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Aumento da pobreza é motivo para alta de trabalhos análogos à escravidão em MS

Circuito MS

7:00 23/07/2022

Além do aumento da pobreza, também houve maior investimento em operações de combate a esse tipo de exploração

Com aumento no número de casos de trabalhadores encontrados em situação análogas à escravidão, nos último dois anos, em Mato Grosso Sul, estima-se que uma das principais razões é aumento do índice de pessoas a situação de extrema pobreza, segundo Procurados do Trabalho.

Em coletiva de imprensa ontem (22), o Ministério Público do Trabalho (MPT), juntamente com a Defensoria Pública da União e Ministério do Trabalho e Previdência, apresentaram balanço da atuação da força-tarefa de combate ao trabalho similar ao escravo.

Esses órgãos, juntamente com a Polícia Militar Ambiental (PMA), fiscalizaram propriedades rurais de diversos municípios do Estado, resultando no resgate de trabalhadores flagrados em condições análogas à escravidão.

A partir dessas ações, 10 pessoas foram encontradas em situação de trabalho análogo em propriedades rurais de Mato Grosso do Sul.

Segundo os dados da auditoria-fiscal do Trabalho do Estado, apenas em 2022, 72 pessoas foram resgatadas nesta situação, ações que resultaram de 8 ações fiscais, nos municípios de Porto Murtinho, Bela Vista, Ponta Porã, Corumbá e Naviraí.

Conforme o levantamento, entre as atividades realizadas pelos trabalhadores durantes os flagrantes estavam: aplicação de herbicidas; reforma e construção de cercas; carregamento de eucalipto; roçada de pasto; plantio de cana-de-açúcar; criação de bovinos.

Em 2021, os números foram mais altos ainda, tendo sido encontradas 81 pessoas em situação trabalho similar ao escravo, resultado de 11 ações fiscais.

Já em anos anteriores, entre 2016 e 2020, esses números foram menores, sendo que em 2018 nenhum caso foi registrado.

Diante desses números, percebe-se que nos últimos dois anos, houve um aumento expressivo no número de pessoas encontradas em situação de trabalho semi-escravo.

Segundo o Procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes, umas das hipóteses para a alta dos casos é o aumento do número de pessoas em situação de extrema pobreza e o desespero por qualquer tipo de emprego.

“Isso por si só acaba jogando um número maior de pessoas nessa situação, se submetendo a situações degradantes como essa”, disse.

Já o Defensor Público Federal, Rodrigo Esteves Rezende, ressalta que, além do aumento da pobreza, também houve maior investimento em operações de combate a esse tipo de exploração.

“Foi criado um fluxo de combate, feito por uma portaria do Ministério da Cidadania, uma atuação coordenada que inclui ações dessas instituições, como a vistoria fiscal do trabalho, Ministério do Trabalho, Defensoria Pública da União, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, o Ministério Público Federal”, ressaltou.

Pobreza e trabalho

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio domiciliar per capita de 2020 foi de R$ 1.349, com queda de 4,3% ante 2019 (R$1.410).

Em 2020, caso não houvesse programas sociais, esse rendimento teria sido 6,0% menor (R$ 1.269), e a queda em relação a 2019 seria de 8,4%.

O décimo da população com a menor remuneração teria reduzido em 75,9% os seus rendimentos, sem esses programas sociais.

Com a pandemia de Covid-19, o nível de ocupação no Brasil foi o menor da série: 51,0%. Entre os jovens com 14 a 29 anos, esse indicador caiu de 49,4% em 2019 para 42,8% em 2020.

No mesmo período, a taxa de informalidade da população ocupada do país caiu de 41,4% para 38,8%. Entre os pretos ou pardos, essa taxa em 2020 era de 44,7%, ante 31,8% da população ocupada branca.

Além disso, pretos ou pardos representavam 53,5% da população ocupada, mas 64,5% dos subocupados por insuficiência de horas.

Via Correio do Estado MS

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