Mato Grosso do Sul

Em MS, a taxa de recusa aos questionários do IBGE é maior em bairros de maior renda

Circuito MS

12:19 03/02/2023

Com atraso de mais de três meses para a conclusão do levantamento do IBGE, além das recusas, os recenseadores enfrentaram ameaças e hostilidades por parte da população, sobretudo de bairros de classe média e alta

Em Mato Grosso do Sul, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a taxa de recusa aos questionários da pesquisa é maior em bairros de maior renda.

Conforme já noticiado, a unidade estadual (de MS) do IBGE informou que o atraso para a conclusão das pesquisas censitárias já ultrapassou a casa dos três meses e, conforme o IBGE, são diversos os fatores que contribuem para a delonga da conclusão.

Um destes fatores diz respeito às recusas enfrentadas pelos trabalhadores do censo.

Segundo Sylvia Martinez Assad Oliveira, coordenadora do Censo em Campo Grande, além das recusas, os recenseadores enfrentaram ameaças e hostilidades por parte da população.

Sylvia discorre que são, sobretudo, nos bairros de média e alta renda que os trabalhadores do censo enfrentam maiores dificuldades para a realização de suas atividades, o que demanda mais esforço de convencimento e revistas dos recenseadores, fatores que dificultam a coleta de dados e a conclusão dos levantamentos estatísticos.

“O processo eleitoral, simultâneo ao Censo, gerou confusão e certa hostilidade em parte da população. Muitas vezes as pessoas estavam em casa e mesmo assim sequer atendiam a campainha ou o interfone. Não tínhamos como explicar a importância da pesquisa”, pontua a coordenadora.

Segundo o Instituto, em situações de recusa, o supervisor vai ao local verificar a situação e tentar explicar a importância e segurança de responder às pesquisas, mas existem casos que necessitam de um esforço maior.

Segundo o Superintendente do Instituto em MS, Mario Alexandre de Pinna Frazeto, além destes fatores, os condomínios têm se apresentado como outro empecilho enfrentado pelas equipes do censo, uma vez que, “nos últimos anos, (os condomínios) ficaram cada vez mais fechados para nossas pesquisas”.

Além disso, Mario discorre que a população está mais distante e apreensiva após os períodos de isolamento social acarretado pela pandemia da Covid-19, bem como devido a diversos casos de golpes virtuais.

“Chegamos a ter casos de locais que, em um primeiro momento, proibiram o trabalho do recenseador em sua área interna. Foi necessário buscar a ajuda da procuradoria federal para esclarecer a importância do trabalho, além do embasamento em lei, tanto do sigilo das informações, quanto da obrigatoriedade de responder ao Censo”, finaliza.

A taxa média de recusas no estado é de 1,74%, abaixo da média nacional que é de 2,43%. Em São Paulo, líder do ranking entre os estados, o percentual dos que se recusam a responder é de 4,49%; A média de morador ausente em MS é de 5,78% e a do Brasil é de 4,62%.

Quase 100%

Até 31 de janeiro, foram recenseadas 2.504.514 pessoas em Mato Grosso do Sul, em 1,2 milhão de domicílios. Isso representa cerca de 89,3% da população total, conforme o resultado prévio do Censo (2,8 milhões de pessoas).

Além disso, entre as Unidades da Federação, Mato Grosso tem a maior média de moradores ausentes (14,04%).

A previsão é de que o IBGE divulgue os resultados definitivos do Censo referentes à população dos municípios em abril de 2023.

Os municípios de MS com os maiores índices de recusa são: Terenos – 8,89%, Corguinho – 3,79%, Sidrolândia – 3,62%, Ladário – 3,29%, Bataguassu – 2,88%, Rio Negro – 2,75%, Ivinhema – 2,63%, Dourados – 2,44%, Bela Vista – 2,40% e Nova Alvorada do Sul – 2,31%.

Desvalorização

Ao Correio do Estado, o coordenador operacional do Censo em MS, Alex Uchôas explicou que diversas situações acabaram por atrapalhar a conclusão da pesquisa, mas os baixos salários e ganhos conforme a produtividade, fizeram com que as inscrições nos diversos processos seletivos abertos antes e durante o censo fossem baixas.

O coordenador afirmou que o Instituto reconheceu este erro e alterou as taxas pagas aos funcionários no decorrer do Censo. No entanto, não especificou como foi realizada esta mudança.

Por outro lado, o coordenador afirma que em MS o IBGE teve mais um obstáculo para contratar, já que a mão de obra disponível é escassa, tendo em vista que o Estado figura como terceiro no ranking dos locais com menor índice de desocupação.

“Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com menor índice de desocupação do país. Então, aqui a mão de obra já não é tão fácil assim tão abundante para fazer a contratação”, destacou.

Via Correio do Estado MS

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