Em 10 anos, MS teve quase R$ 22 bilhões em prejuízos por desastres naturais
13:14 08/03/2023
Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios mostrou que Campo Grande foi cidade do País com mais decretos
Estudo técnico feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) a respeito de danos e prejuízos causados por desastres naturais no Brasil, de janeiro de 2013 a janeiro de 2023, mostra que Mato Grosso do Sul registrou um prejuízo de R$ 21,929 bilhões em razão de desastres em geral no período.
Ao todo, o Brasil registrou R$ 401,3 bilhões em prejuízos. Só as chuvas causaram mais de R$ 79,3 bilhões em danos em todo o País, correspondendo a 19,7% do total de perdas causadas por desastres.
Em Mato Grosso do Sul, as chuvas foram responsáveis por R$ 5 bilhões em prejuízos. A maior parte dos danos financeiros, porém, foi ocasionada pela seca, o equivalente a R$ 15,938 bilhões.
Os longos períodos de estiagem foram responsáveis por 76,5% do total de prejuízos em função de desastres no Brasil, chegando ao montante de R$ 307,2 bilhões, valor que está diretamente relacionado à atividade do agronegócio, que sofre com períodos muito longos de seca.
Outro problema que também atingiu o Estado foi a seca do Rio Paraguai, um dos principais canais de escoamento da produção de minério de ferro, na região do Pantanal. A reportagem mostrou que, ao longo de 2020, 2021 e 2022, a navegação foi suspensa na região, o que obrigou as mineradoras a transportar as pesadas cargas pelas rodovias de MS.
DECRETOS
A pesquisa da CNM também trouxe outros dados, como a quantidade de decretos referentes a anormalidades no País nesse período.
Nesse recorte, Campo Grande aparece como a cidade com mais decretos. Os dados foram coletados das Coordenadorias Estaduais e Municipais de Proteção e Defesa Civil, bem como do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Durante o período analisado, a Capital registrou 244 decretos de anormalidades recorrentes; Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul, e Miracema, no Rio de Janeiro, ocupam a segunda posição no gráfico, com 209 decretos.
Desse levantamento, a CNM informa que 132 decretos de anormalidades enviados por Campo Grande foram decorrentes das chuvas na Capital.
O período de estiagem também foi responsável pela realização de decretos, sendo 82 correspondentes à baixa umidade do ar.
Entre 2017 e 2022, foram 115 decretos relacionados à chuva, enquanto no restante dos anos foram notificados apenas 17.
Só no ano passado, o CNM notificou 30 decretos de situação de emergência em Campo Grande. Em 2021, foram 25, e em 2020 foram 22 decretos.
No entanto, de acordo com o major Pedro Centurião, da Defesa Civil do município, os dados da CNM não correspondem à realidade. Porém, a Defesa Civil não conseguiu enviar o relatório de decretos de emergência antes do fechamento desta matéria.
EMERGÊNCIA
O estado de emergência é decretado a partir de danos, que podem ser humanos, materiais e econômicos, causados por anormalidades como chuvas intensas, granizo em plantações, enchentes em áreas urbanas, deslizamentos, terremotos e outras situações de extremidades climáticas.
A partir do momento em que uma situação de anormalidade ocorre, o município se reúne com uma equipe técnica para analisar o desempenho e as demandas da região.
Segundo o major Pedro Centurião, da Defesa Civil de Campo Grande, “quando o município não consegue suprir as necessidades e enfrentá-las, as perdas são maiores do que os ganhos, é decretada situação de emergência”.
No entanto, é necessário também que a situação adversa se enquadre nos níveis estabelecidos pelo Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec).
Renan Arruda, da Defesa Civil do Estado, informou que os níveis vão de 1 a 4 e variam de acordo com a intensidade.
Arruda também relata que os principais motivos para decretos de emergência no Estado são chuvas intensas e estiagem, que ocorrem em épocas diferentes e perduram por meses.
Saiba: Outros desastres contabilizados – Outros tipos de desastres, como incêndios florestais, liberação de produtos químicos e tóxicos, geadas e ondas de calor, contabilizaram mais de R$ 14,6 bilhões de prejuízos em todo o Brasil, correspondendo a 3,6% do total de danos causados por desastres no País.
Mato Grosso do Sul teve R$ 986 milhões em prejuízos ocasionados por outros tipos de calamidade sem especificação. Para evitar essas situações, de janeiro de 2013 a janeiro de 2023, o governo federal autorizou R$ 8,2 bilhões de repasse aos municípios para a prevenção contra desastres naturais, e o Estado teve R$ 61.228.466 destinados a medidas da Defesa Civil.
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