistema de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Encargos
Essa troca fica ainda mais complexa se inseridos os valores gastos na regularização do veículo no Detran. Conforme Dalila Duarte, custa R$ 1.500 para deixar tudo em dia no órgão estadual.
“Primeiro, você tem que pagar R$ 200 para fazer o serviço. Depois de instalado, é necessário pagar R$ 430 para uma vistoria do Inmetro. Para alterar a documentação do veículo, são mais R$ 680 no Detran, que depois ainda faz uma última vistoria de R$ 200”, disse Dalila.
A empresária ainda relata que houve queda no movimento no começo deste ano. “Tivemos poucas conversões em janeiro e fevereiro, acho que culpa do período com muitas contas para pagar. Faço em média 30 conversões por mês, em janeiro e fevereiro foram cerca de 10. Neste mês de março parece que as coisas melhoraram um pouco”.
Segundo a Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás), em 2021, foram realizadas 32 conversões por mês (nem todas são regularizadas junto ao Detran, por conta da burocracia e das taxas).
Ainda segundo a empresa, são quatro oficinas autorizadas a fazer a conversão e oito postos regulamentados pela ANP em Mato Grosso do Sul.
Via Correio do Estado MS
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