Marco abre Temporada de Exposições com instalações, pintura e esculturas em 4 mostras
7:50 18/09/2017
[Via Portal do MS]
Apresentando diferentes técnicas de quatro conceituados artistas, o Museu de Arte Contemporânea (Marco), da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), abre no dia 27 de setembro, às 19h, a 3ª Temporada de Exposições com as mostras “O Centro é Azul”, de Erika Malzoni (Itapetininga-SP), “Bicho de corpo mole mas de pele boa”, de Genivaldo Amorim (Valinhos-SP), “Eu com meus botões”, de Sônia Corrêa (Aquidauana) e “Sonho de consumo e pesadelo”, de Walter Lambert (São Paulo). A entrada é franca.
Na instalação “O Centro é Azul”, Erika Malzoni retira as coisas do mundo de suas funções originais e dá a elas novo circuito e, assim, significados variados. Uma estratégia presente nas artes e um recurso bastante utilizado pelos artistas que subvertem práticas, hábitos e modos de ver e estar com a realidade.
Em suas obras, a artista abre diálogos não mecânicos com objetos simples como gravatas, sacos plásticos, redes, notas fiscais, tecidos, molduras esquecidas na história. A partir deles, vamos aprendendo a deixar o sentido das coisas em aberto, que é justamente o que torna viáveis novas relações com o mundo e, em perspectiva, a própria ideia de arte.
Uma coleção de bandeirolas em tons azuis variados são também sacolas plásticas. O rio Aqueronte, que margeia o inferno de Dante, é todo feito de gravatas. Os galões de água secos são mini esculturas de tempos em que a crise hídrica assolava a cidade. Uma moldura antiga de Di Cavalcanti coberta por uma rede não é mais uma simples moldura antiga.
“Bicho de corpo mole, mas de pele boa”, instalação de Genivaldo Amorim, reúne diversos objetos feitos de tecido vermelho que se encontram suspensos. O corpo, que se manifesta nas obras do artista em desenhos, pinturas, esculturas e instalações, atinge nesta mostra a camada da pele, das suas utilidades, das formas e visualidades e que sugerem infinitos significados da cor: Sangue? Amor? Violência?
A obra, que começou com apenas três peças em 2007, em uma exposição coletiva em Vinhedo (SP), retornou em 2015 na National Art Gallery, na Namíbia com mais unidades.
Para além das camadas do significado, a pele do bicho se “presentifica” diante de um incômodo ético do artista com o universo da arte. Ao final de cada exposição, as peles vermelhas feitas de tecido são reconstruídas em objetos e roupas para o uso cotidiano, na tentativa de torná-la mais acessível ao público. Fugindo de um utilitarismo, a pele boa ganha um ressignificado que faz o objeto artístico circular fora de seu circuito estabelecido e fechado da arte. Se o corpo do bicho era mole, agora com a pele boa ela se sustenta.
Em pinturas, assemblagem e esculturas, a artista Sônia Corrêa apresenta em “Eu com meus botões” 17 obras que insinuam a trajetória histórica de transformação daquilo que conhecemos como botão. A principal técnica empregada nos quadros é a de pintura óleo sobre tela, com aplicação em osso e chifre. As cores vão de intensas e multicores à tons pastel.
O tema vai levantando cenas e referências com senso de humor e liberdade, atingindo uma precisão estética na diversidade. Ao se referir a este objeto meio esquecido, meio o tempo todo conosco, propõe também um estudo comparativo do humano que costurava nas roupas botões representantes de seu prestígio e o que clica ícones num ambiente virtual.
De peça decorativa (símbolo de status) à utilitário recurso na fabricação de roupas, de lembrança do broto jovem ao corpo esférico onde o escrito eject cospe o cd para fora, o botão representou vários conteúdos e funções na história da humanidade até agora. E a mostra convida o público a explorar estas conexões.
“Sonho de consumo e pesadelo”, instalação de Walter Lambert, expõe com um olhar tridimensional a noção de rede e de contatos através das tecnologias. O artista propõe uma reflexão da contemporaneidade em uma poética própria. A reapropriação de descartes tecnológicos como forma de evidenciar o tempo atual e o reuso do tempo, dos valores, dos materiais e principalmente do consumo.
Lambert traz à tona mais uma vez a esmagadora obsolescência tecnológica. Bem como as paixões de uma noite de verão, a sucata tecnológica torna-se novamente um objeto de desejo. A luta pelo reuso pode demonstrar forças ainda incompreendidas nos feitiços de um artista.
As tecnologias que alimentam as novidades também trazem questionamentos, não apenas de consumo, mas sociais. As redes que fortalecem as relações e encurtam distâncias são as mesmas que se tornam obstáculos pelo peso do tempo. As gerações encantam e criam novos interesses, novas seduções e as descartam sem maiores pudores.
A 3ª Temporada de Exposições 2017 do Museu de Arte Contemporânea estará aberta à visitação de terça à sexta-feira, das 7h30 às 17h30. Sábado, domingo e feriados das 14h às 18h. As mostras permanecem no Marco até o dia 26 de novembro. Sempre com entrada franca.
Para mais informações e agendamento com escolas para a realização de visitas mediadas com as arte educadoras do Programa Educativo, basta ligar no telefone (67) 3326-7449. O Museu de Arte Contemporânea fica na rua Antônio Maria Coelho, 6000, no Parque das Nações Indígenas. Visite o site, a página no facebook ou envie e-mail: marco@fcms.ms.gov.br.
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