Oportunidade para quem quer produzir filmes sem pagar nada
15:44 09/12/2021
Análises do mercado cultural e atividades de formação marcam o terceiro ciclo do projeto Produção em Foco, que tem início nesta quinta-feira e é online.
De acordo com os dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgados no mês de abril, o setor cultural responde por 2,5% do Produto Interno Bruto nacional (PIB), participação que representa uma cifra de R$ 170 bilhões.
O PIB se constitui da soma de bens e serviços finais produzidos ao longo de um ano.
Segundo o IBGE, 44% dos trabalhadores da cultura são autônomos e não possuem renda fixa.
A Lei Aldir Blanc, que socorreu o segmento ante a crise provocada pela pandemia, teve os R$ 3 bilhões de sua primeira fase integralmente cobertos com recursos do Fundo Nacional da Cultura (FNC).
São números que demonstram a expressividade do setor e, ao mesmo tempo, a fragilidade de grande parte de seus profissionais, que precisam de acesso a informações e qualificação e de mobilização para conseguirem uma fatia maior do bolo, por meio de projetos com mais chances de retorno, e da valorização da atividade.
É nesta fresta – entre a riqueza gerada pela cultura, a irregularidade do empresariado na adesão às leis de incentivo e os alarmantes índices sociais que envolvem os trabalhadores do setor – que o projeto Produção em Foco tenta fazer a diferença com o seu terceiro ciclo.
A partir desta quinta-feira, em formato on-line e com inscrições gratuitas pelo site www.producaoemfoco.com.br.
DIALOGAR E PENSAR
Sob o tema geral do “Investimento à Cultura”, a jornada segue até domingo e pretende contemplar, com palestras e oficinas, produtores culturais, artistas, empresários, gestores públicos, estudantes e qualquer pessoa interessada em fazer uma imersão na área.
Quem abre o terceiro ciclo do Produção em Foco é o produtor e ativista cultural Marcio Caetano, do Ceará.
Nesta quinta-feira, com transmissão a partir das 19 horas, Caetano realiza uma palestra sobre o tema “Possibilidades de Diálogo entre Governo e Sociedade Civil para Construção e Manutenção de um Ecossistema Cultural”.
Sexta-feira será a vez da pesquisadora e produtora Isaíra Maria Garcia de Oliveira, de São Paulo, com a sua palestra “Pensando a Cultura como Eixo de Desenvolvimento Econômico Local e Regional”, a ser transmitida no mesmo horário.
“Cultura é muito mais do que teatro, museus e exposição de arte. Dentro desta área, a gente tem mais de 40 conceitos do que é isso, e há um que diz que ‘cultura é hábitos e costumes de um povo’ [sic!]”, afirma Isaíra Oliveira.
“E hábitos e costumes movimentam a economia. Por isso, na minha palestra, vou trazer dados de como a pandemia impactou toda uma cadeia e afetou a vida das pessoas direta ou indiretamente”, antecipa a pesquisadora, que também atua como docente em sala de aula.
“Pretendo abordar a cultura como um vetor econômico. A pandemia impactou a cultura e, consequentemente, a sociedade, já que pessoas ficaram doentes, depressivas, também por falta de cultura, contato social.”
“Enquanto milhares de empresas foram afetadas economicamente, e isso vai desde uma grande empresa televisiva até pequenas produtoras, companhias de teatro, etc.”, completa Isaíra.
CONHECER
Daniel Leão, também do Ceará, e Leonardo Hernandes, do Distrito Federal, foram escalados para as oficinas de sábado e domingo, cada uma com dois encontros. Leão é o responsável pela oficina “Captação de Recursos para projetos culturais”, que acontecerá das 9h às 12h.
Leonardo Hernandes coordenará as atividades da oficina “Mecanismos de Fomento – Linha Histórica e suas Aplicações”, das 14h às 17h.
São quatro nomes de bastante trânsito na área cultural, que atuam em diferentes regiões do País e são acostumados com o economês e as vicissitudes que precisam ser enfrentadas nos embates da cultura como negócio.
“Passamos pela questão da gestão cultural, no primeiro ciclo, e no segundo pontuamos a importância da formação de público.
Agora, vamos tratar do investimento na cultura, setor que atua na formação cognitiva do cidadão e que aquece a economia local e faz circular, seja pela compra de produtos de estabelecimentos comerciais ou na contratação de profissionais dos mais variados setores, a exemplo de costureiras, contadores e maquiadores”, destaca a produtora Julia Basso, idealizadora do Produção em Foco.
FAZER
O projeto é bancado por recursos do Fundo Municipal de Investimentos Culturais (Fmic) e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).
E tem por objetivo geral proporcionar capacitação na área cultural para fortalecer o segmento, estimulando o financiamento e a produção artística e cultural tanto em Mato Grosso do Sul quanto fora do Estado, com qualidade e, claro, democratização de acesso à população como um todo.
Por trás da meta, a pretensão é avançar no pensamento sobre a cultura no Brasil, buscando vê-la para além do entretenimento, como um setor que gera emprego e renda.
Como outros setores da economia, e ainda beneficia outros, como turismo, educação, saúde e segurança pública.
“A programação está bem completa, tanto para pensar no artista quanto no produtor individual e em toda uma cadeia que é fortalecida pelos projetos culturais.”
“Vamos tratar do financiamento da cultura pontuando o quanto as empresas deixam de ganhar quando elas não enxergam o potencial da arte dentro dos seus nichos de mercado, por isso será muito interessante se gestores dos setores público e privado participarem das nossas atividades, até para poder desmistificar essa questão do investimento”, provoca Julia Basso.
Produção em Foco
Terceiro Ciclo –
Investimento à Cultura
De 9 a 12 de dezembro –
quinta-feira a domingo
Inscrições e acompanhamento
on-line
www.producaoemfoco.com.br
Valor: grátis.
Dia 9/12 (quinta-feira)
Às 19h (de MS)
Palestra “Possibilidades de Diálogo entre Governo e Sociedade Civil para Construção e Manutenção de um Ecossistema Cultural”, com Marcio Caetano (CE).
Dia 10/12 (sexta-feira)
Às 19h (de MS)
Palestra “Pensando a Cultura como Eixo de Desenvolvimento Econômico Local e Regional”, com Isaíra Maria Garcia de Oliveira (SP).
Dias 11 e 12/12 (sábado e domingo)
Das 9h às 12h (de MS)
Oficina “Captação de Recursos para Projetos Culturais”, com Daniel Leão (CE).
Dias 11 e 12/12 (sábado e domingo)
Das 14h às 17h (de MS)
Oficina “Mecanismos de Fomento – Linha Histórica e suas Aplicações”, com Leonardo Hernandes (DF).
Via Correio do Estado
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