Arroba do boi sobe 16,6% em um mês no Estado e registra tendência de valorização
9:50 11/10/2023
Escoamento da produção e demanda do varejo local ditarão os preços ao consumidor, que podem voltar a subir
Depois de meses seguidos registrando desvalorização da arroba do gado, a cadeia produtiva mostra reação em Mato Grosso do Sul. Dados da Granos Corretora apontam que, entre setembro e outubro, o preço da arroba do boi gordo subiu 16,59% no mercado físico estadual, saindo de R$ 200,29 no mês passado para R$ 233,53 na cotação deste mês.
No início de setembro, o gado passou a apresentar variação positiva no Estado. O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), Guilherme Bumlai, destaca que a conjuntura se dá em virtude da redução da oferta de gado gordo e também da atividade dos frigoríficos, que já não dispõem de um bom volume de gado pronto para abate.
“Essa reação é generalizada, ocorre em todas as praças produtoras, portanto, não é mais vantajoso buscar animais em estados próximos a MS, tendo em vista o custo do transporte”.
A consultora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Sistema Famasul), Eliamar Oliveira, explica que a valorização recente no preço da arroba tem seus motivos.
“É reflexo da dificuldade das indústrias em realizar negócios com os preços anteriores, preencher escalas de abate e atender à demanda”, analisa a consultora.
Para Bumlai, o cenário sinaliza tendência de valorização do boi gordo, que deve se estender até o último trimestre de 2023, aliada a fatores sazonais.
“Entramos na reta final do ano, e a proximidade com as festas de fim de ano sempre causam aumento no consumo doméstico”, pontua ele, que ainda acrescenta o fato de que o abate de gado vem aumentando, trazendo segurança, readequação no mercado, ajustes de preços e melhoria no valor da arroba.
Eliamar reitera que as comemorações e festividades de fim de ano, o aumento da renda com pagamento de décimo terceiro salário e as contratações temporárias devem puxar a valorização no setor.
“A melhora do consumo contribuirá para a manutenção dos preços da arroba, potencializada pela oferta menor de animais”, reforça.
Economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo aponta que o comportamento dos preços pagos ao produtor rural será ditado de agora em diante pela oferta potencial.
“Com a recuperação de preços, aqueles produtores que estavam aguardando uma recuperação certamente aproveitarão o momento para escoar parte da produção, e os preços devem responder conforme a intensidade dessa oferta”, analisa.
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VALORIZAÇÃO
Tendo como referência o dia 10 de cada mês de 2023, é possível observar que os primeiros meses do ano demonstraram uma tentativa de reação do valor do boi, que chegou a custar R$ 275 em abril.
A partir de maio, a arroba passou a sofrer oscilações negativas, caindo a R$ 246 no quinto mês do ano, R$ 226,50 em junho, R$ 241,63 em julho e em agosto recuou a R$ 217,52. Em setembro, a arroba chegou ao menor valor praticado desde julho de 2020, custando R$ 200,29.
Após um início de mês com queda expressiva, o gado começou a registrar valorização em setembro e neste mês segue acumulando alta de preços.
De acordo com a consultora Eliamar Oliveira, o que se observa é uma recuperação no preço da arroba depois de um período depreciado, com valor inferior a R$ 200.
“A cotação da primeira semana de outubro volta à casa dos R$ 235 a R$ 240 por arroba, aproximando-se do valor praticado em julho, mas está distante dos R$ 270 a R$ 275 praticados em setembro de 2022”, compara.
CONSUMIDOR
Na ponta final da cadeia produtiva, os preços dos cortes bovinos tiveram recuo em 2023. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que, de janeiro a setembro, a queda foi de 13,38%, considerando o preço médio dos cortes de primeira (coxão mole, patinho e coxão duro).
No primeiro mês do ano, o quilo da proteína animal era comercializado a R$ 39,58 e, em setembro, o preço médio foi a R$ 34,28.
A supervisora do Dieese em MS, Andreia Ferreira, explica que a coleta de preços é feita para os três tipos de cortes. “Fazemos uma ponderação desses cortes, os mais consumidos em Mato Grosso do Sul. Há redução, mas ainda aquém do que as pessoas esperam”, indica.
O economista Eduardo Matos afirma que recentemente houve um embate entre produtor rural e varejo.
“Depois de muita pressão e de os frigoríficos reduzirem o preço pago ao produtor, o varejo não baixou o preço de venda na mesma magnitude e foi acusado de se aproveitar da situação para operar com margem de lucro mais elevada”, afirma.
Eliamar ainda aponta que, apesar de ter tendência de alta, a carne bovina não deve subir muito.
“A conjuntura de renda limitada inibe valorizações expressivas da carne bovina, porque desestimulará o consumo ou prejudicará a competitividade dessa proteína em relação às demais”, detalha a técnica do Sistema Famasul.
Via Correio do Estado MS
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