Com entregas de guloseimas, festa de São Cosme e Damião é antecipada em Campo Grande

Brasil

Circuito MS

11:26 23/09/2023

Templos de Umbanda se preparam para os festejos, que acontecem neste fim de semana

Comemorado pela Umbanda no dia 27 de setembro pelo calendário antigo, e dia 26 pelo calendário recente, o festejo de São Cosme e Damião celebra a fé, o amor e a pureza das crianças. Na ocasião são entregues os tradicionais pacotinhos de doces, bolos e refrigerantes.

A tradicional comemoração acontece em memória dos santos gêmeos, que em seus atendimentos médicos distribuíam doces e guloseimas para as crianças enfermas. A prática marcou a passagem dos santos pela terra e fez com que os negros escravizados no Brasil os sincretizassem com os Orixás meninos Ibejis.

Neste ano, a Tenda Espiritualista Filhos de Maria realiza a festa neste sábado (23), e se preparam com alegria para a comemoração. A festa arrecadou doces com antecedência, e o que não foi conseguido com doação, a comunidade da casa se juntou para providenciar.

De acordo com o responsável do Terreiro, Xisto de Queiroz Júnior, a criança interior muitas vezes é esquecida, portanto o dia de Cosme e Damião é um dia de se encontrar com a essência infantil de cada um.

“A festa de Cosme e Damião vem brindar a presença da criança dentro do terreno e louvar a Inocência do espírito da criança, que também reflete no adulto. A gente tem que parar é ouvir a criança viva dentro de cada um”, afirma.

*O festejo na Tenda Espiritualista Filhos de Maria. (Reprodução, redes sociais)*

O Templo Pai Oxalá também vai realizar a festa mais cedo este ano, no dia 24. Entretanto, os preparativos, como divulgação da festa e arrecadações dos doces começaram no mês de agosto.

“Durante a Festa, os consulentes assistiram a abertura do ritual e logo em seguida são liberados os atendimentos (passes) com os “Cosminhos” ou “Erê”, como são conhecidas as Entidades nesse dia”, afirma o responsável pelo Terreiro, Luis Otávio.

Intolerância religiosa na festa de Cosme e Damião

Apesar de ser um país laico, muitos episódios de intolerância religiosa são registrados no Brasil, principalmente quando se trata das religiões de matrizes africanas. A festa de Cosme e Damião, bem como a tradição de entrega dos doces, ainda costumam ser alvo de preconceitos.

De acordo com Luís Otávio, neste período, casos de intolerância religiosas são frequentes, mas poucos casos foram registrados até hoje no Templo Pai Oxalá.

“Infelizmente, a intolerância Religiosa sempre há nesses períodos e tudo que oriundo das matrizes de Religiões Africanas. Porém, no nosso caso, pouquíssimos são relatos que vivemos sobre essa situação. Mas, ficamos extremamente indignados quando ocorre em outros Terreiros esses lamentáveis episódios”, explica.

*Festa de Cosme e Damião no Templo Pai Oxalá. (Reprodução, redes sociais)*

História por trás do festejo

São Cosme e Damião foram os santos gêmeos, nascidos na Ásia Menor, onde está localizada atualmente a Síria, que durante suas trajetórias de vida cuidaram de enfermos e dos mais necessitados. Seus verdadeiros nomes eram Acta e Passio, e foram mortos pelo imperado Diocleciano, em 27 de setembro, do ano 287 D.C.

Na igreja católica, a entrega de doces de São Cosme e Damião acontece como uma forma de pagar promessas feitas a São Cosme e Damião. Na Umbanda, a data é comemorada como uma forma de reverenciar as entidades, que representam a inocência das crianças.

“No dia de Cosme e Damião, nós comemoramos essa data reverenciando essas entidades que se apresentam no terreiro nessa forma inocente, brincando, extravasando sua energia pautada na inocência e conseguem atingir o coração humano, transformando dores, mágoas e ressentimentos em entendimento”, explica o Pai de Santo Xisto de Queiroz.

A festa também tem uma missão social, já que as crianças que costumam frequentar os Terreiros, em sua maioria, estão em vulnerabilidade social e aguardam ansiosas pela festa para aproveitarem o dia recreativo, com doces e brincadeiras.

“Muitas delas não têm oportunidade de estar em contato com doces, brincadeiras e bolo confeitado na sua vida cotidiana. Então, o Terreiro sana também esse desejo da criança de ter acesso a essas coisas que para outras pessoas é normal”