Em ato de comemoração pelo dia da Proclamação da República, o presidente Michel Temer (PMDB) disse ver “tendências” para o autoritarismo e a centralização do poder ao longo da história do país. O discurso foi feito em Itu, cidade do interior de São Paulo considerada “berço da República” por ter sediado inicialmente o movimento contra a monarquia.
“Se nós não prestigiarmos certos princípios constitucionais, a nossa tendência é sempre caminhar para o autoritarismo, para uma certa centralização. Nós até, o povo brasileiro, temos até uma certa tendência para a centralização”, afirmou o presidente, que discursava sobre a independência entre os poderes e exaltava o diálogo com o Legislativo e o Judiciário.
Como forma de provar seu ponto, o presidente refletiu sobre datas como a Revolução de 1930 e o golpe militar de 1964, argumentando que a centralização muitas vezes conta com o apoio popular. Segundo Temer, “quando os movimentos centralizadores ocorrem no país não é simplesmente um golpe de Estado. É porque o povo também quer, acaba desejando”.
O peemedebista fez um discurso a favor de uma maior autonomia administrativa para estados e municípios, acenando com uma reforma federativa que aumente poderes e recursos das regiões. “Vamos enfatizar também uma reforma federativa. Não apenas a reforma social ou a responsabilidade fiscal, mas também uma reformulação federativa. De maneira que estados e municípios tenham cada vez mais autonomia. Não só competências, mas também recurso para geri-las”, afirmou.
Convenção de Itu
A chamada “Convenção Republicana de Itu” foi “uma reunião de políticos e proprietários de fazendas de café para discutir as circunstâncias do país, marco originário da campanha republicana e da fundação do Partido Republicano Paulista”, ocorrida em 1873, segundo o Museu Republicano. A realização desse encontro fez com que a cidade do interior paulista ganhasse o título de “berço da República”.
“O fato de nós termos praticamente transferido o governo para Itu é muito simbólico e significativo. Não só pelo município, mas também porque aqui nós inauguramos uma fórmula para impedir aqueles movimentos centralizadores que se deram no histórico que eu fiz. O ideal seria que nunca tivéssemos essa centralização ou autoritarismo”, concluiu Temer em seu discurso.
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