Meio Ambiente

Meses de junho e julho não registraram incêndios criminosos no Pantanal conforme Ministério Público

Circuito MS

8:05 30/07/2024

Imagens monitoradas por satélite mostram que chamas se concentraram em Porto Murtinho, Corumbá e Aquidauana

Relatório divulgado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) nesta segunda-feira (29), revela que os incêndios registrados no Pantanal entre os dias 24 de junho de 15 de julho não foram criminosos. Segundo o documento, todos desse período foram identificados por imagens de satélite e vistoriados em menos de uma semana.

Além dos nove incêndios iniciados no período mencionado, foram vistoriados mais quatro de períodos anteriores que não haviam sido relatados anteriormente porque não ultrapassaram os limites das propriedades onde ocorreram, sendo oito em Corumbá, um em Aquidauana e cinco em Porto Murtinho.

Dos 14 pontos de ignição, que nada mais é do que a temperatura mínima em que ocorre uma combustão sem uma fonte externa, 13 foram em propriedades rurais, com relatórios enviados para as Promotorias de Justiça apurarem a responsabilidade civil.

Detalhes das vistorias

A pesquisa que faz parte do “Programa Pantanal em Alerta” em parceria com a PMA (Polícia Militar Ambiental) mostra que um ponto de incêndio foi detectado em terra indígena, e o caso foi encaminhado para o Ministério Público Federal, para análise.

No mapeamento, não foram registrados polígnos de ignição em áreas queimadas próximas a desmatamentos recentes e nem em áreas de preservação ambiental, públicas ou privadas.

Os dados, coletados pelo CAOMA (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente), revelam que diante da situação não é possível afirmar uma correlação direta entre os incêndios e o desmatamento ou a criação de unidades de conservação.

No entanto, em todos os casos, ainda há possibilidade de identificar as causas e eventuais responsáveis por outros meios de investigação, como perícias e provas testemunhais. Este trabalho de investigação ficará a cargo dos Promotores de Justiça responsáveis.

Milhares de hectares em chamas 

Dados do MapBiomas mostram que a região pantaneira contabiliza desde o início do ano mais de 830 mil hectares de áreas destruídas por conta das chamas, o que equivale a 79% do total do bioma. 

Uma das áreas mais afetadas pelo fogo no Pantanal em 2024 foi nas proximidades da cidade de Corumbá, com 299 mil hectares queimados apenas em junho. Nos seis primeiros meses do ano, a área queimada no bioma aumentou 529%.

Foram 394 mil hectares a mais em comparação à média histórica dos cinco anos anteriores. Em junho 1,1 milhão de hectares foram queimados no país – número 103% maior do que o mesmo período do ano passado (560 mil hectares a mais).

Desse total, 81% da área queimada foi em vegetação nativa – a maioria em formação campestre (46%). Nas áreas de uso agropecuário, 11% das áreas atingidas pelas chamas em junho foram em pastagens. Os estados brasileiros que mais queimaram nesse mês foram:

  • Mato Grosso do Sul (369 mil hectares); 
  • Tocantins (229 mil hectares);
  • Mato Grosso (202 mil hectares); 
  • Destaque para os municípios de Corumbá (MS), Tangará da Serra (MT), e Porto Murtinho (MS).

Calor e Seca: combo perfeito para focos de incêndio

As altas temperaturas aliadas à seca intensa e fortes ventos contribuem para a intensificação dos focos de incêndios florestais no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Situação que levou as equipes do Corpo de Bombeiros à região para fazer o controle e extinção das chamas, que até semana passada estavam concentradas na Bolívia.

Devido a situação do clima, o fogo acabou passando para o território brasileiro na área próxima a Serra do Amolar e as guarnições estão em deslocamento aéreo, pois o local é de difícil acesso.

A base avançada mais próxima é a do São Lourenço, que está aproximadamente 70 km de distância pelo rio Paraguai. Na semana passada a equipe esteve na área e vistoriou presencialmente o local, que já conta com a atuação da equipe da Brigada Alto Pantanal, mantida pelo IHP (Instituto Homem Pantaneiro).

O trabalho também continua direcionado a quatro focos de incêndio ativos localizados na região do Porto da Manga, na área de adestramento do Rabicho, nas proximidades das fazendas Tupaceretã e Santa Sofia – ambas localizadas na região da Nhecolândia.

Além das regiões onde são realizados os combates, outras áreas permanecem sob alerta e monitoramento na região do Forte Coimbra, em Porto Murtinho e próximo a Rio Verde.

Calor intenso

Ontem (28), a temperatura atingiu picos de 35°C, enquanto as rajadas de vento chegaram a 43 km/h. A ausência de chuva, combinada com a baixa umidade relativa do ar que se mantém em apenas 20%, criou ambiente propício para a propagação rápida do fogo.

As ações de combate aos incêndios florestais envolvem uma série de estratégias coordenadas, a partir da detecção e resposta rápida, até o emprego de técnicas de contenção e extinção das chamas. Equipes de bombeiros militares, brigadistas e voluntários enfrentam desafios complexos em terrenos diversos, adaptando suas abordagens conforme as condições encontradas.

Via Correio do Estado MS

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