Brasil

Inflação vai a 0,54% em fevereiro e tendência é de alta em março

Circuito MS

13:06 11/03/2023

Especialistas apontam que educação puxou a alta e aumentos devem continuar gradativos nos próximos meses; para março, economistas preveem os impactos da reoneração dos combustíveis

A inflação em Campo Grande cresceu 0,54% em fevereiro, e a tendência é de que o aumento continue nos próximos meses. No mês passado, a educação puxou a alta, e economistas preveem a influência de novos componentes neste mês, como os impactos da reoneração dos combustíveis e do reajuste anual no preço dos medicamentos.

“A tendência da inflação é de apresentar, até o meio do ano, aumentos gradativos de preços, com reflexo do aumento ou retorno de impostos, como o dos combustíveis. Pelo relatório Focus, devemos começar a reduzir a inflação em meados de junho, e Campo Grande deve seguir a mesma tendência”, explica o economista Michel Constantino.

O economista Eugênio Pavão cita os reflexos da guerra na Ucrânia, que ainda são sentidos na economia global, além da alta de juros e do reajuste anual dos medicamentos, previsto para este mês.

“Neste início de ano, os impactos da guerra ainda estão afetando a economia mundial e brasileira. Os juros altos provocam uma queda nos investimentos, redução no consumo e impacto na inflação.

Em março teremos o reajuste anual contratual dos remédios, que deve ter peso significativo no índice. O esperado é uma queda no índice de preços gerais e que a meta seja cumprida este ano, pois não foi atingida em 2022”, detalha Pavão.

BAIXA NOS PREÇOS

Conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Campo Grande registrou alta em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados.

O único grupo que apresentou deflação foi o de alimentação e bebidas, com índice de -0,82%, puxado por alimentação no domicílio (-1,29%). O item com maior deflação foi a batata-inglesa (-19,82%), seguida de tomate (-14,55%) e carnes (-2,29%).

Reportagem da Folha de S. Paulo destacou que o preço da carne bovina teve a maior queda em 15 meses, desde novembro de 2021. Em Campo Grande, de acordo com os dados disponíveis, o corte com maior porcentual de queda foi o peito (-4,51%).

O gerente da pesquisa do IPCA, Pedro Kislanov, disse à Folha que os preços já vinham em uma trajetória de trégua, após fortes altas na pandemia. A reportagem ainda cita que a baixa em fevereiro pode ter sido intensificada pelo impacto inicial do embargo às exportações brasileiras para a China.

Ainda no grupo dos alimentos, os que demonstraram alta foram: leite longa vida (1,54%), cujo preço voltou a subir após cinco meses consecutivos de quedas; repolho (30,25%); mamão (8,64%); ovo de galinha (8,24%); e feijão-carioca (4,02%).

“O que vai influenciar também os preços dos alimentos será a oferta dos produtos, com a grande quantidade de chuvas que temos no Estado”, comenta Constantino. “Se a chuva ajudar, podemos ter uma estabilidade nos preços. Se atrapalhar a colheita e os plantios, podemos ter reflexo de aumento nos preços”, avalia.

“Com o fim da época chuvosa, a tendência é de baixa de alguns alimentos e de altas nos que dependem do clima, como leite e carnes. Produtos que têm baixa oferta, como arroz e feijão, tendem a apresentar maiores preços para os próximos meses. Ou seja, com os preços em baixa, os produtores plantam menos e os preços sobem, enquanto produtos voltados para grandes centros e exportações tendem a baixar de preços”, detalha Pavão.

ALTA NOS PREÇOS

Como fevereiro é o mês de volta às aulas, os reajustes em mensalidades e demais custos da educação puxaram a inflação em Campo Grande, com a alta mais expressiva desde fevereiro de 2020 – índice de 6,04%.

A inflação nesse grupo foi impulsionada pelo aumento nos preços do Ensino Fundamental (11,47%), do Ensino Médio (10,15%) e dos cursos regulares (7,25%), uma vez que fevereiro é época de início do ano letivo.

Na sequência, a maior variação ocorreu no grupo de saúde e cuidados pessoais (1,27%), influenciado, principalmente, pela alta de 2,86% dos itens de higiene pessoal. Os perfumes tiveram alta de 5,81%, os preços dos produtos para pele subiram 5,39%, e o plano de saúde, 1,12%.

Despesas pessoais tiveram variação de 0,73%, com o aumento nos preços de cinema, teatro e concertos (3,81%), serviços de higiene para animais (2,86%) e brinquedos (2,54%).

O grupo transportes registrou aumento de 0,25%, puxado pela alta nos preços da gasolina (1,57%), de emplacamento e licença (1,27%) e de automóveis novos (0,3%). Por outro lado, houve queda nos preços de passagens aéreas (-13,84%) e automóveis usados (-0,62%).

Saiba: A inflação de fevereiro em Campo Grande é a terceira menor entre as capitais do País, ganhando apenas de Rio Branco (AC) e Brasília (DF). No ano, a inflação da Capital acumula alta de 1,15% e, nos últimos 12 meses, de 4,61%. No Brasil, o IPCA foi de 0,84% em fevereiro. No ano, acumula alta de 1,37% e, nos últimos 12 meses, de 5,60%.

Via Correio do Estado MS

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