Os governos brasileiro e norte-americano trabalham em uma parceria para o combate à exportação ilegal de madeira da Amazônia e outros crimes ambientais, com apoio dos Estados Unidos, especialmente na área de inteligência, mas que pode vir a incluir também recursos para estruturação de bases na Amazônia.
A conversa sobre a parceria surgiu do encontro na quinta-feira entre os ministros da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, com o assessor especial da Casa Branca para Meio Ambiente, John Kerry.
Segundo Torres, os detalhes da cooperação ainda não foram definidos. Uma reunião técnica deve ser marcada nas próximas semanas para começar a desenhar um modelo de cooperação.
“Acho que se a gente passar a atuar mais em conjunto essa colaboração passa pela inteligência e troca de informações, a investigação desses caminhos da madeira. Os caminhos ilegais, os compradores”, disse à Reuters o ministro da Justiça.
O encontro com Kerry tratou de diversos temas da política ambiental brasileira, mas foi centrado na apresentação ao assessor da Casa Branca das políticas de combate ao crime organizado na região –que inclui extração e venda ilegal de madeira, mas também garimpo e outros crimes.
Torres defende que a ação inicial tem que ser policial e que os Estados Unidos podem colaborar em várias áreas.
“Eu estou pronto. Se quiserem fazer um trabalho sério na região tem que atuar com a Polícia Federal, com as Forças Armadas, tem que conversar conosco”, disse.
“A gente ficou de tratar na próxima reunião dos detalhes, do tipo de cooperação. No meu ponto de vista eu acho que eles têm que ajudar em tudo, mas isso ainda não foi tratado.”
A exportação ilegal de madeira é vista com um dos pontos iniciais do desmatamento na Amazônia. Árvores nobres, com apelo comercial, são as primeiras retiradas para venda ao exterior com documentos falsificados, o que abre caminho para uma segunda etapa de retirada de madeiras menos nobres até que se chega no corte raso para transformação da área em pasto.
Há alguns anos, o governo norte-americano passou a cuidar com mais atenção da entrada de madeira no país e foi responsável pela apreensão de toras exportadas com guias falsas de exportação, o que levou a uma operação que detectou milhares de metros cúbicos retirados de áreas de preservação e vendidas como se saíssem de áreas de exploração autorizada.
A cobrança do governo brasileiro por investimentos externos na área de fiscalização na Amazônia é antiga. Quando os Estados Unidos lançaram, em 2021, uma nova iniciativa ambiental, o então ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, apresentou um plano em que pedia 1 bilhão de dólares para preservação da Amazônia legal, sendo parte justamente para fiscalização.
O plano, no entanto, não foi aceito. O governo norte-americano queria, à época, mais indicadores do compromisso brasileiro contra o desmatamento. Entre eles, a redução dos índices. Até agora, no entanto, isso não aconteceu.
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