MS associa vaga de emprego aos estudos e reduz abandono
18:12 05/02/2024
Parceria com a Funtrab encaminha jovem com idade para trabalhar para cargo, mas medida está associada à permanência do estudante em instituição de ensino
Mato Grosso do Sul conseguiu reduzir ainda mais o abandono escolar no Ensino Médio no ano passado. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Educação (SED), em 2023 o índice de abandono escolar foi de 1,63%, contra 2,19% em 2022.
Esse número é baseado em um universo de cerca de 85 mil estudantes da Rede Estadual de Ensino (REE) que estão em uma das três séries que compõem o Ensino Médio.
De acordo com o secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, são várias as medidas que podem explicar essa redução, porém, um dos destaques é a parceria entre a SED e a Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab).
“Os estudantes que estão em idade de trabalhar e que têm esse interesse nós encaminhamos para a Funtrab, para serem encaixados em uma vaga de emprego, mas isso associado à permanência na escola, ou seja, eles só podem ser indicados para a vaga se continuarem estudando”, explicou Daher.
O secretário também afirma que a flexibilização de horários para esses estudantes também tem surtido efeito positivo.
“Se ele conseguir um trabalho de manhã, passamos para a turma da tarde; se for à tarde, colocamos ele à noite. Nosso foco é que esse aluno não deixe a escola”, salientou, explicando também que o número de turmas noturnas aumentou nos últimos anos para atender os alunos que têm emprego.
Outro ponto que contribuiu, segundo o secretário, foram os cursos técnicos oferecidos dentro da carga horária do novo Ensino Médio para os estudantes que optam pelo ensino técnico.
Hélio Daher afirma que a SED trabalhou com o mercado de empregos para saber quais as habilidades eram buscadas pelo mercado de trabalho em um profissional.
“Não faz sentido abrir cursos que não geram emprego, então tivemos essa preocupação”, disse Daher.
No Estado, entre as opções de cursos, a SED oferece vagas para técnico em segurança do trabalho, técnico em agropecuária, técnico em veterinária, técnico em podologia, técnico em enfermagem, técnico em agropecuária e técnico em radiologia.
PANDEMIA
A redução do abandono escolar no ano passado já havia sido registrada em 2022. Naquele ano, que marcou o retorno ao ensino presencial após a pandemia da Covid-19 obrigar os alunos a estudarem remotamente, houve uma queda porcentual em comparação com 2019, último ano com ensino presencial até então.
Enquanto, em 2022, o porcentual foi de 2,19% de abando, em 2019, chegou a 4,3%. Em 2020 e 2021, quando o ensino foi remoto, a SED afirma que o abandono foi de cerca de 1%, porém, esse porcentual foi contabilizado de forma diferentes da dos outros anos, por conta da pandemia.
“Tivemos um avanço muito grande, conseguimos superar a queda depois da pandemia, que foi quando a gente tinha muito medo desse abandono, e conseguimos reduzir, ainda assim. Fizemos uma grande busca ativa pelos alunos que faltavam durante a pandemia. Ligávamos para os pais e, se não atendiam, já acionávamos o Conselho Tutelar e o Ministério Público, com o intuito de achar esse aluno e fazer ele retornar”, contou o secretário.
“Então, foi uma série de ações que fizemos ao longo desses anos para conseguir esse resultado. Além da busca ativa, melhorar a infraestrutura das escolas também é importante. Temos 65 escolas reformadas prontas para serem entregues e mais 125 em reforma”, completou Hélio Daher.
PROGRAMA DA UNIÃO
No mês passado, o governo federal criou o programa Pé-de-Meia, com o intuito de distribuir bolsas a estudantes de baixa renda do Ensino Médio para que eles permaneçam na escola.
Conforme o programa, por ano, o estudante receberá R$ 2 mil, dividido em 10 parcelas, sendo uma quando o aluno se matricular, no início do ano.
As parcelas mensais estão vinculadas à frequência do estudante, que deve ter taxa de comparecimento acima de 80%.
Além das parcelas mensais, haverá também um bônus, que pode chegar a R$ 3 mil, mas que só poderá ser sacado ao fim do Ensino Médio (R$ 1 mil por ano, se não houver reprovação). Se o aluno fizer o Enem ao fim do 3º ano, receberá mais R$ 200, em parcela única.
Para o titular da SED, além das ações do governo do Estado, a medida do governo federal também deve colaborar para MS tenha nova queda no índice de abandono escolar.
“Se todo mundo se ajudar, menos estudantes vão deixar a escola. Aqui já fazemos isso, temos ajuda de muitos prefeitos, e espero que esse programa do governo federal seja mais uma ferramenta”, finalizou Daher.
Via Correio do Estado MS
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