Com codornas no quintal, casa de pegada ecológica é morada de pai solteiro
13:20 10/10/2018
[Via Campo Grande News]
A casa foge totalmente do que as pessoas imaginam ser o lar de um pai solteiro. Uma casa sem cor, sem gente é o oposto do que o professor de Ecologia Fábio Roque, de 44 anos, buscou para dentro da charmosa fachada com tijolinhos a vista, uma porta azul piscina e muita vegetação, das mais diversas, a rodeando.
Numa guarda compartilhada com sua ex mulher ele divide as responsabilidades e o amor de suas duas filhas, Luana, de 16 anos, e Jasmim, de 8. Os parceiros nas bagunças são Pedro e Caio, o cachorro e o gato que completam a família. Quatro codornas, sem nomes, fazem parte da trupe que infelizmente ainda foge ao que a sociedade está acostumada a enxergar.
A sensibilidade exposta na fachada da casinha de 150 m² se mantem no interior e em toda sua extensão. Inclusive, a primeira vista, quem entra pode achar se tratar da casa da avó da família ou de um hippie desconhecido, ao menos é dessa maneira que o paizão leva as brincadeiras que escuta das coleguinhas da filha que vez ou outra as visitam ali.
Em meio a quadros pintados pelo pai, pelas filhas ou por artistas conhecidos em viagens de família, uma vitrola é o móvel que mais chama atenção no interior da sala. “Elas está na família há 30 anos, mais ou menos, mas a idade dela eu não sei ao certo”, diz o pai.
Dividindo os dois estilos de construção, mais rústico e mais moderno, está uma estante de madeira – material que predomina em toda a extensão do lar – repleto de souvenirscolecionados por eles. A bancada da cozinha é a marca de um pedido das meninas, que queriam deixar a casa “com um pouco menos de cara de vó”. “Elas disseram que o negócio estava exagerado e me pediram para balancear um pouco com essas banquetas mais modernas”.
Quando foi comprada, a casinha não tinha a área em que hoje se localiza a sala dos três. O projeto foi assinado pelo próprio Fábio, que mesmo sendo paulista e nunca tendo morado em nenhum local que lembrasse uma fazenda ou uma chácara, sonhava em ter um cantinho que trouxesse acolhimento. “Hoje eu reflito e consigo entender que acho que é justamente pelas meninas, para que elas se sintam acolhidas aqui em casa, assim como sei que elas se sentem na mãe delas”.
Pelo corredor, três quartos, separados por uma parede repleta de desenhos, dão a particularidade que o pai faz questão de manter. Inclusive cada quarto tem sua própria sacada com sua própria área verde. “É para elas poderem cuidar de seus jardins”.
Nas paredes externas alguns tímidos grafites provam que a veia artística percorre na família. O pai faz aulas de desenho como hobby, Luana desenha e pratica dança contemporânea, já a mais nova, está aprendendo a tocar piano e flauta. “O momento de grafitar a parede deu uma acalmada mas a gente precisa retomar”.
Vegetarianas e apaixonado por animais, as meninas aprovam a pegada ecológica da casa e ajudam a recolher os ovinhos das codornas. “Esses elas comem. Elas só tiraram todos os tipos de carne da alimentação. Eu aprovo a atitude também”.
Falando em comida, tudo que é orgânico é descartado em um espaço para compostagem nos fundos da casa. E já que o bairro possui coleta seletiva, pouco acaba sendo descartado nos lixos comuns.
Para o futuro, o sonho é ter um sistema de armazenamento da água que cai da chuva para aguar os plantinhas do jardim e instalar um sistema de energia solar no alto pé direito do lar do pai. “Por enquanto a gente faz um bom aproveitamento da luz que entra pelas janelas de vidro”.
A estrutura da sala foi feita em eucalipto e no revestimento de tijolinho. As porta foi pintada por Fábio, que não se arriscou na construção.
Na área externa, a intenção foi separar o quintal em áreas diversas. Por exemplo, ao lado direito, Fábio plantou aguapés em vasos e dentro deles colocou alguns peixes para evitar a proliferação de mosquitos. “Nesta parte eu quis trazer uma vibe mais pantaneira mesmo”, explica ele.
Já na outra extremidade, são os cactos, de vários tipos, que trazem uma cara mais seca ao cantinho. E são esses cactos, inclusive, que fazem sucesso e muita gente bate na porta de Fábio para pedir uma muda das espécies mais diferentes. “Já teve um casal que bateu aqui, pediu uma muda, e disse que voltariam pra trazer uma outra muda pra mim. Depois um pouco de tempo depois eles retornaram mesmo, com a troca, achei muito bacana”.
Na parte coberta do quintal, o pai escolheu por plantar flores e tudo que fosse mais sensível, que não pudesse receber luz solar direta. Várias espécies de orquídeas foram presente da família de sua vizinha, uma senhora japonesa. “Ela faleceu e sua família achou que eu poderia cuidar bem das plantas. Me venderam a um preço super em conta. Ela cuidava de uma floricultura”.
Ainda plantados na casa estão temperos frescos como orégano. Uma grande bananeira chama atenção aos que conhecem a casa pela primeira vez.
“Nós temos aqui pé de jabuticaba, acerola, pitanga, abóbora e mamão. Tudo é colhido e cuidado por nós três, especialmente nos fins de semana que é quando temos mais tempo”.
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