Campo Grande

No entorno do Hotel Campo Grande, 60% ganham no máximo R$ 2,9 mil

Circuito MS

13:20 03/09/2019

[Via Campo Grande News]

São semelhantes rejeitando semelhantes. Foi o recado dado pelo diretor-presidente da Emha (Empresa Municipal de Habitação), Enéas José de Carvalho Neto, em nota pública distribuída nesta manhã. Ele esteve na Câmara dos Vereadores para defender o projeto de transformação do Hotel Campo Grande, fechado desde 2001, em condomínio popular, quando apresentou dado mostrando renda de no máximo três salários mínimos, ou R$ 2,9 mil, para 57% das pessoas num raio de 500 metros do prédio. Se forem consideradas as pessoas sem renda, esse percentual sobe para 60%.

Quando o limite a renda é de até cinco salários mínimos, R$ 4,9 mil, atinge 77% da população da região, conforme o presidente da Emha. De acordo com ele, o levantamento foi feito pelo Planurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano), com base em dados do censo 2010.

A análise é uma resposta a frases ouvidas desde a divulgação do projeto, citadas por Énas no texto, tais como “Ah, mas vai virar POMBAL!!!”, “Não quero favelado como vizinho!!!”.

Citando uma expressão repetida algumas vezes pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD) ao comentar as críticas negativas, o presidente da Emha chama de “pobres de espírito” quem se manifesta dessa forma. “Utilizam de um preconceito para falar de seus próprios vizinhos”, completa. Pela proposta encaminhada ao governo federal, o público alvo é justamente de famílias com renda até três salários mínimos.

O texto relembra a tragédia do Edifício Wilson Paes de Almeida, “aquele que incendiou e desabou no Largo do Paissandu em São Paulo, deixando 7 mortos e 2 desaparecidos”, em maio de 2018. “Campo Grande ainda não teve tragédia dessa magnitude, mas acham que se o poder público não intervir, algo semelhante poderia acontecer no Hotel Campo grande???”, indaga.

Sobre as inúmeras dúvidas levantadas em torno da proposta, a resposta é que a primeira etapa é a viabilização dos recursos. “Paralelamente a isso, trabalharemos junto aos agentes competentes, com o Plano Local de Habitação de Interesse Social, onde estruturaremos todo o programa de locação e seus regramentos”, diz Enéas.

Além desse aspecto, na ida a Câmara, ele também procurou desfazer o argumento de que ficaria mais caro o projeto do hotel do que construir casas em bairros mais afastados. O cálculo mostra que transformar os aposentos do hotel desativado em 117 apartamentos populares custará ao poder público cerca de R$ 127 mil e não os R$ 324 mil calculados somente com base na divisão dos R$ 38 milhões que a Prefeitura de Campo Grande busca em Brasília para viabilizar a proposta de ocupar o prédio na 13 de Maio pelo número de moradias previstas na proposta, em análise pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.

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