Maior parque eólico do Brasil e América Latina será ampliado pela segunda vez
16:03 28/10/2022
Brasil se destaca em energia limpa e avança em novas gerações de fontes renováveis, mostram especialistas
Começaram neste mês as obras de ampliação do complexo Lagoa dos Ventos V (399 MW), a segunda expansão do maior parque eólico atualmente em operação na América do Sul. A previsão de conclusão é em 2024.
A Enel Green Power Brasil, braço de geração renovável da Enel Brasil, está investindo cerca 2,5 bilhões de reais na construção, que fica no município de Dom Inocêncio, no Piauí.
A primeira ampliação do complexo eólico Lagoa dos Ventos, iniciada em 2020, já está parcialmente em operação e a expectativa é de que esteja 100% concluída até o fim do ano. Atualmente, o complexo possui cerca de 1 GW em funcionamento e, quando estiver totalmente pronto, terá capacidade instalada superior a 1,5 GW.
A previsão é de que o parque eólico Lagoa dos Ventos V seja composto por 70 aerogeradores. Quando estiver em plena operação, será capaz de gerar cerca de 1.670 GW por ano, evitando a emissão de mais de 910 mil toneladas de CO₂ na atmosfera anualmente.
Com a segunda expansão de Lagoa dos Ventos, a capacidade instalada total do complexo atingirá mais de 1,5 GW, com 372 aerogeradores capazes de gerar mais de 6,7 TWh por ano e evitar a emissão de mais de 3,6 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera a cada ano.
Segundo Bruno Riga, responsável pela Enel Green Power no Brasil, desde o início das obras da primeira etapa de Lagoa dos Ventos, em 2019, a empresa sabia que se tratava de um novo parâmetro em termos de escala de projetos renováveis no setor elétrico brasileiro.
“Temos orgulho de iniciar agora a construção da segunda expansão do complexo, que consolida Lagoa dos Ventos como um gigante eólico. Pretendemos aproveitar ao máximo as sinergias geradas por nossa longa presença na região para colocarmos este novo parque em operação o quanto antes e seguirmos contribuindo para a diversificação da matriz energética do país, disponibilizando uma energia limpa, confiável e economicamente competitiva”, mostra Riga.
A Enel Green Power desenhou um layout de planta baseado numa avaliação em alta resolução dos recursos eólicos para otimizar a produção de energia em Lagoa dos Ventos.
A empresa está utilizando uma variedade de ferramentas e métodos inovadores na construção do parque, como drones para levantamento topográfico, rastreamento inteligente de componentes de turbinas eólicas e plataformas digitais e soluções de software para monitorar e apoiar remotamente as atividades nos canteiros de obra, além de ferramentas de projeção e acompanhamento da obra em 3D, 4D e 5D.
De acordo com o projeto, estas soluções possibilitam uma coleta de dados mais rápida, precisa e confiável, aumentando a qualidade da construção e facilitando a comunicação entre os times dentro e fora da obra. As inovações se estendem à segurança na execução do projeto, reforçando o principal compromisso da Enel.
Em Lagoa dos Ventos, a empresa utiliza, por exemplo, sensores de proximidade em máquinas para aumentar a segurança dos trabalhadores. A empresa também implementou nos canteiros de obra, iniciativas em linha com o modelo “Sustainable Construction Site” da Enel Green Power, como ações de economia de água e reaproveitamento de água da chuva, bem como medidas de eficiência na iluminação.
Cenário no Brasil
A matriz elétrica brasileira é uma das mais limpas do mundo e, como mostra o Plano Decenal 2031, da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), tende a manter essa característica. Segundo o relatório, o Brasil contará com R$ 3,25 trilhões em investimentos na matriz energética nos próximos dez anos
De maneira geral, fontes renováveis são mais baratas principalmente porque não demandam combustíveis (exceto no caso das térmicas a biomassa).
Este documento mostra que o país deve expandir sua matriz energética em 30% até 2031, mantendo a proporção de 50% de fontes renováveis. Vale ressaltar que, no mundo, o patamar de energia renovável é de apenas 14%.
Energia Eólica
O Brasil tem, atualmente, capacidade de produzir 22.000 MW de energia eólica e somente a região Nordeste é responsável por 20.000 MW, ou seja, mais de 90% da produção nacional. São 828 parques eólicos em operação no país, sendo 725 parques no Nordeste.
Os maiores potenciais de ventos estão localizados na parte setentrional do Nordeste, representando ventos com grande velocidade, unidirecionais e estáveis, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. O fator de capacidade médio verificado para as usinas eólicas do Nordeste no período de maio/2021 a abril/2022, foi de 39,8%, enquanto, no mesmo período, para as usinas eólicas da região Sul do país, foi de 33,8%.
