Marun nega que Segovia tenha caído devido a polêmicas no governo
10:35 28/02/2018
[Via Midiamax]
A permanência de Segovia à frente da direção-geral da Polícia Federal era insustentável. A polêmica declaração de que a investigação contra Temer fosse arquivada, e a proibição pela Justiça de dar declarações, o limaram junto ao governo. “Não dá para ter um diretor que a Justiça manda calar a boca toda hora. Ele se dedicou mais aos holofotes do que ao trabalho discreto que se espera de um diretor-geral”, disse um interlocutor do governo.
No entanto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, nega que Segovia tenha caído devido às polêmicas. O responsável pela articulação política com o Congresso Nacional destaca que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, tem liberdade para montar a própria equipe. “Ele está escolhendo as peças que considera mais adequadas para levar a frente este trabalho que consideramos absolutamente importante neste momento crítico e importante da segurança nacional”, frisou.
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Boudens, a substituição no comando da PF é uma clara opção de Jungmann, que deseja colocar alguém de confiança. Ele admite, no entanto, que Segovia acumulou situações constrangedoras. “Foi um acúmulo de situações muito ruins”, ponderou. Com a troca, ele espera que a situação de disposição e constrangimento seja estancado na gestão da PF. “Que isso gere uma tranquilidade maior para os investigadores. Acho que é uma situação que nos beneficia”, avaliou.
A Fenapef destaca, ainda, que Galloro terá total apoio dos policiais federais para ocupar a função. E avalia que o novo diretor-geral tem um perfil que pode favorecê-lo sob a gestão de Jungmann. “Ele tem um perfil operacional, discreto, e tem bom relacionamento com os servidores do órgão. Tem se destacado pela dedicação nos setores onde foi lotado. É reconhecido pelos colegas como um nome qualificado para desempenhar as importantes atribuições da função”, ressaltou Boudens.
Exoneração
Raul Jungmann anunciou, nesta terça-feira (27/2), a exoneração de Fernando Segovia da Direção-Geral da Polícia Federal. Ele será substituído pelo delegado Rogério Galloro.
No último dia 9, Segovia concedeu uma entrevista à agência Reuters e afirmou que a tendência era que a investigação contra o presidente Michel Temer no caso do Decreto dos Portos fosse arquivada. Segundo Segovia, não existiam elementos que confirmassem o pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente.
Desde então, Segovia lidava com a pressão para deixar o cargo. O ex-diretor chegou a ser intimado a prestar esclarecimentos pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). Nesta segunda-feira (26/2), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu à Corte que, por meio de uma ordem judicial, impedisse Segovia de fazer declarações sobre inquéritos em curso, sob pena de perda do cargo em caso de descumprimento.
Comente esta notícia
compartilhar