Comportamento

Aos 81 anos e católica, mãe leva aliança para filha se casar com outra mulher

Circuito MS

8:50 25/09/2017

[Via Campo Grande News]

Quando a música começou a tocar e dona Terezinha Pereira de Magalhães se posicionou em frente ao tapete vermelho, a emoção tomou conta dos convidados, padrinhos e, principalmente, do casal que esperava no altar as alianças que ela carregava. Não era apenas uma mãe caminhando em direção à filha e à nora, era o amor derrubando barreiras que, muitas vezes, o preconceito cria.

Aos 80 anos e ministra da Eucaristia na Igreja Católica, o maior receio dela era ser julgada e criticada pela comunidade onde participa. Por isso, antes de aceitar o convite da filha para entrar com as alianças na cerimônia do casamento, ela procurou um sacerdote para orientá-la.

Dona Terezinha conta que ao perguntar ao padre se poderia levar as alianças para a filha que se casaria com outra mulher, a resposta dele tirou toda a angústia que guardava. “Ele me perguntou se eu gostaria de levar e eu disse que sim, porque amava minha filha. Então ele me disse para eu ir de cabeça erguida”.

Terezinha confessa que no início, quando a filha revelou que era lésbica, ficou revoltada, mas que logo o amor venceu este sentimento e ela abraçou a filha na totalidade dela. “Esses dias um jovem de 19 anos se enforcou porque os pais não aceitavam que ela era homossexual. Jamais me perdoaria se fizesse isso com minha filha. Nós, pais, temos que orientar, mas principalmente dar amor e carinho aos nossos filhos”, diz dona Terezinha, em toda a sabedoria de seus 80 anos.

A filha, Débora Magalhães, assumiu que gostava de mulheres aos 22 anos, depois de ter se envolvido com homens e também de ter um filho, hoje com 21 anos. Ela conheceu a atual esposa, a empresária Luzinete Rodrigues, de 34 anos, através das redes sociais em 2015. De lá para cá, as duas decidiram que iriam se casar, mas os planos estavam limitados ao cartório.

“Sempre tive o sonho de me vestir de noiva e, um dia, passei em frente a uma loja de vestidos, entrei para ver e na hora que eu estava provando um modelo a Luzinete me ligou. Aproveitei para pedi-la em casamento. Ela aceitou e saí da loja com o vestido comprado”, recorda Débora.

Foi, então, que elas começaram a fazer de tudo para o sonho ser realizado. E neste final de semana, as duas disseram “sim” para oficializar o amor que nasceu dentro delas há 2 anos. A cerimônia foi em uma chácara dentro de Campo Grande, para poucas pessoas e uma festa bastante intimista.

A cumplicidade do casal esteve presente até na hora de elas se arrumarem. As noivas deixaram de lado a superstição de que não poder ver o vestido antes do casamento. Débora e Luzinete se arrumaram juntas e, inclusive, arrumaram o vestido uma na outra. E quem esteve ao lado delas o tempo todo, ora de pertinho, ora observando de longe, foi dona Terezinha, que hoje nos ensinou que o amor deve estar acima de tudo.

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