Número de novos empreendedores é o maior da última década em Mato Grosso do Sul
15:17 25/01/2021
Em 2020, foram 35.605 novos empresários no Estado; ao todo, são 158.658 MEIs ativos
Nos últimos 10 anos, o número de microempreendedores individuais (MEIs) em Mato Grosso do Sul decuplicou. Conforme dados do Portal do Empreendedor, o Estado contabilizava 158.658 empreendedores ativos no ano passado, ante 14.592 MEIs em 2010. São 144.066 empreendedores a mais no período.
Em 2020, foram registrados 35.605 novos microempresários, o maior número registrado na última década. Em 2019 foram 32.804 novos empreendedores e 26.573 no ano imediatamente anterior.
A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias, explica que o crescimento no número de empreendedores em Mato Grosso do Sul se deu pela necessidade de novas formas de renda e em decorrência do cenário de demissões causado pela pandemia da Covid-19.
“A pandemia influenciou diretamente na necessidade de empreender e ter novas opções de renda. O MEI passou a ser mais do que uma oportunidade de geração de emprego, muitas pessoas ficaram desempregadas e viram na pandemia uma oportunidade de mudança”.
“É muito natural que em momentos de crise ou de instabilidade econômica as pessoas busquem empreender para suprir a demanda, explorar questões de criatividade e encontrar oportunidades”, explica a economista.
O MEI é um regime tributário simplificado criado para incentivar e facilitar a formalização de pequenos negócios e trabalhadores autônomos, como vendedores, manicures, cabeleireiros e prestadores de serviços autônomos.
Segundo a analista do Sebrae-MS, Vanessa Schmidt, as facilidades que a condição oferece chamam a atenção do público, pois garantem direitos e benefícios para negócios pequenos, que antes não recebiam amparo.
“O MEI surgiu como uma alternativa para que as pessoas que trabalhavam no mercado informal, com nível de faturamento limitado, pudessem formalizar suas empresas de forma simples e se desenvolverem”, analisa Vanessa.
Daniela destaca que essa tendência de crescimento ainda deve se manter. “Temos observado que essa tendência de crescimento ainda deve se manter: todos os anos os índices são positivos de gente se formalizando e começando um negócio”, avalia.
EMPRESÁRIOS
De acordo com a analista do Sebrae-MS, os setores que mais abriram novas empresas foram: vestuário, cabeleireiro, manicure, promoção de vendas, lanchonetes, bares, restaurantes e serviços domésticos.
Há três anos, Karina Silva, 30 anos, decidiu começar a vender salgados para complementar a sua renda. Pouco tempo depois, graças à procura pelos seus serviços, inaugurou a sua própria casa de doces, a Pipa Gostosuras.
“Comecei vendendo salgados de R$ 1 para complementar a renda da casa, pois morava de aluguel. O pessoal começou a pedir bolo, até chegar ao ponto de viver mais da confeitaria do que do meu antigo serviço”, diz Karina.
“O que me levou a virar uma microempreendedora foi a complementação da renda, fui atrás do que era necessário para abrir um MEI e comecei a trabalhar por conta, percebi que os clientes gostavam do que eu fazia e comecei a crescer”.
Fiquei quase dois anos trabalhando em casa, depois abri minha primeira loja, o espaço ficou pequeno e transferi para um espaço maior, e continuamos crescendo”, conta a comerciante.
A cabeleireira Marluce Bueno, 46 anos, decidiu formalizar o trabalho que realizava durante o período de distanciamento social. Com o objetivo de se desenvolver no mercado da beleza, percebeu que teria mais condições de investir no ramo sendo formalizada.
“Sempre quis crescer e expandir. Durante a quarentena, pensei que essa poderia ser uma oportunidade. Com esse suporte, o meu negócio pode mudar. Por isso, fiz o MEI no fim do ano passado. Estou animada para este novo ano, espero que seja de muito trabalho”, destaca Marluce.
Quem também percebeu que a formalização poderia ser uma oportunidade de mudança foi a confeiteira Luciana Tavares, 42 anos. Em função da insatisfação no antigo emprego, Luciana resolveu dar um novo rumo à sua vida e abrir seu próprio negócio. Atualmente, ela é proprietária da loja Cravo & Canela, que vende bolos e tortas.
“Decidi largar tudo para viver de bolo, isso é o que eu gosto de fazer. Preparar bolos para mim funciona como uma terapia, por isso larguei meu trabalho como auxiliar administrativa e comecei o meu negócio. Eu comecei dentro da minha casa, conquistei meus clientes e um tempo depois abri a minha própria loja. Sou muito feliz e realizada com o que eu faço”, pontua.
VANTAGENS
Ao se tornar MEI, o trabalhador autônomo passa a ter um registro formal no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
Dessa forma, o empresário se legaliza e passa a ter alguns direitos. Porém, para ser um MEI é preciso cumprir requisitos, sendo eles: possuir faturamento anual de até R$ 81 mil; ter no máximo um empregado; e não ser sócio ou titular de outra empresa.
Com o registro, o microempreendedor pode ter CNPJ, emitir notas fiscais e ter acesso a direitos e benefícios previdenciários. Além disso, o limite de faturamento anual estabelecido pela Lei complementar Nº 155 é de R$ 81 mil por ano (R$ 6.750 por mês).
Apenas servidores, pensionistas, estrangeiros sem visto permanente e titulares de outras empresas não estão permitidos a se cadastrar no programa.
A economista Daniela Dias alerta que uma das principais falhas na abertura de uma microempresa é encarar o empreendimento apenas como uma fonte de renda, e não como um negócio que pode expandir.
“A gente percebe que muitas empresas não têm planejamento de longo prazo ou gestão de risco, o que é fundamental. A abertura do MEI funciona para formalização e garantia de alguns benefícios, mas para crescer, ter outras filiais e expandir é importante ter um planejamento adequado, até mesmo para momentos de crise”, explica a economista.
Daniela ainda destaca que o empreendedor deve determinar metas e ações e descobrir os pontos fortes e os pontos fracos da organização.
Via Correio do Estado
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