Bolsa e dólar reagem a alívio na China sobre a Covid
8:24 28/04/2022
A forte valorização das ações de exportadores de commodities metálicas permitiu a recuperação parcial da Bolsa de Valores brasileira e colaborou com a queda do dólar nesta quarta-feira (27), apesar da aversão global aos investimentos de risco devido às ameaças da inflação mundial.
O Ibovespa, indicador de referência do mercado de ações do Brasil, subiu 1,05%, a 109.349 pontos. A recuperação parcial ocorre após uma sequência de sete quedas diárias. A mineradora Vale deu a maior contribuição ao avançar 5,35%.
Outras companhias ligadas à produção de metais estiveram entre as mais valorizadas do pregão. A Gerdau subiu 6,01%. A CSN ganhou 4,58%.
Após três sessões em alta, o dólar comercial recuou 0,46% na venda, a R$ 4,9670, embora a cotação tenha passado dos R$ 5 pela manhã.
Além da valorização do setor de commodities, que atrai dólares de estrangeiros para o mercado doméstico, o Banco Central também atuou com o intuito de segurar a cotação, realizando um novo leilão de swap cambial tradicional.
Entre as principais matérias-primas exportadas pelo Brasil, o minério de ferro voltou a ter seus contratos futuros valorizados após dias de fortes baixas. Na cidade portuária de Qingdao, na China, a alta de 1,49% significou um alívio depois do tombo de 10% no acumulado de quatro sessões no vermelho.
Permissões para a reabertura de fábricas e o afrouxamento do confinamento para contenção da Covid em Tangshan, principal centro produtor de aço da China, conforme reportou a agência Bloomberg, são as razões apontadas por analistas para a recuperação das commodities metálicas.
Promessas do governo chinês sobre injeções de recursos no setor de infraestrutura ajudaram a ampliar o otimismo sobre o aquecimento da demanda no país que é o maior produtor e consumidor de aço do planeta.
“O avanço dos papéis das siderúrgicas refletiu o contexto da China, em que os preços do minério de ferro se recuperaram devido à melhora da percepção sobre os impactos da Covid”, comentou o analista Robson Correa.
Investidores também avaliaram notícias sobre certo alívio na pressão inflacionária doméstica. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,73% em abril, sobre alta de 0,95% no mês anterior, informou o IBGE nesta quarta-feira. A alta veio abaixo do esperado. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,85% para o período.
Isso teve reflexo no mercado local de juros futuros, cujos contratos com vencimento nos próximos anos passaram a indicar queda.
Entre a véspera e esta quarta, a taxa DI (Depósitos Interbancários) para janeiro de 2023 caiu de 13,02% para 12,97%. Esse tipo de contrato é negociado exclusivamente entre bancos, mas serve de referência para o mercado de crédito.
Em Nova York, o índice mais importante da Bolsa, o S&P 500, avançou 0,21% após uma véspera com quedas agudas espalhadas por todos os segmentos. O Dow Jones subiu 0,19%.
O indicador focado no setor de tecnologia Nasdaq recuou 0,01%, depois de no dia anterior ter atingido a sua maior queda percentual diária desde setembro de 2020.
Na China, o índice de ações que acompanha as empresas de Xangai e Shenzhen subiu 2,94%, recuperando-se parcialmente do tombo de quase 6% acumulado em duas sessões negativas.
O mercado financeiro mundial opera desde a semana passada sob o crescente temor de que as restrições a atividades econômicas para o combate ao coronavírus na China provoquem prejuízos às cadeias globais de suprimentos, repetindo uma situação ocorrida no auge da pandemia.
Riscos inflacionários devido à oferta de produtos vindos da Ásia reforçaram a expectativa de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) elevará agressivamente os juros para tentar conter a maior inflação no país em quatro décadas.
Investidores também temem que uma dose exagerada na elevação dos juros conduza a economia americana à recessão.
Nas negociações de derivados do petróleo, as atenções ficaram voltadas para o gás natural. O preço de referência dos contratos negociados na Europa subiu 4,09%, a 107,42 euros (R$ 568,14) por MWh (megawatt-hora). Na véspera, a commodity já havia disparado 11,17%.
A companhia russa de energia Gazprom avisou a autoridades de Polônia e Bulgária que suspenderia a partir desta quarta o fornecimento de gás, após Varsóvia impor novas sanções a indivíduos e empresas do país presidido por Vladimir Putin.
Com a medida, os países se tornam os primeiros a ter o abastecimento do produto cortado pelo principal fornecedor da Europa desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro.
O mercado do petróleo teve um dia morno. O preço do barril do óleo bruto mais negociado, o Brent, subiu 0,20%, a US$ 105,20 (R$ 527,44). A matéria-prima, porém, se mantém em um patamar historicamente elevado desde o início da guerra, contribuindo para a alta da inflação global.
Via Folha de São Paulo
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