Gripe aviária chega ao Estado, mas não deve prejudicar mercado de R$ 1,6 bilhão
9:11 19/09/2023
Ave de criação doméstica identificada em Bonito foi o primeiro foco da doença registrado em Mato Grosso do Sul
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou ontem o primeiro foco do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP H5N1) em uma criação de aves domésticas de subsistência na cidade de Bonito. Segundo a Pasta, é o primeiro foco da doença registrado no Estado e o terceiro em aves de subsistência detectado no Brasil.
A entrada da doença em Mato Grosso do Sul gera um alerta econômico pela importância da avicultura no Estado. No entanto, a relação do comércio exterior deve permanecer inalterada.
Em 2022, a avicultura foi responsável por movimentar mais de R$ 1,6 bilhão em exportações (US$ 339 milhões), conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
De janeiro a agosto, MS exportou US$ 236 milhões (R$ 1,14 bilhão) em produtos da avicultura negociados internacionalmente. O setor tem 550 produtores e emprega cerca de 50 mil trabalhadores.
Segundo o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro-MS), Daniel Ingold, a equipe técnica está trabalhando no entorno da propriedade onde o foco foi localizado.
“Na região em questão, são sacrificadas todas as aves do local e são enviados para o laboratório os materiais coletados nessas aves. Em um espaço de 3 quilômetros em volta [do local], temos uma vigilância ativa para saber se esse vírus se propagou. E depois de 7 km é um pouco menos intenso, ou seja, 10 km em volta do foco é feita toda essa vigilância ativa em cima disso”, explica.
Para Ingold, com todo esse trabalho de contenção do foco, o caso deve ser isolado e não há de trazer prejuízos ao setor. “As orientações para a população é não recolher aves doentes e procurar a Iagro. Todo o nosso pessoal é preparado para fazer a coleta desse material”, relata.
O analista de comércio exterior Aldo Barigosse corrobora com a afirmação de Ingold. “Imagino que não possa prejudicar a relação comercial do Estado com outros países. Certamente, vamos aumentar nosso controle sanitário junto aos aviários”, considera.
Em nota, o Mapa informa que as medidas sanitárias estão sendo aplicadas pelo Serviço Veterinário Oficial.
“Para contenção e erradicação do foco, bem como estão sendo intensificadas as ações de vigilância em populações de aves domésticas na região. Não há estabelecimentos avícolas industriais nas áreas de risco epidemiológico ao redor do foco”, esclarece o comunicado.
Ainda segundo o Mapa, a ocorrência do foco confirmado em aves de subsistência não traz restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros. “O consumo e a exportação de produtos avícolas permanecem seguros”, detalha a nota.
ALERTA
Em junho, o governo de Mato Grosso do Sul decretou estado de alerta zoossanitário e instituiu um sistema de monitoramento, avisos e ações para fins de prevenção à ocorrência da influenza aviária H5N1.
Conforme decreto publicado no Diário Oficial do Estado, as medidas de monitoramento e as ações preventivas foram adotadas em função do risco de ingresso e disseminação da influenza aviária de alta patogenicidade.
A atuação do poder público no monitoramento, na análise de riscos e na prevenção da influenza aviária H5N1 no Estado ocorre mediante permanente cooperação entre os municípios, as representações privadas e a União.
O total de focos confirmados no Brasil sobe para 103, sendo 100 em aves silvestres e 3 em aves de subsistência. “Não há mudanças no status brasileiro de livre da influenza aviária perante a Organização Mundial de Saúde Animal [OIE], por não haver registro da doença na produção comercial”, finaliza a nota do Ministério da Agricultura.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) comunica que a indústria de aves se mantém em alerta contra a gripe aviária para evitar a infecção de plantéis comerciais.
“A ABPA reitera que os produtores e as agroindústrias do setor seguem em alerta total sobre a influenza aviária, mantendo os protocolos de biosseguridade nos mais elevados níveis. A associação reforça que o monitoramento e a biosseguridade são o melhor caminho para a prevenção”, pontua a entidade.
Ainda de acordo com a associação, é preciso ressaltar que a avicultura industrial brasileira segue sem nenhum registro da enfermidade.
“A ABPA e toda a cadeia de proteína animal do Brasil entende que os registros da enfermidade se tornaram fato comum em todo o mundo, reforçando a necessidade de medidas de biosseguridade e monitoramento em toda a produção”, conclui a nota.
Via Correio do Estado MS
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