Saúde

Mosquitos com Wolbachia barram alta de casos de dengue

Circuito MS

13:15 02/05/2022

De janeiro a abril deste ano, já foram notificados 6.484 casos da doença em todo o MS; desses, 739 são na Capital, o que representa 11,3% do total

Os 32 milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia soltos em Campo Grande já impactam na incidência da dengue no município, conforme o coronel e assessor militar da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Marcello Fraiha.

Em um recorte mais preciso, é possível notar que, na contramão das cidades do interior de Mato Grosso do Sul, a proliferação do Aedes aegypti está caminhando de forma mais lenta na Capital.

De janeiro a abril deste ano, já foram notificados 6.484 casos de dengue em MS, sendo 739 em Campo Grande, por volta de 11,3% do total. Apesar de mais 4.132 registros da doença serem computados em MS entre 23 de março e 27 de abril, apenas 6,4% pertenciam à Capital, cerca de 265 notificações.

“Certamente o mosquito com a bactéria Wolbachia influencia no impacto da [não] elevação da incidência de casos de dengue em Campo Grande. O projeto está ocorrendo com as solturas [dos wolbitos], e isso está nos ajudando muito”, pontuou Fraiha.

Segundo o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, comprovada a eficácia do projeto, o objetivo agora é expandir a iniciativa para outras cidades do Estado que também sofrem com as doenças ligadas ao Aedes aegypti.

Por ora, o município de maior incidência da doença é São Gabriel do Oeste, com pelo menos 598 casos prováveis, valor considerado extremamente alto para uma população de 27,2 mil habitantes.

HISTÓRICO

A biofábrica de mosquitos com Wolbachia no Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS), em Campo Grande, está em funcionamento desde dezembro de 2020.

Quando presente nos mosquitos Aedes aegypti, a bactéria Wolbachia impede que os vírus da dengue, da zika, da chikungunya e da febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para a redução dessas doenças.

A implementação do Projeto Wolbachia na Capital é uma parceria entre a prefeitura, a SES, o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o World Mosquito Program (WMP). A previsão é de que o método wolbachia seja implementado em toda a área urbana da Capital em cerca de três anos.

Conforme o titular da SES, quando as primeiras quatro fases forem concluídas, que consistem na distribuição dos mosquitos nos bairros e no monitoramento dos resultados, terá início a quinta fase, com engajamento comunitário envolvendo 21 bairros, principalmente na região central da Capital.

As ações da fase cinco estão previstas para serem iniciadas entre o fim de junho e o começo de julho deste ano.

MÉTODO

Para a produção de Aedes aegypti com Wolbachia em Campo Grande, inicialmente foram coletados mosquitos na cidade por meio de ovitrampas, que são armadilhas que coletam ovos.

Esse material foi enviado à sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde foi criada uma colônia para cruzamento com mosquitos contendo a Wolbachia.

Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com os insetos de campo. Esse método contribui para que uma nova geração de mosquitos com a bactéria seja criada, o que impede a proliferação das doenças endêmicas.

Não há modificação genética no método, que funciona como uma medida complementar às ações de combate ao mosquito Aedes aegypti que já acontecem em Campo Grande.

O gestor da WMP, Gabriel Sylvestre, explicou que a biofábrica da Capital funciona como um berçário para os mosquitos encaminhados pela Fiocruz do Rio de Janeiro.

“Nós recebemos ovos vindos do Rio de Janeiro, onde há uma central de produção de ovos, e, após eles eclodirem, criamos os mosquitos com Wolbachia”, relatou Gabriel.

Após essa fase, os insetos são alocados em dispositivos de soltura. A estimativa de produção semanal da biofábrica é de cerca de um milhão e meio de mosquitos com a bactéria presente. As liberações de mosquitos com Wolbachia ocorrerão em seis fases em Campo Grande.

Via Correio do Estado MS

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