Campo Grande

Demitidos, motoristas de ônibus denunciam retaliação do Consórcio Guaicurus

Circuito MS

17:21 29/01/2020

No final de 2019, motoristas do Consórcio Guaicurus travaram uma dura negociação com a empresa em busca de reajuste salarial e, após chegarem a acordo com a intermediação do TRT-MS (Tribunal Regional do Trabalho), alguns dos funcionários começaram a serem demitidos. Todos, segundo eles, envolvidos na manifestação que conquistou os 3,5% de reajuste salarial.

Ao Jornal Midiamax, um motorista desligado nesta semana afirma que a empresa está eliminando do quadro de funcionários aqueles que participaram ou lideraram a manifestação no ano passado, quando categoria ameaçou paralisar as atividades caso o salário não fosse reajustado e solicitações não fossem atendidas.

“Em um mês, cinco foram demitidos. Todos curiosamente envolvidos na manifestação. Antes da negociação, dois foram desligados e depois, mais três. Apenas um [dos três] recebeu justa causa, o restante, apenas foi chamado e dispensado”, comentou motorista com a reportagem.

Os ex-funcionários em questão, da Viação Campo Grande e Viação Cidade Morena, Carlos Eduardo Ferreira da Silva e Thiago Martins de Souza, respectivamente, eram líderes da manifestação e foram demitidos 13 dias antes do acordo da empresa com a categoria.

Dois dos funcionários desligados, conforme o motorista, pretendem acionar o MPT-MS (Ministério Público do Trabalho). “Além de mim, outro trabalhador vai denunciar no Ministério do Trabalho. Aí vamos conversar com os outros demitidos [para protocolar denúncia]”, disse.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da empresa e aguarda resposta.

Entenda a negociação salarial

Após faltar reunião com os trabalhadores e o sindicato, o Consórcio Guaicurus pediu uma audiência de conciliação no TRT. Na segunda rodada de conciliação, a empresa apresentou duas propostas. O diretor-presidente da empresa, João Rezende, disse que o reajuste salarial dos funcionários poderia impactar o valor da tarifa do transporte público.

Durante a audiência, a empresa propôs a manutenção da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), aumento de R$ 15 no vale alimentação, que iria para R$ 125 e o reajuste salarial em 3,5%. A segunda proposta é a extinção da PLR, reajuste de R$ 185 no vale alimentação, que seria de R$ 295 e o reajuste salarial de 3,5%.

Vale lembrar que na primeira rodada de negociações, o sindicato dos motoristas pediu reajuste de 13% no salário e o Consórcio reagiu afirmando que a porcentagem poderia encarecer o “passe” de ônibus na Capital. Os empresários ganharam o contrato de concessão do transporte coletivo urbano de Campo Grande em 2012, no último mês do último mandato de Nelson Trad Filho como prefeito, e lucraram R$ 12,2 milhões em 2018, conforme informações contábeis que forneceram à Justiça.

Por fim, após a manobra dos empresários do transporte coletivo para ‘inflar’ votação em assembleia de motoristas, a negociação sobre o reajuste dos motoristas de ônibus foi encerrada. A proposta de reajuste de 3,5% foi aceita e o salário base dos motoristas passa de R$ 2.087 para R$ 2.160. O reajuste dos motoristas ficou abaixo da projeção da inflação de 2019, que é de 3,86%. A proposta ainda inclui a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de 9% e o vale alimentação de R$ 125.

Via Midiamax

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