Casos de HIV em Campo Grande estão em alta nos últimos dois anos
7:50 16/09/2018
[Via Campo Grande News]
Viver com HIV, a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, já foi motivo de tabu e medo. Hoje quem convive com o vírus pode levar uma vida tranquila, ao menos no Brasil, que oferece tratamento gratuito e considerado de qualidade. A prevenção é, ainda assim, motivo de preocupação, já que o número de notificações de pessoas com o vírus está crescendo, nos últimos dois anos.
Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Sáude) mostram 255 casos descobertos em 2017, número 55% maior do que o registrado em 2016. Dois anos atrás, o fechamento mostrou 164 casos. Em 2018, até maio, número mais recente, foram 97 casos foram registrados.
O que mostra claramente a evolução é o número mensal de registros. Em 2016, a média era de 12 casos a cada 30 dias. Em 2017, saltou para 21 e este ano está em 19 casos novos por mês.
No Hospital Dia Professora Esterina Corsini, Unidade de Doenças infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário, ao menos um caso novo é acolhido a cada dia. Com relação a aids, a saúde pública municipal registrou 144 casos em 2016, 162 em 2017 e 51 casos até maio deste ano.
O que é o hiv e o que é a aids – HIV é o nome do vírus que ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. A aids é a doença que pode ser causada caso o HIV não seja tratado. O diagnóstico da aids ocorre quando a pessoa é acometida de alguma doença causada pela baixa imunidade, chamada de doença oportunista.
O contágio com HIV pode ocorrer com sexo vaginal, anal ou oral sem camisinha, com uso de seringas compartilhadas, transfusão de sangue contaminado ou passar da mãe para o filho durante a gravidez.
Campo Grande oferece testes rápidos nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e no CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento). Feito o teste e confirmado o resultado, o paciente é encaminhado ou para o Hospital Dia, no HU, ou no CEDIP (Centro de Doenças Infecto-parasitárias), no bairro Nova Bahia.
O acolhimento – Chefe do Hospital Dia, a enfermeira Adriana Carla Garcia Negri explica que o tratamento do paciente começa com o acolhimento, feito por uma equipe multidisciplinar, composta por cerca de 30 profissionais.
“Ele é atendido, em primeiro lugar por um acolhimento, que é uma equipe de enfermagem, que é uma entrevista. Pergunta como está, essa questão psicológica, como ele recebeu essa notícia. Temos também um psicólogo aqui que faz esse acolhimento conosco. No primeiro momento a gente vai tirar todas as dúvidas, se ele está ansioso a gente já marca uma consulta com a nossa psicóloga e fazemos os exames laboratoriais de primeira entrada. Nós temos um rol de exames que a gente já colhe aqui e marca, em média 30 dias para todos os resultados saírem, já para a primeira consulta médica”, explica.
Falta prevenção – Para a enfermeira, a prevenção tem ficado em segundo plano e as pessoas perderam o medo da doença. Adriana avalia que este é o principal motivo para o aumento contínuo de casos.
“É maior comodidade e conforto pra quem usa as medicações, que há 20, 30 anos atrás, fazia o tratamento com 15, 20 comprimidos por dia, hoje pode iniciar com dois ou três por dia. Então é uma diferença gritante. Mas essa melhora no tratamento parece que fez com que as pessoas não tivessem mais medo de ter que fazer esse tratamento. O paciente com hiv hoje vive bem, se ele tomar a medicação, vir nas consultas, praticar atividade física, vir nas consultas. É um conjunto de ações, então se banalizou o tratamento”, afirma.
Algumas siglas – PEP (Profilaxia Pós-Exposição). É uma medida de prevenção à infecção pelo HIV que consiste no uso de medicação em até 72 horas após qualquer situação em que exista risco de contato com o HIV. As situações de risco podem incluir violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha) e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).
A PEP utiliza medicamentos antirretrovirais que agem para evitar a sobrevivência e a multiplicação do HIV no organismo e, por isso, deve ser iniciada o mais rápido possível, se possível nas duas primeiras horas após a exposição ao vírus e no máximo em até 72 horas. O tratamento dura 28 dias e a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde por 90 dias.
PREP (Profilaxia Pré-Exposição) – É um novo método de prevenção à infecção pelo HI. Consiste na tomada diária de um comprimido que impede que o vírus causador da aids infecte o organismo, antes de a pessoa ter contato com o vírus.
Tarv (Terapia Anti Retro Viral). Composta por medicamentos anti retro virais, ou seja, para inibir os vírus no organismo. Os medicamentos são fornecidos de forma gratuita nos locais de tratamento e devem ser retirados mensalmente. São cerca de dois ou três comprimidos tomados diariamente. A maioria das pessoas que fazem o tratamento chegam a apresentar carga viral negativa.
Comente esta notícia
compartilhar