Azul firma acordo para financiar dívida de R$ 3,1 bilhões com credores
8:06 29/10/2024
O capital novo era uma condição do recente acordo da Azul com arrendadores para se desfazer de quase US$ 550 milhões em dívidas em troca de uma participação acionária de cerca de 20% na empresa
A Azul chegou a um acordo com detentores de títulos de dívida para obter financiamento adicional, informou a companhia aérea nesta segunda-feira (28), como parte de uma reestruturação que espera ser capaz de aliviar preocupações de investidores sobre sua situação financeira.
A empresa, que domina o setor aéreo brasileiro junto com Latam e Gol, conseguiu evitar o destino de diversas outras companhias aéreas latino-americanas que entraram com pedido de falência após a pandemia de Covid, incluindo suas duas principais rivais.
O capital novo era uma condição do recente acordo da Azul com arrendadores para se desfazer de quase US$ 550 milhões (R$ 3,14 bilhões) em dívidas em troca de uma participação acionária de cerca de 20% na empresa.
Esse acordo foi considerado por analistas como fundamental para fortalecer a posição de caixa da companhia aérea.
Pelo acordo com os detentores de títulos, a companhia aérea receberá US$ 150 milhões (R$ 855,88 milhões) esta semana e outros US$ 250 milhões (R$ 1,43 bilhão) até o final do ano, totalizando os US$ 400 milhões (R$ 2,28 bilhões) que vinha tentando levantar.
O acordo, acrescentou a Azul, pode incluir outros US$ 100 milhões (R$ 570,69 milhões) em financiamento e uma possível troca de dívida por ações no valor de até US$ 800 milhões (R$ 4,56 bilhões), caso a empresa consiga melhorar seu fluxo de caixa e reduzir seus custos em cerca de US$ 100 milhões por ano.
À reportagem, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que o financiamento anunciado hoje irá fortalecer o caixa da empresa, o que, segundo ele, facilita uma possível fusão com a Gol.
O executivo afirma que a companhia continua em conversa com a concorrente para uma fusão entre as duas empresas, que, juntas, representaram mais de 60% do mercado aéreo brasileiro em setembro deste ano, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Ainda de acordo com Rodgerson, a empresa nunca considerou entrar em um de Chapter 11 na Justiça dos Estados Unidos -recurso semelhante à recuperação judicial no Brasil. “Nunca esteve na mesa. Tinha muita gente especulando, mas nunca foi nosso plano”, disse à reportagem.
Rodgerson diz que também haverá outras formas de melhorar o fluxo de caixa da empresa, como a promessa da gestão Lula de destinar R$ 4 bilhões de ajuda financeira às companhias aéreas brasileiras. Neste mês, o governo enviou ao Congresso o projeto de lei que prevê a medida.
Ele destacou que entre as formas de a Azul atingir a redução de custos proposta estão negociações com arrendadores e fabricantes como Embraer, Airbus, GE e Pratt & Whitney, da RTX.
O anúncio desta segunda-feira, segundo a Azul, inclui também um acordo para melhorar o fluxo de caixa em US$ 150 milhões por meio da redução de certas obrigações com arrendadores e fabricantes de equipamentos nos próximos 18 meses.
A Reuters informou na semana passada, citando fontes, que a Azul estava em negociações com várias partes para levantar cerca de US$ 400 milhões em capital novo por meio de financiamento de dívida e que um acordo estava próximo.
Via Folha Press
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