Florestas recuperadas compensaram emissão de carbono do desmatamento amazônico
15:20 23/09/2020
Dados da pesquisa conduzida por cientistas do Inpe foram publicados em revista internacional
O aumento das florestas que se recuperaram após perturbações como queimadas e desmatamento compensou 12% da emissão de carbono favorecida pela derrubada da Floresta Amazônica. Contudo, no levantamento por biomas, o Pantanal teve a menor contribuição: 0,43% de sequestro do gás estufa graças a uma área regenerada de 1.120 quilômetros quadrados.
Essas estatísticas constam em um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) publicado na revista Scientific Data, que pertence ao grupo Nature. Eles analisaram dados de 33 anos para chegar à conclusão.
Florestas que renascem após algum tipo de impacto são chamadas de secundárias. A literatura já mostrava que elas desempenham um papel fundamental no ciclo por assimilar quantidades maiores de CO2 em comparação com o que perdem para a atmosfera. A novidade é que a extensão e idade dessas áreas foram descritas com precisão pela primeira vez no Brasil.
Com esse conhecimento, o Brasil ganha subsídios para auxiliar o país a bater as metas de um acordo nacional, que prevê reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030.
AJUDA PRECIOSA
Existem 262.791 quilômetros quadrados de florestas secundárias no Brasil, o que corresponde a 59% da área de florestas nativas desmatadas na Amazônia entre 1988 e 2019. A própria tem 148.764 quilômetros quadrados de áreas recuperadas, contribuindo em maior proporção com a compensação de CO2 (56,61%).
Na sequência, a caatinga representa 2,32% da área de florestas recuperadas com as matas mais jovens: mais de metade tem entre um e seis anos. Ao todo, o bioma soma 6.106 quilômetros quadrados.
Por outro lado, a Mata Atlântica tem as florestas secundárias mais antigas, entre um e 12 anos.
Contudo, os cientistas alertam que as florestas secundárias não crescem na mesma proporção das nativas. Além disso, a mata antiga tem benefícios principalmente no ciclo da água e manutenção da biodiversidade, além de mais resiliência às mudanças climáticas.
É por isso que o uso da vegetação, especialmente na Amazônia, deve ser repensado com cuidado no sentido de preservá-la, ao passo que iniciativas de reflorestamento para reaver o que se perdeu também são imprescindíveis.
Via Correio do Estado
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