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MS tem 5,5% (109 mil pessoas) que omite orientação sexual, número maior que de “assumidos”

Circuito MS

17:25 25/05/2022

Mato Grosso do Sul tem 40 mil pessoas homossexuais e bissexuais, segundo pesquisa inédita do IBGE

Inédito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou hoje (25), o número de adultos que se autodeclaram homossexuais ou bissexuais, segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) desenvolvida em 2019. Subnotificados, os dados apontam que Mato Grosso do Sul apresenta 40 mil pessoas que se encaixam nessa categoria e, em todo o Brasil, o número é menor do que os que preferiram não responder.

“Trata-se da autodeclaração da orientação sexual. O fato de uma pessoa se autoidentificar como heterossexual não impede que ela tenha atração por ou relação sexual com alguém do mesmo sexo”, conforme comenta Maria Lúcia Vieira, coordenadora da pesquisa.

Conforme o IBGE, em 2019, MS registrava um total de 1,98 milhão de pessoas com 18 anos ou mais, sendo 2% (40 mil) respondendo como homossexuais ou bissexuais. Entretanto, esse dado ainda é menor do que os que não souberam ou se recusaram a responder à questão, cerca de 109 mil pessoas (5,5% da população).

Campo Grande não foi diferente e teve mais gente alegando não saber, ou se recusando a responder o quesito, 37 mil pessoas (5,4%), do que os declarados homossexuais ou bissexuais, 25 mil (3,7%).

“O número de pessoas que não quiseram responder pode estar relacionado ao receio do entrevistado de se autoidentificar como homossexual ou bissexual e informar para outra pessoa sua orientação sexual. Diversos fatores podem interferir na verbalização da orientação sexual, como o contexto cultural, morar em cidades pequenas, o contexto familiar, se sentir inseguro para falar sobre o tema com uma pessoa estranha, a desconfiança com o uso da informação, a indefinição quanto a sua orientação sexual, a não compreensão dos termos homossexual e bissexual, entre outros” analisa Maria Lucia.

Dados relevantes

Por região, dos adultos declarados homossexuais e bissexuais, o Sudeste aparece com 2,1%; 1,9% nas regiões Norte e Sul; 1,7% no Centro-Oeste, e 1,5% no Nordeste.

Ainda, os mais jovens (18 a 29 anos) aparecem na pesquisa ao mesmo tempo como o maior percentual de pessoas que se autoidentificam como homossexuais ou bissexuais, como também os maiores percentuais de respostas “não sabe” e de recusa em dar a informação, resultados semelhantes em países como o Reino Unido.

Segundo os números, dos adultos entre 18 a 29 anos, o percentual de pessoas que se declararam homossexuais ou bissexuais é de 4,8%.

Essa faixa também teve os maiores percentuais de pessoas que não souberam responder (2,1%) ou se recusaram a dar a informação (3,2%).

“O maior percentual de jovens que não souberam responder pode estar associado ao fato de essas pessoas ainda não terem consolidado o processo de definição da própria sexualidade”, aponta Maria Lucia.

Por fim, a população de homossexuais ou bissexuais é maior entre os que têm nível superior e maior renda. No grupo de pessoas com nível superior, 3,2% se declararam homossexual ou bissexual, significativamente maior do que os sem instrução, ou com nível fundamental incompleto (0,5%).

Maiores percentuais de homossexuais ou bissexuais também foram observados nas duas classes de rendimento mais elevadas, sendo de 3,1% para os que moravam em domicílios cujo rendimento per capita era de mais de três a cinco salários mínimos, e de 3,5% naqueles com mais de cinco salários mínimos per capita.

“Isso sugere que pessoas com maior nível de instrução e renda têm menos barreiras para declarar sua orientação sexual ou ainda maior entendimento dos termos usados”, observa Maria Lucia. “A proporção de pessoas que disseram não saber ou se recusaram a responder foi maior entre aquelas com menor nível de instrução e rendimento”, finaliza.

Via Correio do Estado MS

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