Motoristas admitem: só obedecem velocidade com medo de multa
17:50 25/09/2018
[Via Campo Grande News]
No encerramento da Semana Nacional do Trânsito, o motorista campo-grandense é unânime em dizer que apesar de saber das regras e limites de velocidade de 50 km/h das vias, só respeita porque a multa dói no bolso. Sem radar há dois anos, multas por velocidade caíram mais de 40x.
As multas por excesso de velocidade reduziram absurdamente em Campo Grande depois que os radares de controle de velocidade do município foram desativados em 2016, no entanto, a diminuição das infrações é inversamente proporcional ao aumento de acidentes e mortes de trânsito durante os anos. Na Semana Nacional de Trânsito, a esperança é que dispositivo seja reativado.
“São vidas que deixam de ser preservadas e acidentes que geram consequências permanentes. Sem o radar, o motorista perdeu aquela cultura que já tinha desenvolvido de andar na velocidade de segurança, com a retirada, a sensação de impunidade voltou”, comentou Ivanise.
Para o autônomo Gabriel Souza, 23, a campanha é necessária pois, apesar dos motoristas saberem dos limites, só respeitam quando há fiscalização e porque ela gera uma consequência. “O pessoal só respeita porque tem medo. O brasileiro é movido à base da dor e do bolso”.
“Isso não significa que temos um trânsito seguro, muito ao contrário, aumentaram os acidentes e os acidentes com morte. Durante todo 2017 nós tivemos 70 mortes no trânsito, só neste ano até agora já foram 56. Nossa expectativa é que ninguém mais morra este ano, é o nosso objetivo”, ressaltou Ivanise.
O raciocínio se repete entre os entrevistados. O vendedor Júlio Barbosa, 34, por exemplo, conta que aprendeu sobre os limites de velocidade das vias da Capital na auto escola e que a Campanha é válida para lembrar os condutores sobre as regras, mas não acredita que elas sejam seguidas apenas por educação.
“Nos horários de pico, como no início da manhã, quando as pessoas estão indo para o trabalho e no final da tarde quando estão voltando, ninguém respeita nenhum limite, só onde sabe que tem fiscalização. Essas campanhas são muito importantes, mas a verdade é que todo mundo já sabe o que fazer e faz errado porque quer”, observa a administradora Luciane Rocha, 40.
Atividades – De acordo com a chefe da Divisão de Educação para Trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Ivanise Rotta, durante a semana foram realizadas diversos trabalhos de educação e conscientização para várias idades, no entanto, para a Ivanise, a educação é um reforço positivo para quem já faz o certo, não para quem faz o errado.
“Não acredito que as pessoas respeitem por conta da multa, se você olhar para um motorista com um carro que custa R$ 200 mil, a multa para ele não é alta e não dói tanto e a maioria dos condutores multados são reincidentes e tem várias multas”, pontou.
Ivanise Rotta ressalta que só neste ano, 56 pessoas já morreram no trânsito decorrente do excesso de velocidade, principal causa de mortes nas vias da Capital. “Infelizmente ainda precisa de fiscalização nas ruas, o ideal seria não multar, mas ainda assim acredito que a maioria das pessoas respeitam se não teríamos um trânsito caótico”, concluiu.
Para a professora Juliana Peralta, 31 anos e o aposentado Nivaldo da Silva, 66, andar nos limites das vias é ser precavido e evitar acidentes. “Se você anda no limite, quando acontece algum imprevisto, você tem tempo para frear e evitar um acidente”.
A campanha deste ano tem como o tema “Nós somos o trânsito” e alerta sobre o perigo do abuso da velocidade.
Comente esta notícia
compartilhar