Com o esparramento descontrolado pelas redes sociais de ameaças de massacres e invasões em escolas públicas de Campo Grande, muitos pais e responsáveis pelos alunos estão optando por não mais levarem as crianças para as unidades de ensino e cobram do Poder Público medidas que possam garantir a segurança no período escolar. Em resposta, a Prefeitura Municipal anunciou uma série de ações que estão sendo adotadas para proteger os estudantes e servidores públicos.

A nota foi publicada através do perfil oficial da Secretaria Municipal de Educação (Semed) na rede social Facebook na tarde desta terça-feira (11). Conforme consta, haverá reforço na ronda escolar com a convocação de mais 100 guardas metropolitanos aprovados no último concurso, além da disponibilização de 10 viaturas para atender às 99 escolas da Rede Municipal de Ensino (REME) e 106 creches. Serã feita a instalação de câmeras de videomonitoramento, sistema de alarme e trancas.

Outra medida anunciada pela pasta foi a criação de um canal direto para a comunicação entre as unidades de ensino com a sede da Guarda Civil Metropolitana, que será chamado de ‘Botão Antipânico’. A nota oficial também informa que 23 escolas consideradas de maior risco já foram mapeadas e, de imediato, terão efetivo da GCM durante o turno escolar.

“Essa medida será ampliada gradativamente conforme a incorporação de novos guardas nomeados por meio de concurso público. Em paralelo, todas as unidades de ensino da Reme terão a instalação de trancas nos portões de acesso”, informou a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal.

Outra medida apresentada para diminuir os riscos é fechar o portão de entrada dos professores, implementação de aplicativos com os diretores, chefias das redes de ensino e guarda civil, palestras e rondas constantes.

“Vamos fazer igual nossas Emeis, onde ninguém entra sem autorização. A inteligência artificial também vai nos ajudar com a segurança dos nossos alunos e servidores. Estamos reforçando a segurança de toda a comunidade escolar”, disse a prefeita Adriane Lopes.

O secretário municipal de Educação, Lucas Henrique Bitencourt, informou que está programada para a próxima segunda-feira (17), às 8h, uma caminhada pela paz, nos altos da Avenida Afonso Pena, com a presença de servidores da Semed e diretores de Emeis e escolas. “Vamos promover a caminhada juntamente com as ações que já estão em prática. Nossas escolas não podem parar e também não podemos aceitar esses tipos de ameaças”.

População pede mais segurança

No mesmo post feito pela Semed, vários pais e responsáveis por alunos da REME pediram medidas que possam garantir a segurança das crianças dentro das escolas. “Precisamos realmente de segurança, são nossos filhos que estão vulneráveis me sinto aflita sobre isso”, comentou uma mulher.

Já outras pessoas anunciaram que não vão mais levar seus filhos para a escola por terem medo de violência. “Simplesmente meus filhos não vai mais, enquanto não tiver uma boa segurança”, escreveu uma mulher. “Hoje eu conversei com minha filha, eu tenho 3 pequenos na escola de 5, 8 e 10 anso, e falei para ela fica de olho em tudo, nas pessoas, nos movimentos  Ela começou a chorar e disse que não queria ir. Eu fiquei com o coração na mão…”, compartilhou outra pessoa.

Também houve sugestão para a instalação de equipamentos de detecção de metais na entrada das escola para evitar que alguém entre com armas. Outras pediram para que seja feita a revista na mochila dos alunos maiores. Já outras pessoas querem a presença constante de um guarda armado fazendo o controle de quem entra e sai do estabelecimento de ensino.

Atentado em escola de Blumenau

As medidas que estão sendo adotadas pela Prefeitura de Campo Grande acontecem cinco dias depois do atentado ocorrido em uma escola infantil da cidade de Blumenau (SC), onde um jovem de 25 anos invadiu o local armado e matou quatro crianças de três a sete anos. O autor do ataque está preso preventivamente e é investigado por quatro homicídios qualificados e quatro tentativas de homicídio qualificadas.

Algumas semanas antes, em São Paulo, uma professora foi assassinada a facadas por um aluno de 13 anos dentro de uma escola. Já nesta terça-feira (11) duas estudantes ficaram feridas em um colégio em Santa Tereza de Goiás (GO). O adolescente responsável foi apreendido e levado para delegacia.

Um dia antes, outro caso de violência aconteceu no Amazonas. Os pais de adolescentes envolvidos na ação, em uma escola particular na zona sul de Manaus, foram chamados imediatamente até o colégio, e os estudantes feridos foram socorridos.

O que será feito em MS?

O governador Eduardo Riedel vai lançar na quarta-feira (12) um pacote de ações para coibir a violência e promover segurança nas escolas estaduais (REE).

A rede estadual já conta com um Centro de Monitoramento em Campo Grande, no bairro Amambaí, onde há o controle em tempo real das unidades que dispõem de câmeras e sistema eletrônico. O número de unidades monitoradas deve chegar a quase 300 escolas ainda neste mês.

Além disso, já existe o programa “Escola Segura, Família Forte”, que atende 128 escolas da Rede Estadual de Ensino e da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande desde o início de março deste ano e que deve atender aproximadamente 100 mil alunos dos ensinos Fundamental e Médio da Capital.

A rede de comunicação entre a comunidade escolar e o programa ocorre por meio de celulares disponíveis nas viaturas, além de um tablet que serve para o policial registrar toda e qualquer ocorrência dentro e no entorno das escolas. No total são seis equipes de atendimento em todas as regiões da cidade. Os diretores das escolas estão inseridos num aplicativo de mensagens que facilita a comunicação.

O patrulhamento escolar é feito por policiais militares levando em consideração dados de inteligência da Sejusp. Além da ronda no entorno das escolas na entrada e saída dos alunos, o programa promove a aproximação da comunidade escolar com a polícia e contribui para a redução dos conflitos no âmbito escolar.

Via Enfoque MS