Com 30 mil novos clientes no Estado, planos de saúde seguem em crise
10:59 06/02/2024
Dados da ANS apontam que, em Mato Grosso do Sul, mais de 600 mil pessoas utilizam planos de saúde, sendo a maioria delas jovens e menores de 18 anos
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, em Mato Grosso do Sul, houve um aumento de 30.434 pessoas que aderiram aos planos de saúde no ano passado, isso se comparado a novembro de 2022.
O levantamento aponta um salto de 637.410 usuários de planos de saúde em novembro de 2022 para 667.844 no mesmo mês do ano passado. No entanto, apesar desse crescimento, planos de saúde ainda relatam enfrentar crises pós-pandemia de Covid-19 e diversos processos de judicialização.
“O cenário nacional da saúde suplementar ensaia uma recuperação, mas atualmente segue sem grandes variações, em que as operadoras de saúde devem reajustar o preço em até 25%. Em relação ao custo assistencial, o setor ainda sente os impactos do pós-pandemia, entre eles a inflação na saúde
e o crescimento da demanda por atendimentos eletivos que estiveram represados durante o período da crise sanitária”, comenta, por meio de nota, a assessoria da Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems).
Ao todo, dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelam que até outubro do ano passado foram 4.066 processos registrados contra planos de saúde no Estado ou cerca de 13 por dia.
Gestor da Cassems, Ricardo Ayache opina que as judicializações impactam significativamente as empresas, mas que é necessário estar atento para que a coletividade seja preservada nesses casos e que não haja benefício individual dentro do que não é regulamentado.
Entre outros fatores que colaboram para que o setor siga em crise, Ayache frisa também o rescaldo da pandemia, no qual, além de diversos itens de saúde continuarem com altos preços e alguns ficando até mais caros, muitos pacientes que não realizaram procedimentos como cirurgias e check-ups recorreram aos planos de saúde pós-Covid-19.
Essa ida ao médico no pós-pandemia, além de ter esse fluxo aumentado, também trouxe muitos pacientes que descobriram doenças em um estágio mais avançado. Outro ponto citado por Ayache foram os novos tratamentos, mais tecnológicos, para diversas doenças, como oncológicas, renais crônicas
e para pessoas com transtorno do espectro autista, que também trazem mais custos aos planos.
“Não foi um ano fácil, embora nós da Cassems tenhamos tomado várias medidas para reduzir custos e crescer garantindo a qualidade de tratamento dos nossos associados”, diz Ayache.
Importante ressaltar que a Cassems tem uma diferença dos demais planos de saúde, uma vez que nem todos podem ser associados a ela, apenas funcionários públicos do Estado têm esse direito.
A Unimed Campo Grande relatou ao Correio do Estado que a saúde suplementar em todo o Brasil tem enfrentado desafios, principalmente pós-pandemia de Covid-19, mas que, apesar das dificuldades, também trabalha para manter o equilíbrio econômico e o atendimento aos usuários.
ENVELHECIMENTO
O envelhecimento populacional também foi um fator citado por Ayache para as dificuldades dos planos de saúde.
Em MS, de acordo com dados da ANS, 96.740 pessoas acima de 59 anos aderiram à saúde suplementar até novembro do ano passado. No mesmo período de 2022, eram 91.778 pessoas com 59 anos ou mais que utilizavam os planos de saúde no Estado, o que significa um aumento de 4.962 novos clientes em 2023.
No entanto, os jovens ainda são os maiores adeptos aos planos de saúde em MS. Números da ANS revelam que, na faixa etária de 0 a 18 anos, 170.040 pessoas eram beneficiárias da saúde suplementar em novembro do ano passado, enquanto no mesmo mês de 2022 esse número era de 163.701, ou seja, um crescimento de 6.339 usuários em um ano.
Outro aumento significativo foi de pessoas entre 44 e 48 anos, que saltou de 48.152 beneficiários em novembro de 2022 para 52.540 no mesmo período do ano passado, um acréscimo de 4.388 novos clientes.
Retirando as faixas etárias de 0 a 18 anos e acima de 59 anos, todas as demais foram separadas de quatro em quatro anos e representaram um aumento menor que 4 mil novos usuários. Entretanto, houve crescimento em todas as faixas etárias de MS.
Pessoas de 54 a 58 anos foram as que menos aderiram aos planos de saúde no ano passado, com um aumento de apenas 727 clientes, passando de 34.785 usuários em 2022 para 35.512 em 2023.
Via Agência Brasil
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