Segurança

Cansados de roubos, comerciantes ameaçam ‘acabar’ com vagões da Orla Ferroviária

Circuito MS

12:50 13/11/2017

[Via Midiamax]

Quando chega o final do expediente comercial e dá o horário de os lojistas fecharem as portas dos estabelecimentos, a pergunta que fica é: “será que minha loja vai amanhecer inteira e com tudo no lugar?” Este medo virou rotina há alguns anos. E cansados dos roubos e arrombamentos diários, a categoria ameaça acabar com os vagões da Orla Ferroviária com as próprias mãos.

De acordo com os comerciantes da região central de Campo Grande, principalmente os do entorno da Orla Ferroviária, afirmam que o problema está na quantidade de moradores de rua e consumidores de drogas que passaram a utilizar os vagões como abrigos.

Comerciante na região há 7 anos, Thiago Alves de Oliveira, 31 anos, já teve o estacionamento do qual é dono arrombado uma vez. Recentemente, a barbearia que ele está montando foi também invadida por ladrões. O prejuízo foi de mais de R$ 4 mil.

Na porta ao lado, a lanchonete de Luiz César Simões Pereira, 51 anos, já foi arrombada quatro vezes. A última foi na semana passada, quando os ladrões até consumiram bebidas e comidas dentro do local, deixando embalagens abertas espalhadas.

O modus operandi dos ladrões é geralmente o mesmo toda vez. Segundo os lojistas da região, eles entram pelo telhado e destroem os forros para abrir passagem.

E para os comerciantes, o policiamento não é mais garantia de repressão a esses crimes. “O único jeito é acabar com esses vagões, porque aí eles não têm onde ficar”, enfatiza Thiago.

Na semana passada, Luiz César levou à Prefeitura um documento no qual solicitava um posicionamento efetivo em relação aos vagões. “Dei o prazo de até amanhã (14) para alguma providência ser tomada, caso contrário, nós mesmos vamos acabar com tudo isso daqui”, diz. Uma parte do grupo mais exaltada ameaça, inclusive, atear fogo nos vagões.

Um projeto abandonado

Inaugurada em 2013, a Orla Ferroviária vinha trazer a Campo Grande a recuperação do leito da histórica Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). O espaço foi montado para ser uma grande praça de alimentação e no projeto inicial os vagões seriam usados como lanchonete e atenderiam o público.

O tempo passou e nem todos os planos foram concretizados. Atualmente, o local está abandonado e os vagões foram ocupados por moradores de rua e usuários de drogas.

Para o comerciante Jorge Gonçalves, 52 anos, que é um dos concessionários dos vagões e um dos únicos que ainda resiste ao tempo e ao lugar, a situação de abandono faz com que as pessoas tenham medo para frequentar a região.

“Mas não temos o que fazer, aqui é o nosso ganha pão, precisamos sobreviver de alguma maneira”, desabafa Jorge.

Em uma volta rápida pela Orla Ferroviária, é possível ver, além dos moradores de rua, a depredação dos vagões, o consumo de drogas, sentir o odor do lixo acumulado, entre outras situações.

A Prefeitura foi questionada sobre a existência de algum projeto para retomar os vagões e colocá-los em funcionamento novamente, mas não houve resposta sobre esta questão.

Segurança

Segundo o presidente do Conselho de Segurança da Região Central de Campo Grande, Adelaido Vila, no início de 2017, a Capital registrava o número de 1200 moradores de ruas somente no Centro. No último levantamento, realizado em outubro deste ano, o valor subiu para 1800.

“É um aumento muito significativo e a gente percebeu que tem muita gente vindo do interior do Estado. A gente tenta tirar da rua, mas ele não quer sair. Então, isso é mais um problema de assistência social que acabou virando de segurança. São vários setores que estão falhando, o cara acaba se transformando em um delinquente por falta de assistência social”, pontua Vila.

Contudo, o presidente do Conselho afirma que para coibir a ação dos assaltantes, as câmeras de monitoramento da região central, que estavam paradas por falta de manutenção, voltaram a funcionar 100%.

“As abordagens policiais também estão sendo feitas. Mas o nosso grande drama é a noite, porque não tem como levar para delegacia o cara que está só dormindo na rua, isso não é crime”, ressalta Vila.

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Campo Grande afirmou que a Guarda Municipal tem intensificado as rondas com carros, motos e bicicleta durante o dia e à noite nas Orlas Ferroviária e Morena.

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