Pecuaristas de MS defendem subsídio de R$ 35 para famílias atendidas por programas do governo
9:00 07/03/2024
O objetivo do programa é fomentar o consumo de carne além de atender uma população em situação de vulnerabilidade
Com a queda de consumo da carne no país, pecuaristas de Mato Grosso do Sul, apresentaram para o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a proposta do “Programa Carne no Prato” para atender população em vulnerabilidade.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Guilherme Bumlai, conversou com o Correio do Estado, e explicou que a proposta pode movimentar toda a cadeia produtiva, incentivando outros setores relacionados, gerando criação de emprego.
No Brasil, houve uma queda significativa de consumo carne bovina per capita da população. Para se ter noção, o ano de 2023 apresentou o menor nível em 20 anos. “O Brasil atingiu 24,2 quilogramas (kg) por habitante, o menor nível desde 2004. Segundo relatório divulgado pela Agência Brasil, foi o quarto ano seguido de queda no consumo por habitante”, garante a entidade.
O baixo consumo da carne vermelha acarreta diretamente no valor da arroba do boi está baixa, não compensando para o produtor rural a comercialização. Já que com o valor recebido não cobre o que foi investido no rebanho com insumos.
A proposta visa um subsídio para famílias em vulnerabilidade – atendidas pelo Bolsa Família -, que receberiam aproximadamente R$ 35 e poderiam consumir até um quilo e meio de carne vermelha por mês.
“Precisamos incentivar o consumo, para poder vender esses animais que estão sobrando no pasto, enxugar o mercado. Consequentemente paga-se melhor preço para o produtor quando você tiver menos animais sendo ofertados”.
Importante frisar que dentro da grande oferta de gado no país, que de acordo com o diretor da Acrissul, é de aproximadamente 2,3 milhões, o mercado de exportação representa 20% enquanto o interno corresponde a 80%.
“A exportação não é o suficiente para que a gente tenha preços melhores para o produtor. Ela ajuda porque o frigorífico precisa de uma carne de qualidade e acaba melhorando para o frigorífico, mas para o produtor, não”, diz Bumlai.
“[Como] 80% dos animais abatidos são para o mercado interno, precisamos que a população consuma mais para que a gente possa ter mais necessidade de gados abatidos”.
A partir de então, para atender a demanda de famílias cadastradas do CadÚnico, e recebem o Bolsa Família, se o Programa Carne no Prato for implementado irá atender a demanda de 475 mil toneladas de carne bovina por ano.
“São famílias de baixa renda que são as escritas no CadÚnico, essas teriam acesso ao cartão. Nós pensamos em R$ 35 que seria mais ou menos para comprar 2kg de carne para atender uma família por mês”.
Atendendo esse número, o cálculo da Acrissul estima que geraria o abate de 2.350 milhões de cabeças de gado por ano, ou seja, 8% dos animais atualmente abatidos por ano no Brasil.
“Na verdade, esse é um programa que atende a classe produtora de animais bovinos, atende a indústria frigorífica que vai ter mais demanda, [o que corresponde] a mais geração de empregos, atende aqueles mais necessitados que não tem acesso à proteína vermelha e também temos a geração de impostos porque ao ganhar esse vale valor e ir lá no mercado comprar o produto tem a geração de imposto”, destacou o presidente da Acrissul.
Preço da carne
Com relação ao alto valor no preço da carne para o consumidor final, o presidente da Acrissul, explicou que a pecuária é cíclica, ou seja, tem momento que a oferta de gado para o mercado será alta e outros não. Em um momento em que a oferta não estava não alta, o valor da carne acabou encarecendo no supermercado ou açougue.
“A hora que subiu o preço, esse valor depois que caiu o arroba para o produtor, lá na ponta os açougues e os supermercados não baixaram. Então, [o valor] do produto continuou alto para o consumidor, embora tenha diminuído o valor para o produtor. A grande margem hoje está no varejo”.
“A arroba já esteve a R$ 300, então quando estava nesse valor ajustou-se o preço. A arroba veio para R$ 220, mas o varejo não acompanhou essa queda na mesma proporção. Então, diminuiu o consumo, isso é um ponto. E a partir do momento que a carne vermelha também está cara, o consumidor começa a comprar outras proteínas. E desenvolve o hábito na sua residência de outras proteínas e quando a carne baixa ele já mudou o hábito alimentar”, acrescentou Bumlai.
Via Correio do Estado MS
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