Saúde

Ansiedade e depressão podem causar insônia, alerta médico psiquiatra

Circuito MS

10:38 04/07/2021

Ansiedade, depressão e problemas cotidianos podem causar insônia e até mesmo atrapalhar os sonhos bons

Enquanto o relógio marca 3h, você se revira de um lado para o outro tentando diminuir os pensamentos, acalmar a respiração e dormir tranquilamente. Essa cena angustiante, que descreve um quadro de insônia, atinge principalmente pessoas com ansiedade e depressão.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com problemas de saúde mental, sendo a depressão o principal deles.

De acordo com o médico psiquiatra e professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) José Carlos Pires de Souza, cerca de 17% da população de Campo Grande sofre de insônia.

“Vários fatores podem causar insônia, desde dependência em álcool e drogas até alguns medicamentos não prescritos por médicos que a pessoa vai tomando por conta própria, haja vista que a mesma medicação pode agir de formas diferentes em pessoas diferentes ou na mesma pessoa”, ressalta.

“A insônia é um problema de saúde pública, 17% dos campo-grandenses sofrem de insônia e muitas vezes se automedicam, o que piora a situação”, completa.

O psiquiatra diz que quando há muita ansiedade a pessoa tem dificuldade de chegar à fase do sono REM, sigla que vem do inglês Rapid Eye Movement, que significa “movimento rápido dos olhos”.

Essa fase se caracteriza por movimentos oculares rápidos, sonhos vívidos, movimentos musculares involuntários, atividade cerebral intensa e respiração e batimentos cardíacos mais acelerados, que garantem maior oferta de oxigênio neste período.

Essa fase do sono é muito importante no processamento das memórias e conhecimentos, por exemplo.

“Quando a pessoa tem uma ansiedade muito intensa, isso pode prejudicar o início do sono, não o aprofundando. Isso ocasiona a diminuição da imunidade, do sistema de defesa, e, por conseguinte, [a pessoa] não vai chegar ao sono REM, além de aumentar o número de pesadelos e sonhos ruins”, pontua.

Segundo o médico, além da ansiedade, a depressão também prejudica o descanso.

“Tanto para iniciar quanto manter o sono. A depressão é vista como uma doença inflamatória e durante a mesma há uma diminuição da imunidade, do sistema de defesa do organismo. Quem dorme mal por conta de ansiedade e depressão acaba diminuindo o seu sistema de defesa, contraindo doenças mais facilmente e morrendo mais cedo”, frisa.

Sonhos turbulentos

“O sono é um fenômeno ativo e de sobrevivência. Durante o sono acontecem muitas modificações neurológicas e psicológicas, principalmente nos sonhos. Quando a gente sonha, o cérebro consome até 12% a mais de oxigênio e glicose do que em vigília”, afirma Souza.

Neste período de pandemia, os sonhos nem sempre são tranquilos, o que, segundo o médico, é comum.

“Nessa época de pandemia é normal que a gente sonhe mais, porque estamos dormindo até mais tarde, o que aumentaria o período de sono REM. Há também a teoria da continuidade, em que os problemas do dia a dia se manifestariam também à noite durante os sonhos, por isso, mais pesadelos com o vírus da Covid-19 e outras modificações”, frisa.

Além disso, segundo Souza, os sonhos podem ter interpretações, mas não tão fáceis quanto as pessoas imaginam.

“Não dá para ficar interpretando um sonho simplesmente pelo que aconteceu durante o sono. Assim que a pessoa lembra do sonho, ela já está envolvendo conteúdos emocionais da vigília, então, para compreender, há de se ter um estudo bem mais complexo desses sonhos”, explica.

Como melhorar

Dormir no mesmo horário, evitar o café à noite e investir em acessórios que deixam o ambiente mais escuro podem ser uma saída.

“Para melhorar o nosso sono, primeiro é necessário respeitá-lo, porque ele é mais importante do que a alimentação. Passamos um terço da vida dormindo, e ninguém consegue ficar mais do que dois, três dias sem dormir que começa a ter com alucinações”, afirma;

“É importante dormir e acordar no mesmo horário, não tomar produtos com cafeína, como café, tereré, chimarrão e refrigerante. O álcool à noite também diminui a qualidade do sono – ele pode induzir o sono, mas a qualidade piora”, completa.

A automedicação também deve ser evitada.

“É importante que, em caso de qualquer problema de sono, a pessoa não se automedique. O quarto precisa ser escuro e silencioso. Não tem que assistir televisão, celular, leitura e utilizar o computador antes de dormir”, complementa.

Em casos de ansiedade e depressão, é essencial que a pessoa procure a ajuda de um médico psiquiatra e acompanhamento psicológico.

Via Correio do Estado

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