Cultura

Na noite da poesia, temas de feminicídio e consciência negra ganham destaque

Circuito MS

8:50 26/10/2019

[Via Campo Grande News]

Na 31ª Noite da Poesia, temas como feminicídio e consciência negra ganharam destaque em Campo Grande. Os poemas “Mataram Tereza” e “Mãe Preta” foram apresentados ontem no Teatro Glauce Rocha e chamaram atenção pela crítica social.

“Mataram Tereza. Tanto que sonhar nesse desassossego da vida. Tanto que escavar no deserto das possibilidades… mataram Tereza. Oh minha deusa. Tanto que desmantelar na prisões dos desejos, tanto que imaginar emboscadas noturnas, visões, nauseabundas e mataram Tereza….Tanto que quebrar correntes, juntar os cacos, resgatar as crenças, reaver essência, mas Tereza jaz. A fome de vida interrompida antes de ser saciada, Tereza Jaz”, declamou Eva Vilma Souza Barbosa.

O poema levou o segundo lugar na categoria estadual. A autora é professora e levou dois dias para preparar o trabalho. “A inspiração veio da nossa realidade, com casos de feminicídio aumentando. Não gostaria de escrever sobre a temática, mas precisamos falar disso”, afirmou. “Me sinto responsável por transformar a sociedade através da poesia”.

Eva Vilma Souza Barbosa recitando a obra Mataram Tereza (Foto: Alana Portela)Eva Vilma Souza Barbosa recitando a obra “Mataram Tereza” (Foto: Alana Portela)

Aloizio de Oliveira declamou o poema Mães Pretas(Foto: Alana Portela)Aloizio de Oliveira declamou o poema “Mães Pretas”(Foto: Alana Portela)

O 1º lugar da categoria estadual foi para o poema “Canção pra Mim Esmo”, de Fábio Fernandes Gondin, enquanto a “Noiva Morena do Cerrado” da autora Walesca de Araújo Cassundé” ficou na 3º colocação.

Ontem ainda, o evento premiou as melhores poesias nacionais classificados por mérito literário. A vencedora foi “O Exílio, a Cruz e o Gado”, de Nicoly Valasca dos Santos –SP e a 2ª colocação foi “Mães Pretas”, de Leandro Mendes – MA, mas declamado morador da Capital, Aloizio de Oliveira.

“Trata de uma descriminação da raça. O que mais destrói a mãe negra é saber que os filhos pretos vão continuar pobres. Enquanto uma dúzia estuda, outras três continuam levando bala perdida. É uma realidade”, disse Aloizio.

O poema chamou atenção do público. “Achei interessante a poesia, as metáforas que usou”, disse o estudante Daniel Carballo, 19 anos. Ele é estudante e comentou que a poesia e a história estão relacionadas. “A primeira ‘poesia’ foi a Carta de Pero Vaz de Caminha, primeira literatura brasileira no início de 1500. A poesia faz uma reflexão na sociedade, o que transforma mesmo é ação”, afirmou.

O estudante Daniel Carballo foi assistir as apresentações ao lado da amiga, Luana (Foto: Alana Portela)O estudante Daniel Carballo foi assistir as apresentações ao lado da amiga, Luana (Foto: Alana Portela)

O evento contou com música e poesia (Foto: Alana Portela)O evento contou com música e poesia (Foto: Alana Portela)

“O poema ‘Mães Pretas’ me tocou porque fala da violência nas comunidades negras e como isso afeta. Acredito que qualquer tipo de arte é importante, porque a gente consegue tocar as pessoas, indepentende de opinião política, gênero”, afirma Eva Camila Silva da Cruz, 26 anos.

Ela também é estuante, foi prestigiar a noite da poesia e conheceu de perto o palestrante Eduardo Bueno. “Soube que ele estaria aqui e como já sigo ele, vim. Assisti as apresentações desde o começo e penso que é uma oportunidade porque a cidade é carente de poesia e de figuras que abram esse tipo de debate”, destacou.

O terceiro lugar nacional para o poema “Olivette Verde”, de Josiane da Silva Ferreira Althaus – AP. O evento contou com a palestra do escritor e jornalista, Eduardo Bueno, que lembrou da história do país, dos clichês e poemas. No evento ainda teve apresentação de poemas com música.

 

Na noite da poesia, temas de feminicídio e consciência negra ganham destaque

Comente esta notícia