Indígenas de Rio Brilhante seguem presos, mas situação já foi normalizada em fazenda ocupada
11:02 04/03/2023
O advogado do Conselho Indigenista Missionário informou que o pedido de soltura está aguardando decisão do juiz de plantão da comarca
Os três indígenas Guarani Kaiowá detidos nesta sexta-feira (3), durante tentativa de ocupação de uma fazenda que fica dentro do território indígena Laranjeira Nhanderu, reivindicado pelos povos originários de Rio Brilhantes há anos, seguem presos.
De acordo com o advogado do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Anderson Santos, o pedido de soltura dos três indígenas está aguardando apenas o despacho do juiz, que deve decidir ainda neste fim de semana, durante o plantão judicial.
Ainda segundo o advogado, membros do Ministério Público Federal (MPF) estarão no local neste sábado (4), para entender como aconteceu a tentativa de ocupação e quais as reivindicações dos indígenas que moram na região.
Hoje, a situação segue normalizada e todas as famílias que estavam na fazenda já desocuparam o local. Não há informações de possíveis confrontos entre eles e a Polícia Militar, que esteve no local na tarde de ontem.
FAZENDEIRO FEZ DENÚNCIA
Ainda na tarde de sexta-feira (3), o proprietário da fazenda invadida, José Raul das Neves, foi à Polícia Civil prestar queixa contra os indígenas. De acordo com ele, seus funcionários tiveram que deixar a propriedade às pressas porque estava sendo tomada por cerca de 10 pessoas.
O latifundiário ainda alegou à polícia que agora é época de colheita da produção e a ação dos indígenas poderia trazer diversas consequências negativas como perda do plantio, fazendo com que ele saísse no prejuízo com tudo que plantou.
O registro policial foi feito às 9h da manhã, entretanto a ação teria ocorrido por volta das 3h da madrugada.
TENTATIVA DE RETOMADA
Conforme já mostrado pelo Correio do Estado, a liderança indígena Guyra Arandú afirmou que o objetivo era retomar o território onde a fazenda está para “acabar com as muitas décadas de dureza, fome, violência, racismo, veneno, intoxicação, confinamento, ameaças e trapaças dos fazendeiros”.
A Polícia Militar esteve no local e chegou a ameaçar os indígenas de despejo. Além disso, os militares ainda fizeram uso de balas de borracha, deixando diversas pessoas feridas, incluindo uma mulher que foi presa.
Entre os feridos ainda está um idoso e dois menores de idade. A polícia ainda fez uso de gás lacrimogênio e bombas de efeito moral.
De acordo com o advogado, os indígenas não chegaram a ocupar a sede da fazenda, se estabelecendo com barracas de lona na área de lavoura colhida, mas fugiram diante da violência policial.
Via Correio do Estado MS
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