Polícia

Cabral completa 1 ano na cadeia e, mesmo preso, mantém relações de poder

Circuito MS

10:50 17/11/2017

[Via Midiamax]

Preso desde novembro do ano passado, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), apontado na Operação Lava Jato como chefe do maior esquema de corrupção já existente no Estado, completa nesta sexta-feira (17) um ano de cadeia.

O político já foi condenado, no total, a 72 anos e quatro meses de reclusão, sendo duas sentenças aplicadas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, e uma por Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele ainda pode ser punido em outros 12 processos nos quais é réu.

Mesmo detido na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte carioca, Cabral mantém relações de poder, conforme apontam investigações da Polícia Federal e do Ministério Público do Estado.

Segundo apuração sigilosa conduzida pela PF, o ex-chefe do Executivo tentou montar um dossiê contra Bretas e sua mulher, que também é magistrada, a partir de consultas suspeitas a registros de ocorrências em delegacias da Polícia Civil.

O caso, revelado em reportagem da “TV Globo”, veio à tona depois de uma tensa audiência na 7ª Vara, em 23 de outubro, quando Cabral enfrentou Bretas ao ser interrogado. Na ocasião, em ação penal que trata do crime de lavagem de dinheiro a partir da aquisição de joias e pedras preciosas, o ex-governador se disse vítima de perseguição, afirmou que o juiz estava buscando “projeção pessoal” e ainda fez menção à família do magistrado:

“Vossa Excelência tem um relativo conhecimento sobre o assunto porque sua família mexe com bijuterias. Se não me engano, é a maior empresa de bijuteria do Estado”, afirmou ele. Bretas rebateu: “Eu discordo”. “São as informações que me chegaram”, retrucou o peemedebista.

Ao fim da audiência, o procurador da República Sérgio Pinel declarou que o ex-governador confessou ter recebido “informações indevidas dentro da cadeia” e pediu a transferência dele para uma penitenciária federal. Na versão do MPF, Cabral estaria atuando de forma ilegal no sentido de reunir dados para sua defesa.

Pinel também considerou que houve por parte do réu uma ameaça direta a Bretas e sua família. O juiz da 7ª Vara concordou com a argumentação e autorizou a transferência do preso, que posteriormente foi confirmada pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça.

Reportagem do UOL revelou com exclusividade que o destino de Cabral seria a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS). No entanto, a defesa do ex-governador conseguiu uma liminar no STF (Supremo Tribunal Federal), deferida pelo ministro Gilmar Mendes, que manteve o político detido em Benfica.

No primeiro encontro entre juiz e réu após a liminar que cancelou a transferência, em audiência realizada no dia 8 de novembro, na 7ª Vara, ambos trocaram gentilezas durante interrogatório. Cabral pediu desculpas ao magistrado e afirmou que estava muito exaltado na sessão anterior. “Estamos de bem”, respondeu o juiz.

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