Os estados brasileiros que mais geraram energia eólica nos últimos 12 meses foram a Bahia, o Rio Grande do Norte, o Piauí e o Ceará. Somados esses estados representaram aproximadamente 84% da energia total gerada por essa fonte no período citado.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, para 2022, é esperado o acréscimo de 2.900 MW de energia eólica na matriz energética nacional, consolidando-a como a segunda maior fonte de energia do país.
Energia do sol
Terceira fonte na matriz elétrica brasileira, solar caminha para assumir a segunda posição nos próximos meses O Brasil ultrapassou uma nova marca histórica, a de 21,1 gigawatts (GW) de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos, o equivalente a 10,5 % da matriz elétrica do País.
Dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) mostram que de janeiro ao início de outubro deste ano, a energia solar cresceu 52,2%, saltando de 13,8 GW para 21,1 GW. E, nos últimos 120 dias, o ritmo de crescimento tem sido praticamente de um GW por mês, colocando a fonte na terceira posição da matriz elétrica brasileira (julho: 16,4 GW, agosto: 17,5 GW, setembro: 18,6 GW, outubro: 21,1 GW).
De acordo com a entidade, a fonte solar já trouxe ao Brasil cerca de R$ 108,6 bilhões em novos investimentos, mais de R$ 28,7 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 630 mil empregos acumulados desde 2012. Com isso, também evitou a emissão de 29,9 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
Outras fontes de energia
Várias outras fontes de energias renováveis vem se destacando no Brasil. Segundo informações da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o investimento do biogás como fonte de energia elétrica pode ser a solução para o crescimento das fontes de energia renováveis e com grande nível de intermitência, como a solar e a eólica.
Por meio da geração termelétrica a biogás, o Brasil pode diversificar sua matriz elétrica ao passo que descarboniza o setor elétrico. A gerente executiva da ABiogás, Tamar Roitman, explica que o país usufrui de apenas 2% da capacidade de geração. “O Brasil tem potencial para produzir 19 GW de energia elétrica a partir do biogás, mas atualmente produz apenas 375 MW”, pontua.
O biometano é outro segmento que precisa de atenção, já que o aproveitamento do potencial brasileiro é de apenas 0,2%. Poderiam ser produzidos 121 milhões de m³ por dia em território nacional, mas apenas 360 mil m³ são gerados.
Ainda falando sobre outras fontes, as centrais hidrelétricas de pequeno porte – CGHs, PCHs e UHEs autorizadas até 50MW – começam a abrir espaço para outra fonte geração de energia elétrica no Brasil.
O sistema opera com baixo impacto ambiental, geralmente funcionam a fio d’água. Ou seja, não utilizam grandes áreas alagadas para os reservatórios, utilizando a força da própria queda do rio ou de pequenos reservatórios para gerar a energia elétrica.
Leilões de geração de energia
Conforme informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no primeiro semestre de 2022, foram investidos R$ 15,29 bilhões nos leilões para expansão da oferta de energia elétrica no Brasil. Dos 13 lotes ofertados neste ano, todos foram arrematados. No ano passado, foram ofertados 5 lotes, sendo também todos arrematados.
O Leilão de energia elétrica é um processo licitatório, ou seja, é uma concorrência promovida pelo poder público com vistas a se obter energia elétrica em um prazo futuro (pré-determinado nos termos de um edital), seja pela construção de novas usinas de geração elétrica, linhas de transmissão até os centros consumidores ou mesmo a energia que é gerada em usinas em funcionamento e com seus investimentos já pagos, conhecida no setor como “energia velha”.
O Brasil irá lançar duas licitações de geração de energia e uma de transmissão ainda este ano. Os próximos são os leilões de energia existente A-1 e A-2, previstos para 2 de dezembro.
Na terça-feira (25), a Aneel aprovou o edital para os leilões. Os preços-teto são R$ 140 reais/MWh (US$ 26,30) para A-1 e R$ 150/MWh para A-2.
A energia poderá vir de qualquer fonte e deverá ser fornecida em 2023 e 2024.
Em 16 de dezembro, a agência realizará o segundo leilão de transmissão de energia de 2022, o qual oferecerá seis lotes, com investimentos totais estimados em R$ 3,3 bilhões.
Os lotes ofertados totalizarão 710 quilômetros em linhas de transmissão e 3.650 MVA em capacidade de transformadores para subestações.
Os ativos estão nos estados do Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.
Via CNN Brasil
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