Economia

Estado receberá aporte bilionário com retomada de fábrica de fertilizantes

Circuito MS

8:12 05/02/2022

Petrobras confirmou a venda da UFN3 para o grupo russo Acron

Mato Grosso do Sul receberá um aporte bilionário com a retomada da obra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas. O

empreendimento, orçado em R$ 3,9 bilhões há uma década, foi finalmente negociado com a gigante russa Acron.

A informação sobre a venda foi confirmada nesta sexta-feira (4) pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, em agenda em Três Lagoas.

De acordo com a ministra, o presidente da estatal, general Joaquim Silva e Luna, confirmou a informação.

“Estou aqui em Três Lagoas e, às vezes, o universo conspira a nosso favor. Acabamos de receber a notícia de que a Petrobras concluiu a venda da UFN3 para a Acron e já estamos avançando com o complemento dos entendimentos com o governador Reinaldo Azambuja [PSDB]”, afirmou.

Em comunicado, a Petrobras informou que chegou a um acordo, “para as minutas contratuais para a venda de 100% da UFN3 com o grupo russo Acron”.

Segundo a empresa, a assinatura do contrato de venda depende ainda de tramitação na governança da Petrobras, após as devidas aprovações governamentais.

A obra, que começou a ser construída em 2011, foi orçada na época em R$ 3,9 bilhões. Considerando o dólar que custava R$ 1,65 há uma década, a obra estava orçada em US$ 2,36 bilhões (na conversão atual, com o dólar a R$ 5,33, o aporte seria de R$ 12,5 bilhões).

Apesar de a Petrobras e de o governo do Estado ainda não confirmarem valores, a planta alcançou 81% das obras concluídas em 2014, quando foi paralisada. Após oito anos de abandono, o investimento necessário para retomar e concluir a obra deve voltar à casa dos bilhões.

Conforme fato relevante divulgado em 2020 (quando a Petrobras reabriu as negociações para a venda), o potencial comprador, depois de se enquadrar em todos os critérios de compliance, deveria ter capital superior a US$ 600 milhões (R$ 3,20 bilhões, conforme cotação de 4 de fevereiro).

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, o governo do Estado garantiu incentivos fiscais para que a venda fosse concretizada.

“Muitos querem saber qual é o prazo para a venda e quando a fábrica começa a operar. Primeiro, a Petrobras tem de apresentar esse fato relevante ao mercado – que deve acontecer na próxima semana – para então anunciarem um cronograma. Depois disso, governo do Estado, Prefeitura de Três Lagoas, Petrobras e Acron vão se reunir para negociar doação de terreno e concessão de incentivos fiscais”, explicou Verruck.

Segundo a ministra, o tema será tratado com a Acron durante visita da comitiva brasileira à Rússia, prevista para os próximos dias.

“Temos reunião marcada com vários produtores de fertilizantes e eles estão nessa lista. Teremos notícias lá de quando isso vai acontecer, quando eles chegam aqui”, disse Tereza Cristina.

FERTILIZANTES

O Brasil enfrenta custos elevados e dificuldades para comprar os fertilizantes que são usados principalmente na produção agrícola.

A retomada da fábrica, além de trazer empregos e desenvolvimento econômico local, pode ajudar a solucionar um problema enfrentado pelo País: a dependência da importação de fertilizantes.

O produto chega a responder por até um terço do custo operacional da soja e do milho, por exemplo.

“A agricultura brasileira vai ganhar muito com a implantação dessa fábrica, que vai produzir fertilizantes nitrogenados, a ureia que é imprescindível para que a nossa agricultura seja cada vez menos dependente desses nutrientes”, ressaltou a ministra Tereza Cristina.

“A Acron é uma das principais produtoras e exportadoras de fertilizantes do mundo. A ministra hoje tem uma grande preocupação, que é exatamente a oferta de fertilizantes no Brasil, e tem negociado justamente com os russos. O Brasil hoje tem falta de fertilizantes, além dos preços extremamente significantes. Por isso, apresentamos na época [semana passada] o quanto a planta é estratégica para o Brasil neste momento”, complementa Verruck.

Conforme noticiado pelo Correio do Estado em 27 de janeiro, uma comitiva do governo estadual foi ao Rio de Janeiro tentar viabilizar a retomada das negociações para a venda da unidade.

No encontro, o governador destacou a importância estratégica da obra para o Estado.

“Apresentamos a importância deste empreendimento tanto para recuperação da economia no município como da autossuficiência que a fábrica poderá trazer em fertilizantes, dado que MS é um estado altamente dependente do insumo. Ele nos adiantou que a empresa trabalha para trazer novidades importantes sobre a negociação da fábrica”, salientou Reinaldo Azambuja.

A UFN3 é uma unidade industrial de fertilizantes nitrogenados que terá capacidade projetada de produção de ureia de 3.600 toneladas e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.

Reativada, a fábrica vai contribuir para redução da importação de fertilizantes. Atualmente, em média, cerca de 85% dos fertilizantes usados no Brasil são importados. A meta do governo federal é reduzir a importação em torno de 60% do insumo.

NEGOCIAÇÕES

As negociações da venda da indústria localizada na região do Bolsão tiveram início em 2018, junto da Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada na região metropolitana de Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.

Em meados de 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da empresa.

O principal motivo para que o contrato não fosse firmado na época foi a crise boliviana, que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales. A Bolívia desde o início foi incluída no projeto como fornecedor oficial do gás natural que é a matéria-prima da fábrica.

Em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda da UFN3. Dessa vez, a estatal ofereceu ao mercado a unidade de forma individual, mas até então o negócio não havia avançado.

Via Correio do Estado MS

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