Cheia do Rio Paraguai inunda o distrito no Pantanal, que aguarda por socorro
12:20 13/08/2018
[Via Campo Grande News]
A cheia do Rio Paraguai no Pantanal de Corumbá avança em direção a Porto Murtinho, último município a enfrentar o fenômeno natural, no extremo Sudoeste, e suas águas inundam na atualidade a região do Jacadigo e comunidades de Porto da Manga e Porto Esperança, onde a maioria das casas está submersa. O trecho de 19 km da MS-228 (Estrada-Parque), entre a Manga e a Curva do Leque, continua interditado, devido ao acumulo de água na pista.
A força do rio, que absorve água das suas cabeceiras, em Mato Grosso, e das chuvas intensas que ocorreram na planície nos primeiros meses do ano, concentra-se no distrito de Porto Esperança, situado abaixo da ponte sobre a BR-262. “A comunidade está debaixo de água”, afirma o presidente da associação dos moradores, José Domingos Benites. “Vivemos uma situação precária, sem apoio, sem assistência médica, quase uma calamidade”, relata.
Apesar da ausência do pescador e do isolamento da região – não existem estradas, único acesso é de barco, até a BR-262 -, Porto Esperança supera mais uma enchente média e aguarda por socorro prometido pela prefeitura de Corumbá. Na próxima semana, o programa Povo das Águas atenderá o baixo Pantanal, até Forte Coimbra, com atendimento médico, vacinação e distribuição de cestas básicas doadas pelo município e pelo Governo do Estado.
“Está ruim para o turismo, com a chuvarada e a cheia. Quem não tem seguro-desemprego no período da piracema, sobrevive de bicos na cidade. Não temos outra alternativa, nossa fonte de renda é a pesca”, explica Domingos. Esse ano, pelo menos, a cheia não interrompeu as aulas na escola de ensino fundamental. “Paralisamos as aulas apenas na região do alto Pantanal (Norte de Corumbá), informa Rosimeire Santos, diretora das escolas pantaneiras.
Gado volta ao pasto – A enchente de 2018 no Pantanal é considerada regular, contudo as águas demoram a baixar porque as chuvas foram intensas na planície e a vazão é lenta, pelo desnível mínimo do solo. “Essa água ainda está estacionada em agosto, o que não é normal”, diz Luciano Leite, presidente do Sindicato Rural de Corumbá. Segundo ele, o rebanho (1 milhão de cabeças) que foi retirado no pico da cheia, em maio, já começa a retornar para as invernadas.
Enquanto essa água se concentra na região do Pantanal do Jacadigo (fronteira com a Bolívia) e em Porto da Manga e Porto Esperança, os níveis do Rio Paraguai oscilam mais abaixo, entre Forte Coimbra e Porto Murtinho, onde já chegou a 6,34 metros, em março, por influência das chuvas, e atualmente está em 6,22 metros. Mas a tendência é elevar o nível do rio no município até o fim desse mês, podendo superar o pico de 2016 – 7,16 metros, ocorrido em junho.
No Porto da Manga (MS-228), a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) estima que ainda esta semana retomará os serviços de recuperação da pista da rodovia, que está submersa em alguns trechos. O esgotamento da água é necessário para a intervenção, adiantou o chefe da agência em Corumbá, Luis Anache. A liberação da pista para o tráfego depende ainda da ativação do serviço de balsa no Rio Paraguai, hoje interrompido.
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